domingo, maio 31, 2009


Meu momento Sophia de Mello Breyner Andresen
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Amiúde, quando penso na ideia de sermos da terra e para ela voltarmos, lembro-me da poesia de Sophia bem como na de João de Barros. Em seus textos, geralmente, vemos o Eu-lírico fundir-se com a natureza, seja em paisagens de praia (mar/ areia/ vento), seja nos bichinhos aos quais Barros se refere... É uma teoria interessante esta de que nós nos espalharemos de volta à terra, e, por isso, são desnecessárias as cinzas dos crematórios...
Estudei os poemas da portuguesinha querida em 2007 (Nossa! E como voa o tempo!). Hoje, senti saudades dela, como volta e meia sinto, e me vejo recorrendo às prateleiras em busca de livros, ou em arquivos no computador...
Saudades de me sentir areia, vento, mar... de respirar estas palavras tão sábias e doces que, infelizmente, não vieram de mim. Lamento, como uma mãe adotiva... que lamenta não serem suas as filhas mais queridas. Embora agradeça à vida por alguém ter inventado tais poemas-filhos-adotivos para viveram dentro de mim...
...
As fontes
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Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser vivo e total,
À agitação do mundo irreal,
E calma subirei até às fontes.
Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.
Irei beber a luz e o amanhecer
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.
..

Sophia de M. B. Andresen.

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Em todos os jardins
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Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.
..Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.
..Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como num beijo.
.
Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.
...
Sophia de Mello Breyner Andresen.

sexta-feira, maio 29, 2009


À Mãe-Terra

É fácil sentir a energia da Mãe-Terra em lugares assim... Ela pulsa, vibra... e podemos perceber que fazemos parte deste enorme balé que é a força criadora da qual viemos... Somos da terra e para ela voltaremos. Gosto de me sentir turista, porque sei o quanto parecemos crianças, descobrindo novidades, olhos brilhando, páginas novas sendo viradas todas numa única respiração. Cabe tudo num momento apenas, durante a viagem do turista. Faísca curiosidade e desejo de nunca mais esquecer o que se vê.
Mudando de assunto... Sonhei com 3 pessoas fazendo reiki em mim. Vou tentar agendar uma hora com o reikiano que conheço. Meu estral está melhorzinho hoje. A TPM está baixando a poeira... E há 3 livros novinhos ali, me esperando para morar neles por alguns dias. Como foi difícil (e ainda está sendo) descobrir que a vida sempre esteve pulsando em mim, mesmo quando me anestesiava, só para não encarar que não vivia como sonhava. Desperdicei tempo, perdida na incosciência de que meu tempo é finito. Preciso fazer algo pra ser feliz... E só eu posso dar o primeiro passo. Isso assusta um pouco. Porque me dou conta de que estamos nas mãos dos nossos Acasos, e é este nosso único Destino.
Minhas boas vribrações à Terra. Meus pedidos de perdão pelas tristezas que causei às pessoas que amei, meus agradecimentos por estar viva ainda e ter a chance de deixar de ser "cega".
Mi*
"O essencial é invisível aos olhos. Só se vê bem com o coração" - Saint Exupéry.

quarta-feira, maio 27, 2009


Saudade de "As brumas"
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Da magia que preencheu meu coração nos dias de leitura...
Hoje, estou me sentindo muito, muito tristinha...
Mas tenho sorte de ter sempre alguém especial por perto, para me confortar e segurar a minha mão, enquanto os dias ruins ficam rodopiando como um furacão, levando-me dentro... devastando meus pensamentos. Digo... a saúde deles... Fui aos Correios, colocar os produtos que minha prima Carol me pediu... E ao banco fazer um depósito. À tarde, falei com a Ju, uma amiga da faculdade, por telefone. Falamos sobre Tristão & Isolda, Romeu e Julieta e Amor de perdição, do Camilo Castelo Branco.
Tenho me sentindo tão down, emocionalmente falando, que até tenho pensado em, algum dia, procurar um psicólogo para me ajudar. Porém... Dizem que eles nos falam apenas aquilo que já sabemos... Como escrevo no diário, sei que isso funciona como catárse pra mim, de modo que acabo meditando com mais calma, e vendo td o que preciso ver. Meu diário é meu psicológo. Mas... difícil é aceitar tudo o que a vida nos nega...E não aceitar isso é recusar a verdade que está diante de nós mesmos.
É este tipo de cegueira branca a que Saramago se refere no "Ensaio". Afinal, como diz ele no "Manual": "para que servem os olhos se não podes ver?". Por isso, considero-me cega... "cega que, vendo, não vê". E sofro muito por ser cega, por valorizar quem não me ama e magoar as pessoas que me querem bem, que me ajudaram... Mas enfim. Vim escrever para me acalmar um pouco. Para dar voz ao meu "não Eu". Saudades da Morgana: fada, bruxa, "mortal".
Mi*

terça-feira, maio 26, 2009

Imagem colhida do blog do meu querido amigo
Hudson#
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Mulher sem razão
(Adriana Calconhoto)
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Saia
Dessa vida de migalhas,
Desses homens que te tratam como um vento que passou.
Caia
Na realidade farda,
Olha bem na minha cara e confessa que gostou.
... Dos meus toques pra você mudar
Mulher sem razão
Ouve o teu homem
Ouve o teu coração,
Ao cair da tarde.
Pára
De fingir que não repara,
Nas verdades que eu te falo.
Dê um pouco de atenção
Parta pegue um avião.
Reparta
sonhar só não dá em nada, é uma festa na prisão.
Nosso tempo é bom e nem temos de montão
Deixa eu te levar então,pra onde eu sei que a gente vai brilhar
Mulher sem razão.
Ouve o teu homem.
Ouve o teu coração, batendo travado, por ninguém e
por nada na escuridão do quarto.
Ouve o teu coração ao cair da tarde
Ouve aquela canção que não toca no rádio.
...
P.S. Todos os dias, escuto esta música, mas só hoje me chamou a atenção.
A vida é assim... um belo dia, algo que sempre esteve ali parece ganhar vida e cor distintas.
Mi*

domingo, maio 24, 2009

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"De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.".
.....
Sophia De Mello Breyner Andresen.
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Marion Zimmer Bredly


O fim
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Já vai fazer uma semana que acabei de ler "As brumas".
Já disse que foi uma experiência deliciosa, mas não disse do vazio no coração quando a leitura chegou ao fim de verdade. Vazio mesmo.
Não sei dizer, até agora, se Morgana morre no final ou se ela volta realmente para a Ilha.
Senti-me muito triste em vê-la plantando as flores de Avalon no túmulo da Senhora do Lago. "Vendo" seu jeito de observar as meninas do convento, e como se pareciam com as donzelas de Avalon. Ali, percebi que Deus é de fato o mesmo, sempre. As pessoas que mudam a forma de vê-lo, de apreendê-lo. É Verdade!...
Ela percebeu a madre, tão generosa, parecer com Viviane, enquanto o som do sino tomava o lugar das harpas dos bardos Merlins...
Reconheceu, por fim, que nada poderia fazer mesmo diante das mudanças peculiares à realidade.
Ela acabou se tornando tão fanática pelo paganismo quanto os padres que odiava... Só no fim percebeu que a deusidade se disfarça com vários nomes e rostos. Disfarça? Não... se apresenta de acordo com os corações e identificações de cada povo, preenchendo as lacunas de determinado tempo. Respondendo, a seu modo, às perguntas de uma época. A Virgem Maria era a nova face da Deusa que ela tanto adorava. A Mãe-Terra, fértil e generosa.

...
Não nego. Já morro de saudades destes personagens com os quais convivi durante um mês, no outono de 2009, quando estou à beira dos meus 29 anos.
Foi um presente que dei a mim poder realizar esta leitura...
Decerto, um dia, voltarei a visitar este livro. Àquelas páginas em que Morgana se perde na floresta, no reino das fadas onde o tempo não passa. Voltar aos momentos textuais em que vive o Amor, vendo-o, em seguida, ir embora de uma forma ou de outra.
Acho que a lição que posso tirar enquanto leitora é mesmo a de que "Todos os deuses são um só", como repetiu demasiadas vezes os Merlins e Viviane, os mais sábios da história. É como se a história do livro estivesse impregnada em mim. Levando-me a pensar que nunca mais serei exatamente a mesma depois de ter vivido, indiretamente (claro!), toda a magia que os personagens viveram.

Mi*
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"Ser Mãe é assumir de Deus o dom da criação,
da doação e do amor incondicional.
Ser mãe é encarnar a divindade na Terra".

domingo, maio 17, 2009


"Viçosa e pálida como a manhã" - As brumas de Avalon.


Sonhei contigo novamente
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Nem preciso dizer o quanto foi bom ver-te.
Já havia algum tempo em que não nos encontrávamos em sonhos e, quando me visitas assim, tudo parece mais real do que a própria realidade. Abracei-te forte, muito forte. Acordei e voltei a encontrar-te novamente. E, desta vez, foste tu quem me abraçaste com a força que me negou inicialmente. Foi sonho... pena... Mas foi bom voltar a ver-te.

***

Nada de "As brumas" por hoje.
Pela primeira vez, em um mês visitando esta obra, me senti entediada com a leitura. Os cavaleiros sairam à procura do Graal e a corte de Artur está vazia. Morgana envelhece em Avalon enquanto se rende à realidade de que Todos os Deuses são Um, e que o deus da vez era o cristão... Como aquele poemaem que Pessoa fala que Jesus, afinal, para ele, era mais um deus a integrar o panteão do Olimpo. Vi "Anjos e demônios" ontem no cinema...
Gosto da temática e ver as ruas de Roma foi muito bom... E agora? Recolho-me à significância dos estudos de fonética e fonologia...
Paz*




quinta-feira, maio 14, 2009

Pedras em círculo, ao estilo celta
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Enfim, pude eleger um momento textual que muito me emocionou, se bem que sei o quanto é difícil o fazer, já que todo o livro é uma mina emocional. São ínumeros os excertos do livro que quase me sufocaram com extraordinária beleza, a ponto de eu ter de levantar a vista para respirar. Posto aqui para, quem sabe mais tarde, eu mesma relembrar um momento textual forte e que aprecio demasiado, de quando Morgana está profundamente morta por dentro, e um turbilhão de vozes e sensações a acordam, chamando-a à Vida!
Luz a todos!
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Moragana em transe, diante da canção do bardo Merlim:
"Cantava o vento de Avalon, com o cheiro dos botões de flores das macieiras e o cheiro das maçãs maduras na sua estação; trouxe-me o doce frescor da bruma do Lago, e os sons do veado correndo na floresta onde o povo pequeno ainda vivia, e trouxe-me o verão impregnado de sol, quando eu me deitava juntos às pedras, com os braços de Lancelote à minha volta e o sangue da vida correndo como seiva em minhas veias pela primeira vez. Então senti de novo em meus braços a pesada suavidade de meu filhinho, seu cabelo macio contra meu rosto, seu hálito de leite doce e perfumado... ou era Artur em meu colo, agarrando-se a mim, suas mãozinhas afagando minhas faces? De novo as mãos de Viviane tocaram minha testa numa bênção, e senti-me como uma ponte entre a terra e o céu, ao estender minhas mãos numa evocação... ventos sopravam através das grutas em que eu dormia com o jovem gamo na escuridão do eclipse, e a voz de Acalon chamou meu nome... E agora não apenas a harpa mas as vozes dos mortos e dos vivos chamando-me: 'Volta, volta, a vida chama com todos os seus prazeres e dores... e então uma nova nota chegou à voz da harpa'".

(BREDLY, 1985, p. 132-3).Livro IV "O Gamo-Rei".




Para respirar

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Chego à metade de "As brumas". Ontem mesmo, já estive nuns sebos, à procura de outros livros da Bredly. O próximo da lista, penso, será "A queda de Atlântida", que narra a história de um povo primitivo antes dos celtas. Mas, na verdade, não foi para listar minhas próxima pretensão de leitura que vim aqui. Vim refletir do cimo das palavras... Respirar. Era preciso. Acordei cedo, peguei o livro na minha cabeceira e recomecei a leitura, como se toda história de dentro estivesse suspensa, aguardando meus olhos para continuarem vivendo, lutando, fazendo magias!... Dizem mesmo que há uma galáxia pulsante dentro de um livro. Quanto à Morgana, eu a vejo derrotada. Por momentos, do alto da minha leitura, como uma deusa observando os acontecimentos na "terra", senti vontade de lhe dizer que estava ficando semelhante aos padres que ela repudiava. Estava matando em nome das suas crenças, derramando sangue. Morgana, no final da sua "vida", encontra-se obcecada por não deixar Avalon desaparecer nas brumas.
Contudo, procuro ver o lado da personagem e a imagino como quem estivesse em casa, e visse um ladrão saqueá-la. Deve ser mais ou menos isso que move Morgana a defender desta maneira o lugar de Avalon no mundo cristão que ragava qualquer outra possibilidade de crença.

Mas ela, realmente, tornou-se obcecada. Por isso, penso eu, adoração não é legal! Não é mesmo. Vivo minha vida colhendo grãos, flores, dissabores... Mas sempre filtrando tudo para que não fique totalmente louca num mundo onde vivemos com tantas negações ao que desejamos.


Mi*

quarta-feira, maio 13, 2009


Peguei carona com um Impulso-penhasco...
Só que, desta vez, não me esborrachei no chão!
Pelo contrário, olhei a vista do alto e foi lindo.
Viva aos Acasos!
Afinal, nossa vida não é regida pelas mãos
do Destino o tempo todo.
Não mesmo!...
Mi*






Impulsos

...

Na maioria das vezes em que agi por impulso, esborrachei-me no chão, após jogar-me diretamente do precipício. E é isso mesmo... Impulsos são precipícios. Se continuarmos seguindo-os, acabaremos despedaçadas e no subsolo do fundo do poço. Mas (como que para contrariar) ímpetos os houve que me conduziram ao Paraíso e que, consciente disso digo, se não fosse atraída pela beleza do "penhasco" não teria visto de perto quão bonitas podem ser as paisagens assim do alto de um impulso. A única verdade que pude constatar até hoje (do "alto" dos meus 28 anos de vida) é que devemos temperar nossas decisões com Razão e Sensibilidade. Não podemos seguir a mesma receita constantemente, porque um belo dia, ela nos falha.
Contudo... como aprender a agir sempre dentro dos nossos limites?
Já que, com determinadas pessoas, estamos sempre prontas a ultrapassá-los?
Saltando da ponta de um iceberg para outra...
Posto hoje a imagem de uma Deusa celta Danu, encontrada em minhas perigrinações pelos blogues alheios... Ela é linda e a coloco em homenagem às minhas amigas Alessandra Rocha e Aline Barros, ambas cariocas e queridas.
Quanto a mim, vou seguindo... Buscando me equilibrar entre meu Destino e meus Acasos...

Mi*

segunda-feira, maio 11, 2009



...
Entrando em "O Gamo-Rei"
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Ontem, terminei o livro III "O Gamo-Rei". Novamente, pensei em deixar a próxima narrativa de lado. Adiá-la um pouco. Afinal, tenho outras leituras urgentes para fazer. Olhei de mansinho para a estante onde se amontoam parte dos meus livros, à minha direita. Lá estava a montanha de brumas me olhando (ou eu a ela?). Pensei em como subi alto até aqui, até o livro IV. E parece mesmo um morro, já que são quatro livros e o percurso até atingir o final da leitura é árduo e comprido, emocionante como deve ser escalar serras altas. Já interrompi a leitura por me sentir violentada com as palavras de Gwenhwyfar e dos padres. Já me levantei diversas vezes do sofá para respirar um pouco me sentindo sufocada em momentos de extraordinária beleza textual... Tantas vezes, desviei a vista para me certificar de que não estava mesmo dentro do século V d.C., em plena Avalon, em plena guerra, em plena magia. Não houve outra saída... Peguei o livro IV. Senti saudades de Morgana, vontade de ver como acaba sua história, embora já saiba (de antemão) que não foi muito feliz, já que vivo numa cultura cristã e sei que este foi o final da era matriarcal, do druidismo, da religião do povo antigo da Deusa.
Pela primeira vez nesta leitura, corri para a última página de "O prisioneiro da árvore", e vi Morgana indo pra Avalon. Gostei, pq já estava esperando um final do tipo "Morgana acaba num convento, rendida ao catolicismo da época!".

Vim respirar um pouco aqui nas palavras... Preciso estudar... Bater martelos!... Tomar decisões. Como sempre em nossas vidas, estamos todos os dias tomando decisões, levando a cabo o nosso Destino e nossos Acasos!
Mi*

sábado, maio 09, 2009


"Enriqueço na solidão: fico inteligente, graciosa e
não esta feia ressentida que me olha do fundo do espelho.
Ouço duzentas e noventa e nove vezes o mesmo disco,
lembro poesias, dou piruetas, sonho, invento, abro
todos os portões e quando vejo a alegria está instalada em mim."
...
Lygia Fagundes Telles.




Lendas arturianas



Quantos filmes conseguem mexer conosco?
...
É verdade... Já perdi as contas de quantos filmes, livros e canções me emocionaram, como se tocassem aquele corpo extra que temos. Alguns o chamam de alma, perespírito... coração? Não sei... E, sinceramente, não importa que nome deem a esta parte de nós. Ela existe. Isso basta.
Posto esta imagem para homenagiar a lenda arturiana de que tanto gosto. Sinto carinho por este personagem... como sinto ternura pelas "Brumas" ou pelo filme "A walk to remember" (Um amor para recordar), considerado o "Love Storie" (É assim que se escreve?) do século XXI.
No final das contas, percebemos que a arte (ou o que consideramos como arte) é uma das melhores companhias que podemos ter.
O dia está lindo e vejo o mar da janela... Mas tenho uma pontinha de tristeza acesa em mim. É que concordo com uma frase da Lygia F. Telles, que diz Dante esquecido de um círculo do Inferno quando da sua "Divina Comédia".
Luz a todos.
Mi*


...


"Amar a pessoa errada não é mesmo das melhores
coisas que nos pode acontecer, e acontece
com tanta freqüência...
Dante se esqueceu desse círculo no seu inferno:
o dos rejeitados."





Recife - Jan/ 09.


Conhecer-se
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A gente se despe em frente a espelhos e ousa enfrentar-se.
Porém, não há mesmo como ver-se, blindada a alma e as costas inalcançáveis.
Somos opacos.Translúcidos, apenas a radiografias.
Contudo, resta a ânsiade bem nítido nos vermos,na dimensão do real.
Mas, por mais que nos olhemos,o eclipse é sempre total.
Astrid Cabral.
In: Ante-sala.
P.S. Poema colhido do Orkut do meu amigo Lulu Souza (Coisa fofa da amiga!).

segunda-feira, maio 04, 2009




"Com a idade, aprendemos a cuidar das palavras. Usamo-las mal, vestimo-las do direito e do avesso, sem olhar, e um dia encontramo-las coçadas como um fato velho e temos vergonha delas, como eu me lembro de ter tido vergonha dumas calças que usei e tive de usar, enfiadas na bainha, que todas as semanas aparava com uma tesoura, atento a não cortar de mais nem de menos..."
José Saramago, In: Manual.

***
Cuidemos do que falamos. Não sobrecarreguemos adjetivos especiais. Não desvalorizemos, pois, o verbo "Amar". Isso não quer dizer, porém, que em algum momento da minha vida (ou alguns) eu mesma não tenha contribuído para o desgastes de palavras sagradas...
Mi*




"A maior riqueza do homem é a sua incompletude. Nesse ponto sou abastado. Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito. Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora, que aponta lápis, que vê a uva etc. etc. Perdoai. Mas eu preciso ser Outros. Eu penso renovar o homem usando borboletas".

Manoel de Barros

domingo, maio 03, 2009

Terra: planeta água!...


"Talvez eu ainda goste de ti, mas não vale a pena. Talvez ainda gostes de mim, mas não vale a pena. Não valer a pena, acho eu, é o pior de tudo. As pessoas podem amar e sofrer muito por isso, mas valer a pena. Essas devem conservar o amor que têm, mesmo tendo de continuar a sofrer mais. O nosso caso é diferente. Tivemos uma ligação como muitas, que acaba como merece".
José Saramago, In: Manual.
***
...
Acabei de reler este excerto no livro do Saramago.
Já tive de ler este livro tantas milhões de vezes...
Sempre acabo me esbarrando com este momento textual
em que Adelina se afasta do então perturbado H.
Senti vontade de postar...
Só isso. Nada além.
Mi*



"Desço até à água, mergulho nela as mãos, e não as reconheço.
Vêm-me da memória outras mãos mergulhadas noutro rio.
As minhas mãos de há trinta anos, o rio antigo de águas que já se perderam no mar. Vejo passar o tempo. Tem a cor da água e vai carregado de detritos, de pétalas arrancadas de flores, de um toque vagaroso de sinos.
Então uma ave cor de fogo passa como um relâmpago.
O sino cala-se. E eu sacudo as mãos molhadas de tempo,
levando-as até aos olhos - as minhas mãos de hoje, com que prendo a vida e a verdade desta hora".
...
José Saramago, In: Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio.


Mais sobre "As brumas"

Ontem, terminei o segundo livro. Havia me convencido a dar uma maior pausa até entrar no Livro III. Mas, como que inconscientemente, fui à prateleira e peguei "O Gamo - Rei", colocando-o na cabeceira da cama. Hoje, procurei fazer outras coisas... estudar para a prova de Fonética que está a bater à porta. Almocei numa churrascaria que adoro, fui ver o sol de cima de uma montanha... Fiz uma foto só. Estava ventando muito e sou friorenta!... (Infelizmente).
Mas, o que quero dizer é que esta história encanta...
Tenho olhado para o mundo com mais respeito.
Tenho repudiado menos a Igreja Católica...
A maior lição que tenho tirado destes livros da Marion Zimmer é justamente o respeito pela "deusidade" alheia. Todo o tempo, personagens que alegorizam a Sabedoria, como o Merlin, ou a própria Rainha do Lago, Viviane, dizem que "Todos os deuses são um só". Deus é o nome que damos ao desconhecido. Não se importam de participar de eventos cristãos e convivem perfeitamente bem com as outras maneiras de se dirigirem aos deuses.




Fada Morgana e a Rainha do Lago

...

Gosto muito de uma parte em que Morgana pensa sobre os ideais cristãos que "seu estilo de vida era uma negação das forças da vida, em lugar de afirmá-la" (p. 209). Concordo com este pensamento. O segundo livro é marcado pela presença forte de Gwenwhyfar. Há pouca magia a não ser quando, quase nas últimas páginas, Morgana reaparece no mundo das fadas. É uma das fases mais doces e cheias de Paz do livro. É um reino descrito poeticamente sobre um lugar onde não existe tempo, nem espaço, mas música, amor e liberdade... Um sonho.
Enquanto leio sobre a rainha de Artur, sinto vontade de pular dentro do livro e mostrar para aquela mimadinha que ela não pode destruir as outras expressividades de Deus, só pq ele não acredita nelas. Não se pode impor suas próprias crenças aos outros... é irritante o que ela leva Artur a fazer com a bandeira dos druidas quando da luta contra os saxões. Depois, com o bardo Kevin... tadinho. Ela não é de todo má. Claro. Acho que seria muito primitivismo o ser... e ela representa a corte da época. Tem instrução, sensibilidade... Mas o cristianismo realmente se auto promove como "verdade absoluta", e aqueles que o seguem se julgam donos da Razão, de todas as razões... Gosto da religião destes povos antigos daquela região da Europa. Por mais que ache certos primitivismos tb, como no dia das fogueiras de Beltaine, sinto como uma melhor e mais respeitosa forma de ver a vida: respeitando os outros e todas as possíveis expressividades da Deusa, ou do Deus. Desta força oculta que, mesmo sendo empírica como sou, sinto-me obrigada a me curvar diante dela. Uma energia com poderes para incendiar a imaginação da humanidade.
...
Termino agora meus passos-escritos com uma frase querida que, certamente, diria à esposa do rei se ela fosse viva e não apenas um personagem sombolizando os neuróticos da época. Mas a frase tb serve pra mim que estava precisando aprender aser menos pagã e mais compreensiva em relação à forma como o cristianismo foi, doentiamente, propagado nos primeiros séculos da sua era.
"Que todos sejam livres para servirem ao deus que quiserem...". "Que todos sejam livres para servirem ao deus que quiserem...". "Que todos sejam livres para servirem ao deus que quiserem...". "Que todos sejam livres para servirem ao deus que quiserem...".

sexta-feira, maio 01, 2009


Aqui
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Não dá pra disfarçar
Eu tento aparentar frieza mas não dá
É como uma represa pronta pra jorrar
Querendo iluminar
A estrada, a casa, o quarto onde você está...
Não dá pra ocultar
Algo preso quer sair do meu olhar
Atravessar montanhas e te alcançar
Tocar o seu olhar
Te fazer me enxergar e se enxergar em mim
Em mim...
Aqui .

(Ana Carolina).





Pain inside

...

Todos os dias: uma batalha. Uma luta travada contra impulsos e sentimentos sufocados pelos ventos contrários que continuam fazendo curvas em meu coração...
Mas acordo e, quando levanto, conjugo todos os verbos que consigo.
Amo, sonho, rio...
Higienizo-me a alma por dentro através de um simples banho entre espumas e água morna.
Ainda suspiro pelo Outono em que cearei a plena Paz comigo mesma.
Queria compor mais alguns versos, costurar as feridas com seu auxílio.
Mas deixo o poema de Manoel de Barros me citar...
Acabei de vê-lo declamando no Canal Futura. Tem tudo a ver comigo.
Suas palavras são representantes minhas hoje aqui nesta "terra-blog".
Não é preciso dizer mais nada.
Michelle*

...



"... que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós" - João de Barros.