sexta-feira, julho 31, 2009


A dissertação
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Há tempos, minhas palavras voaram para longe de mim. Pensamentos em forma de textos, hoje, nômades, adotados por outros olhares, outros julgamentos. Foram, voaram... Vão conhecer outras mãos, outras casas. Vão em paz, meus companheiros. Vcs são eu mesma, materializada em outro corpo.
Palavras-chave: Filhos meus, boa fortuna, amor ardente.
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Reprogramação mental
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Anos e anos de uma expectativa silenciosa, disfarçada sob a capa da cegueira. Eu mesma tratei de a esconder em alguma gaveta dentro de mim. Era uma gaveta de pouco acesso, ou que, seu eu a acessava, era de modo tão inconsciente (inconseqüente?) que não me via nitidamente remexendo nela. Aquela era a gaveta dos males, a caixa de Pandora em que permiti ficar o lado negativo da Esperança. Sentia medo de acordar, de não ser mais uma adolescente, de não poder culpar a pouca idade e a estupidez tão peculiar a esta fase. Tive medo, sobretudo, porque havia feito uma programação mental tão demasiadamente violenta e perigosa, que me conduziu tantas vezes aos precipícios do meu coração.
Medo de perder a única coisa com a qual permiti que me importasse verdadeiramente. Não sei se me permiti ou se não tive escolha. Porque há sempre algo nas nossas vidas que nos ensina como não nos é permitido ter absoluto controle sobre nós, sobre o mundo, sobre a vida.
Há dias (sim, é preciso me situar cronologicamente), tenho começado o processo de reprogramação mental. Tenho conversado comigo através de alto-falantes interiores instalados por todos os corredores, pelas paredes de lembranças e pelos escapes de sonhos. Tenho me cercado de uma única (e uníssona) voz. Palavras que passavam por mim, me atravessavam, me feriam, mas que se iam embora. Agora, diferente de antes, elas pararam, me rodearam, e estão me levando dentro dela (ou eu as levo?). Agora, somos só nós duas. Eu e elas. Eu e esta reconfiguração mental que tenho buscado (e conseguido sobretudo!) realizar dentro da minha mente, da minha alma e do meu coração.
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Palavras-chave: exorcismo lento; reconfiguração, reprogramação.

domingo, julho 26, 2009


O salmão do Pacífico

Desde que conheci o mar do Pacífico, tenho descoberto coisas, informações especiais acerca deste frio oceano. Há pouco, o Discovery chanel mostrou um documentário sobre como o salmão do Pacífico, após colocar seus ovos, morrem servindo-se de alimento para os próprios filhotes.
E a sua importância no processo de perpetuação da espécie ultrapassa a possível aspiração do salmão à eternidade. Porque, quando mortos, são ingeridos por ursos que espalham ossos do salmão no solo das florestas, promovendo o crescimento extraordinário (num sentindo extra comum mesmo!) das árvores da floresta.
Mas como estes restos do peixe podem se transformar em outro organismo?
São do rio e para o rio voltam, mas o salmão do Pacífico viaja ao oceano em busca de alimento, e de lá traz hidrogênio, elemento fundamental para a fertilização da terra.
Pouco (quase nd) sei sobre química. Simplesmente tive poucos professores no Assis, na época.
O fato é "como um simples peixe pode contruibuir de uma forma tão hamoniosa para a roda da vida natural continuar girando?". Morrer para filhotes sobreviverem. Viver em seguida de renascer. Voltar à natureza assumindo outra face, estendendo-se até aos verdes das altas árvores ao pés dos lagos... Subindo ao céus.
E, assim, a natureza nasce, renasce, sobrevive, eterniza-se, como se fizesse parte de um imenso e glorioso balé de energias. De vida.
Mi*

sábado, julho 25, 2009


Regar para florescer
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Parece clichê falar sobre algo que precisa constantemente ser regado para que consiga crescer, frutificar... Mas é que há rosas secando por aí, morrendo de sede em frente a poços de água potáveis.
Por volta de um ano, abandonei a escrita de diários e me dediquei apenas à escrita da dissertação, somada à escrita esporádica no blog. Mas sinto que estou perdendo parte preciosa de mim sem escrever com a periodicidade de antes. E é verdade. Estou órfã dos meus textos mais íntimos. Agora, é com mais dificuldade que narro alguma auto-referência.
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Por vezes, fisgo algum dado interessante da realidade, narro um texto imenso mentalmente. Mas, quando venho escrever, as palavras fogem de mim, como pássaros fogem ao som de ruídos. É como se minhas mãos, quando entram em processo de filtrar os pensamentos para as palavras, afastassem de mim a Inspiração. E eu sei que preciso voltar a escrever, preciso voltar mais pra esta parte tão querida de mim... Não posso murchar por dentro. Preciso encontrar uma fonte qualquer aqui por dentro que dê vida à escrita memorialística e a faça florescer novamente com mais força e ímpeto. Autobiografar, pra mim, é valorizar a memória. É não esquecê-la num mundo onde as pessoas têm uma memória tão curta. Quero ser diferente e refletir sobre meus atos passados, reflexões momentâneas que me atravessam. Vou dormir, não pra descansar, mas pra sonhar e regar meus sonhos.
Inverno, frio, vontade de dormir = Mi.

terça-feira, julho 21, 2009


Do cume de um verso...

Do alto de um verso, os olhos tentam seguir a reta linha da folha. As letras se equilibram num fio tênue que, zigzagueante, conduz meu olhar por suas esquinas, curvas e paradas. Entre uma e outra palavra respiro nas pausas dadas dum breve espaço. Daqui do cume do poema, vejo a narrativa sinuosa descer folha abaixo, como rio que despenca em cachoeiras. Folha em branco, és meu rio. Renasço em ti. Certidão de nascimento por onde me invadem os ares renovados de cada verso. Daqui do cimo das montanha-palavras, vejo a cascata de sonhos desenrolarem em vogais miúdas, um sobe e desce de maiúsculas e minúsculas. Pontos e vírgulas. Palavras nômades, turistas no meu coração... Escrevo-me e viajo por este rio-palavras, descendo até às profundezas das águas escuras que se tornam claras dentro de mim.
Mi*

segunda-feira, julho 20, 2009


Turmalina verde
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Há quase um mês, comecei a usar a Turmalina verde. É uma pedra que vinha paquerando há bastante tempo. Via aquela variedade imensa, cheia de pedras e cores. Uma me tocou sobretudo pelo verde engimático. "Cura emocional, esperança...".
É tudo que preciso e, parece passe de mágica, mas está funcionando.
Desde que passei a usá-la, uns fios descapatados dentro de mim estão sendo, aos poucos, revestidos de uma força que vive aqui dentro, mas não a via. Estive, durante muito tempo, gastando minhas energias pensando em ilusões que arrancavam de mim todo e qualquer outra possibilidade de focalizar coisas novas.
Estava presa em mim, com alguns escapes, claro. Mas algo, por vezes, pode nos roubar de nós mesmos. "Sequestrar-nos emocionalmente", como diria um padre escritor (Nunca imaginei que fosse algum dia citar padre no blog). Não sei se a sensação de saúde aqui dentro se deve propriamente à pedra. Todavia, sei apenas que foi depois que a hospedei em meu corpo que passei a sentir, de forma mais clara e forte, o exorcismo dos meus fantasmas interiores.
Mi.

sábado, julho 18, 2009


Sinceridade
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Descobri hoje a Sinceridade e toda a extensão do bem e do mal que veio com ela.
Senti-me pentrada pela doçura de poder falar o que penso, na hora que penso.
De não filtrar os pensamentos e deixá-los voarem soltos, como qualquer animal que voe. E foi uma delícia. Pensei em como viver amizades pode ser mais feliz se pudermos falar sempre a verdade sobre o que pensamos. Aí conheci, no entanto, o lado mal que veio com a querida visita da Sra. Sinceridade.
Vi que, nem sempre, podemos ser sinceros, porque os sinceridícios nos afastam das pessoas que amamos. Mas tb se não formos sinceros, uma hora descobrem e elas ficam furiosas. Hoje, descobri enfim que tudo deve ser temperado com razão e sensibilidade, com voz e com silêncio. Porque só assim há alguma chance de nos equilibrarmos na corda bamba da vida.
Mi*

quarta-feira, julho 15, 2009

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Homenagem à amiga Jackeline Santana
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Pela companhia há vinte anos
Pelas palavras que inspiram Força
Pela determinação que me contagia
Pelos e-mails cheios de risos, lirismo e seriedade
Pelas horas e horas conversando na varanda
Pelos shows e pelas micaretas compartilhados
Por compreender meus momentos de solidão
Por me entender, às vezes, melhor do que eu mesma.
Mi.


Green place
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Rios, árvores exóticas vindas de variados cantos do planeta.
Jardim dos sonhos...
Pedra preciosa em meio ao caos da cidade
Cheiro de fruta doce
Palmeiras colonias.
É aqui, assim, num lugar verde que ela mora.
Sua casa, seu quarto, seu jardim.
O espírito da mãe-natureza pulsando por trás de cada planta.
Mi.
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Posto o poema abaixo para me lembrar da nossa solidão de estar no mundo, onde tudo passa e corre para um lugar que desconhecemos. Na verdade, este poema contradiz a proposta da maior parte das poesias de Shopia.
Ela sempre se deixa fundir com a natureza. Já neste, porém, parece que a portuguesinha estava num dia daqueles mais perturbados, em que não estamos lá para brincadeiras nem dados a fantasias...
Acho que a escrita é isso...
Esta corda bamba onde nos equilibramos entre a Razão e a senbilidade...
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Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.
Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.
Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.
Shophia de Mello.
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