domingo, dezembro 28, 2014


Réveillon de Copacabana

Quando criança, passar a virada do ano na praia de Boa Viagem, em Recife, na casa de tia Silvia encantava! Nos anos dourados da adolescência, conhecendo outros mares, outras praias, outras gentes, me encantaram ainda mais os de Salvador e adjacências. 
Mas, sem desmerecer aos eventos das demais cidades praieiras, o de Copacabana é incrivelmente apoteótico... Nenhuma praia da linda Região dos Lagos também poderia competir com aquele espetáculo a céu aberto de luzes e cores que, de tantas, nunca consegui entender como caberiam todas juntas, riscando e colorindo como um enorme lindo quadro, no mesmo céu.
Ao lado da lembrança desses réveillons bairristas, ainda brilham ofuscadas as luzes das companhias de outrora, da família que meu coração havia também escolhido como outra parte minha. Elas, tais estrelas, esmaeceram, mas ainda me ofusca a certeza de que embora tenha eu, por força maior, saído da Rio, o Rio jamais sairá de mim.
E os olhos que não viram ainda têm de ver...



Neste ano a festa será com cantigas de ninar e silêncio, será com aconchego e soninho bom. Mas os desejos de sempre ecoam: saúde, proteção, prosperidade e muito (mas muuito!) amor a todos nós. Feliz 2015 às areias de todas as praias, ao frescor de toda cidade serrana e à minha cama! Tim, tim!!!
Mi*




Era uma tarde quente
(dessas que o Rio nos reserva em dezembro)
e eu respirava mar, quando uma onda
se quebrou bem à minha frente.
Tentei escutá-la, entender
o que, em estrondo, ela dizia.
Nada.
Pedi ajuda a poetas dos mares: Camões,
Pessoa, Cecília, Vicente, Caymmi, Sophia.
Nada.
Tudo que a onda dizia me era inaudível
e afogava minha fantasia:
era um mundo todo novo que se abria,
um mundo tão perigoso que não me deixava alternativa: prendi-o.
Hoje ele agoniza com porta trancada, chave passada,
n'alguma cela escondida dentro de mim.
Eu, que só quero um mar sereno,
onde meu sonho possa nadar em silêncio
e paz.
(Filipe Couto)

terça-feira, dezembro 16, 2014



Palco das ilusões, das lamentações e das alegrias vividas tb

Há um clipe novo da Beyoncè cujo tema central é o foco dado pela sociedade à aparência, àquela ditada como a boa, perfeita, ideal. Mas estendo esse tema tb à relevância conferida à aparência de uma forma mais abrangente... a importância dada a tudo, enfim, que cai na superficialidade: relações passageiras, roupas descartáveis, viagens vazias de sentido e significado. 

E onde mais temos visto tudo isso? Na internet? Revistas?
A internet (com as queridíssimas redes sociais) tem sido um palco vasto onde as pessoas têm se exposto, abrindo suas vidas e desfilando ora suas mágoas (muro das lamentações) ora suas alegrias (fingidas e as sinceras tb). 

Uma roupa que apareceu na foto de ontem parece não poder mais se repetir na de hoje... os sorrisos são largos e todos parecem viver na Ilha seleta de Caras, ou no país das Maravilhas. Tantas Alices? Isso... quando não lemos frases e textos cheios de tristezas, ou cheios de belezas tb. Aliás... já li blogs tão bonitos que chorei com a beleza das almas desconhecidas que estavam por trás daquelas linhas.

Mas voltando... Até onde é bom tanto holofote?  Ou tanta escuridão? Ou tanta vontade de descartar o que ainda pode ser aproveitado? Haverá meio termos?

Sabemos que nossa sociedade é do consumo e isso, por vezes, nos faz escorregar até a superfície de tudo, onde só moram as pontas dos icebergs, porque me recuso a acreditar que haja tanto vazio, escuridão e vaidade flagrados em tantos álbuns e sites, já que sabemos não ser a vida só de sais nem só de açúcares. 

De repente, tem razão mesmo a Beyoncè... não são as imagens que precisam de plásticas, de reparos, de serem deslumbrantes por fora apenas, porque as almas, sim e sobretudo, precisam de arestas a serem aparadas... de brilho, generosidade, simplicidade... de entrega!
Não que ache ter eu isso tudo, mas vamos lá avante... a caminho do que realmente é profundo, duradouro e cheio de luz.
Mi*