quarta-feira, janeiro 26, 2011


Apaziguamento

Observo tanto entusiasmo nos jovens...  Meus irmãos, por exemplo, estão sempre á mil por hora. Essa agitação é tão peculiar e evidente que parece redundante, já que a palavra "jovem" é como um sinônimo de "frescor, dinamicidade...".
No entanto, concomitantemente há muitos com espírito envelhecido... cabisbaixo, enquanto existem inúmeras outras pessoas amadurecidas de aspecto muito mais jovial. São os adultescentes! Meu amigo querido Sérgio é assim: sempre sorrindo e com roupas rejuvenescedoras. Para acompanhá-lo nesse ritmo, até o vocabulário é á caráter.

Quanto a mim, considero ter sido uma adolescente bem típica (não totalmente! Há as singularidades). Fui assim... muito entusiasmada, vivaz, inquieta. Essa parte da inquietude é a de que não sinto a menor falta, porque provocava demasiada ansiedade... daquelas incomodativas mesmo.
Durante o dia inteiro, nosso corpo é acometido por uma série de reações químicas, muitas delas provocadas pelos sentimentos. O da ansiedade pode se tornar angustiante demais. Daí, minha preferência pela fase balzaquiana da minha vida.
Uma das benésses que percebo agora aos 30 é a sensação, cada vez mais crescente, de apaziguamento. Há uma tranquilidade correndo nas veias não experimentada antes. Isso afeta o semblante, provavelmente, pois neste momento é possível tornar-se mais calma, com gestos mais tranquilos, pacíficos... Poucas coisas vão surpreendendo e o mundo vai se tornando um "museu de 'grandes novidades'"...

Quando se vive um pouco, reconhece-se pessoas com perfis semelhantes a outras já vistas. É possível também observar a repetição nos acontecimentos e como, ás vezes, seus desfechos podem ser óbvios, como caminhos pelos quais já se passou e não há mais lá grandes novidades nele. A sorte, claro, é não se conhecer sobre tudo tanto assim, é o estático mudar de lugar, mas devagarzinho... como os movimentos das placas tectônicas, perceptíveis somente após algum tempo.
Porém, de repente, até mesmo essa mudança torna-se um pouco previsível.

No final, talvez, conquistamos um olhar mais fixo, focado... pronto para continuar contemplando as mudancas relativamente previstas. Felizes por ainda estarmos assistindo ao espetáculo da vida, agora, "sentados" mesmo á beira do " rio"  chamado Tempo. Conscientes de que ele passou e passa mais... levando, limpando em eterna condição de movimento.
É chegada a época lúcida de que não se tem mais o tempo todo para tudo (Pode parecer confusa essa ponta do iceberg, mas em sua profundidade há bastante coerência).

Enfim...
Já não ando mais agitada, com aquela cabecinha de borboleta ansiosa pela casa. Tinha mania de dançar, me olhar no espelho experimentando roupas novas ou não... Tinha hábito tb de pensar demais em shows, viagens vazias, ver o Roupa Nova... e no amor único que concentrava todo numa pessoa só.
Hoje, o amor, pra mim, está mais espalhado, mais distribuído nas pequenas coisas do cotidiano, no valor que realmente se deve dar ás pessoas queridas. Conquistar essa percepção trouxe tanta paz que, se tivesse compreendido isso antes, certamente teria vivido cada momento bem comedidamente. E é esse meu novo passatemo: procurar sentir e fazer tudo bem devagar. Já que tudo previsivelmente passa, quero que se vá, mas em câmera lenta!...
Mi-Dew drop*  


Mudanças
(Camões)

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.


O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

segunda-feira, janeiro 24, 2011




Não é preciso dizer...


Sempre que algo doce e demasiadamente feliz me ocorre, costumo lembrar daquela frase de Clarice Lispcetor "O melhor está nas entrelinhas".
Verdadeiramente, acredito que não precisamos expor nossa felicidade claramente em letras garrafais.
Dias de puro amor e reencontros, saudades saciadas... tudo isso deve ficar guardado em nossa memória como se o fizéssemos em caixinhas de segredo. É um momento que deve ser silencioso, como aqueles quando estudamos ou estamos em meio á leitura, momentos "a sós" cheios de reflexões e sorrisos dos quais poucos devem compartilhar.
Nessas horas, prefiro mesmo o silêncio ás palavras, e olhe que sou das Letras!
De fato, não é necessário gritar ao mundo nossas alegrias, a inveja tem mesmo sono leve. Acredito em poucas coisas, mas a inveja... acho que suga  nossas energias, gerando ondas de negatividade. Nada ganhamos com isso. Discretamente, podemos nos sentir felizes de forma comedida e silenciosa. Assim dura mais, sentimos mais...  
Mi-about past week.







Quinta-feira

Na quinta, dia 19, encontrei-me novamente com os amigos da época de colégio. Não dá sempre pra juntar todo mundo. Então, desta vez fomos só eu, Gabi e Cinho. Sempre que podemos, combinamos uma pizza, temaki, Habib's... Ou Gabi vem aqui e a gente conversa um pouco. Quando vou a SSA, procuro vê-la também. E sempre é muito agradável. Um momento feliz! Nada de pieguices ou de nostalgias cafonas. Falamos sobre o amor, amizades, sonhos, nossas vidas atuais, planos... Sobre as bebidas que eu deveria experimentar, mas que odeio todas!... Fiquei na minha rosca de morango (de sempre), que mais parece um Kapo de tão doce e sem álcool.
Foi bom rever meus amigos, saber como estão, ouvir suas vozes de perto sem ser por fone ou vídeo do MSN...
No fundo, parte do que fomos continua a mesma da época de Assis. Mudamos muito. Claro. Mas nos gostamos ainda, queremos nos ver, nem que para pisarmos no mundo um do outro seja apenas por breves horas, não mais em tempo quase integral, como quando fazíamos trabalhos de escola, provas, farrinhas de adolescentes em micareta todos juntos.

Eles sempre representaram para mim um espaço de acolhimento e aconchego. Porque quando a vida me negava todos os dias o que eu mais queria, era com eles que eu ficava e chorava. Eram eles que me distraíam, cantavam BSB comigo... que foram ao meu primeiro show do Roupa comigo...
Não sei o que seria de mim sem meus amigos.
Minha adolescência foi uma época de inquietudes e, enfim!... suas companhias tornavam meus dias suportáveis, principalmente em 98. 
Gosto desta fase da minha história em que tudo está tranquilo, definido e os horizontes bem cristalinos e evidentes em relação ao que realmente sei ser melhor pra mim.
Aceitei muita coisa. Essas que a gente não pode mudar, nem deve querer mudá-las. É difícil. O processo foi leeento, dolorooso... masss passou. 
E é bom saber que, de alguma forma, suas vozes e sorrisos ecoam ainda em lembranças recentes, não em memórias longínquas de um passado distante, porque os dias de escola acabaram, mas a amizade, não!
Com carinho,
Mi.

quarta-feira, janeiro 19, 2011



Campo minado


Terra seca, ar rarefeito, campo minado.
Centímetros de exceções ainda existem. 
Em meio a eles, estou sempre ilhada e agradecida por ter uma parte, nesse território inóspito, a salvo.
Restou-me um pedacinho de terra fértil onde viver e cultivar o amor.
Mas é difícil viver num espaço onde tudo é estreito, mal caibo nele e quando me movimento (um pouco que seja) esbarro, amiúde, nas possibilidades iminentes de detonadores. Explosões que ferem tanto.
Tanto que nem sei dizer...
Pior é parecerem enraizadas no solo, porque explodem sem se pulverizar. Estão sempre de pronto para machucarem novamente ao mais ligeiro e simples toque.
É demasiado pequeno aqui.
Só não sei como, mesmo com tão pouco ar pra respirar, ainda encontro fôlego.
Aqui de onde escrevo, ainda há uma fonte, profunda, fervilhante.
Tudo é aceso e há fagulhas de esperança gravitando ao redor.
Queria a vastidão dos campos, a terra firme, a ambudância...
Respirar o ar puro do melhor pra nós dois enfim...

Sobre postagem em palavras-chave: saudade, vazio, fragmentação.


Miss u already!...

 

TEMPO

Saudades
Vaidades
Verdades
Coragem
Miragens
E a imagem no espelho
Como a dor
Que fere o peito
Isso vai passar
Também...


E todo o medo, o desespero
E a alegria
E a tempestade, a falsidade
A calmaria
E os teus espinhos
E o frio que eu sinto
Isso vai passar
Também...

Sandy.

terça-feira, janeiro 18, 2011




Amor é...


Fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É nunca contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor...


Luís de Camões


Sobre a postagem:


Lembrei de Camões hoje e de como Renato Russo, sabiamente, conseguiu musicalizar um dos seus mais lindos sonetos.
Imagino quantos corações quinhentista, seissentista... se indentificaram e continuam a se afinar com essas palavras de amor barroco, cheio de contradições e paradoxos.
Senti vontade de visualizar imagens do tempo. Mass, o que é o tempo?
Um relógio? Não...
Este aí apenas é um medidor, como fitas métricas medem tamanhos. Mas elas não são nossos tamanhos, não são nós.
O tempo não pode medir tanta coisa como pensamos. Nem apagar tudo em nós.
Vai nos apagar a todos algum dia, mas até lá... a briga dele com a Eternidade, que não quer ser medida, acontecerá em mim todos os dias.
Pois que... "O que a memória amou fica eterno", disse a Adélia Prado.
Nice midnight!
Mi.

domingo, janeiro 16, 2011


Novas tecnologias e enchentes:
paradoxo da contemporaneidade



É incrível como, em dias atuais, ainda possam existir problemas de enchentes em estados como o Rio de Janeiro e São Paulo. É totalmente incoerente, já que convivemos com tantos aparatos tecnológicos, somos rodeados deles e, a todo instante, mais e mais inovações se revelam e se impõem.
Constantemente no verão, vemos desastres ecológicos desse nível. O que está havendo na região serrana do Rio assemelha-se mais aos abalos de um tsunami e não a tempestades esperadas por todos (ainda que venham em maior quantidade).
Desde a minha adolescência ate hoje, já foram tantos os aparelhos de celulares que vi se aperfeiçoarem, passando do antigo mastodonte, dinossauro para os compactos, finiiinhos e cheios de funções (antes só havia algumas: falar [principal], ouvir e a agenda!...). Tudo isso sem contar com os computadores! Laptops, então... parecia demasiado loonge da minha realidade.






Como uma sociedade, dispondo de inteligência nesse nível e muitas outras mais, não desenvolve planejamentos para se prevenir de problemas naturais dessa ordem. Claro, não há como se defender do imprevisível (ainda há imprevisibilidade), mas temporais de verão?! Poxa vida...
Medidas de segurança e de apoio devem ser urgentemente tomadas e ja foram. O governo liberou 100 bilhões emergenciais para as famílias vítimas das enchentes. Mas as pessoas também devem assumir outras posturas e não fazerem mais uso indevido do solo. Só mesmo uma corrente de atitudes sensatas e um pouco mais coesas podem mudar um pouco o cenário do Brasil.
Mi.

sábado, janeiro 15, 2011




Você lê e ri.
Você lê e engasga.
Você lê e tem arrepios.
Você lê, e a sua vida vai-se misturando ao que está sendo lido...
Caio Fernando Abreu.

quinta-feira, janeiro 13, 2011





Posto a letra da música da Sandy.
Tudo a ver com meu momento...
This is it!
Mi.

Quem eu sou


A vida me mostrou

Que é pouco o que eu sei
Eu abro a porta
Por que eu não perguntei
E assim eu vou
Procurando
Nos meus sonhos
Descobrindo quem realmente eu sou
Inventando
Um caminho
Libertando quem realmente eu sou
A vida é assim
Não vem com manual
E só perde quem não corre atras
Quem não joga o jogo
Por ter medo de errar
Mas quem se sente pronto pra viver?
Deixo o sol guiar o meu olhar
E assim eu vou
Procurando
Nos meus sonhos
Descobrindo quem realmente eu sou
Inventando
Um caminho
Libertando quem realmente eu sou
(Quem realmente eu sou)
E o meu caminho vai
Sem medo de chegar
Só vou olhar pra trás
Pra ver o sol se pôr
Procurando
Nos meus sonhos
Descobrindo quem realmente eu sou
Inventando
Um caminho
Libertando quem realmente eu sou
Quem Realmente Eu Sou...
Sandy Leah.

terça-feira, janeiro 11, 2011


Composição de unicidade


Não sei (claro!) contabilizar todos os elementos emocionais, afetivos, psicomotores e comportamentais que nos formam e nos individualizam como seres humanos. Mas imagino que há uma infinidade deles a nos constituir e que todos se combinando, em maior ou menor grau de intensidade, são capazes de compor exatamente a fórmula do que somos.
Isso tudo obedecendo a uma coesão e lógica bem próprias...


Sim! Não somos nossos sentimentos, mas a consciência pulsante por trás deles. Refiro-me à união de cada um como uma espécie de elemento mesmo, ou força gravitando ao redor dessa consciência nem sempre consciente. Estão ali (aqui) formando camadas e camadas á nossa volta, harmonizando o grande coro de vozes que tecem a nossa maneira de ser e de nos mover no mundo.
Produzimos, de algum modo, um conjunto de traços capazes de nos diferenciar uns dos outros.
Mesmo nossos sentimentos de ternura ou de ciúme, por exemplo, o grau e a frequência com os quais se manifestam servem de sinalizadores para observarmos e conhecermos mais a nosso respeito.
Conversando com o Rafa, outra noite dessas, pensei que é a forma como interagem os sentimentos, nossas características e histórias de vida que fazem de nossa identidade única de verdade.
Parece fazer todo o sentido.
Talvez por esse motivo não exista, de fato, pessoas substituíveis.
Há quem diga que são, sim. Eu, no entanto, acredito que, no sentido integral do termo, não. Não são (Não somos!).
É possível preencher a vaga de um operário que foi embora por outro mais eficaz e qualificado ou por um ainda pior. Contudo, igual a ele (com seus defeitos e qualidades e toda a infinidade de traços que lhe são peculiares) ah, esses nunca encontraremos iguais, idênticos.


Possuimos todos nossa própria “lenda pessoal”, uma alma, um coração, um corpo. Uma unicidade identitária.
Nossa combinação genética, então... nem se fala. Nem mesmo gêmeos têm a mesma digital.
Isso deve valer também para a combinação dos relacionamentos. Queria poder escrever tanta coisa mais íntima... Esforço-me para me conter e lembrar que estou num espaço público, portanto... prefiro terminar logo com uma frase.
"Destino é igual à impressão digital: cada um tem a sua".
Mi.

terça-feira, janeiro 04, 2011



Amor à distância

Sonhar com príncipe encantado. Casar-se com ele antes que vire um sapo! Fabricar filhotinhos. Tecer sonhos...
Ver o tempo passar, ele adormecer distraído ao seu lado.
Flagrar alguns fios brancos aqui e acolá... ri deles e de si.
Qualquer menina do planeta pode crescer construindo esses castelo aí.
Só que, quando a vida adulta chega, nem sempre os tijolos são aqueles enfeitados, bordados e cobertos pelo arco-íris de cores vivazes imaginados desde os anos dourados da adolescência.

Claro!, não se pode desistir de tentar, nem desistir de se aproximar, ao máximo, daquele ideal juvenil. Só rabugentos abandonam seus sonhos. 
É que no mundo real, onde os tijolos para a construção de desejos são bem mais pesados, não há como manter quem amamos guardado como borboletas em copo de vidro... passarinho preso na gaiola, protegido de tudo só para nós e nem uma outra a mais (Ninguém merece!).
Somos corpos distintos. Duas almas.  Não somos um só, como nos ensinaram que poderia acontecer um dia.
(Cara, quanta lorota se conta a uma mulher durante seus primeiros anos de vida!...). Somos duas histórias de vida que se encontram e se fundem apenas. Por vezes, nossas histórias podem se misturar, mas nunca (jamais!) se diluem a ponto de se tornarem una. Inequivocamente una.
"Ilusão é puro lixo psíquico", já diria eu mesma noutro texto, em referência.
Não é legal amar à distância por tanto tempo assim...
Ter de se contentar apenas com telefonemas diários (Dar graças por, ao menos, existirem telefone... e-mail).
Mas esse é o mundo real, onde as coisas nem sempre acontecem como gostaríamos, onde precisamos provar que somos adultos, capazes de ir adiante, de avançar, ainda que, no fundo, pensemos em parar. E de vez!, diante de tamanhas e imensuráveis dificuldades... {Meu karma}.

E aqueles dias melhores prometidos? Esperados? Não sei se virão.
No fundo do coração, uma vozinha casanda, envelhecida, rouca ainda diz que espera...Por enquanto, continuo levando esta cruz que tem tamanho de quilômetros e peso incalculável. E de onde tiro forças? (???????).
Mi-?*

segunda-feira, janeiro 03, 2011



Auto-ajuda


Reconheço o papel das leituras de auto-ajuda. Os EUA se tornaram um verdadeiro bazar delas e tudo vem parar aqui, no seu quintal...
É paraliteratura desse tipo para todos os lados. E em muitas há lindas mensagens somada á muita ilusão também.
Lembro quando entrei pro curso de Letras, em 2002, ficava procurando livros que fizessem sentido pra mim e comecei á caça por eles nos sebos da vida. 
Li muita bobagem. Algumas coisas boas. Os leitores precisam entender que existem modalidades de leituras. Muitas são válidas. Adoro "Código Da Vinte", de Dan Brown, "As brumas de Avalon", Maria Z. Bredley. Abre a mente, sim. Mesmo com demasiada ficção. É pra se divertir, em outros termos. Não é auto-ajuda.

Mas eu poderia dizer (repetir) o que me salvou mesmo da alienação e egoísmo foi a literatura de todos, para todos. Aquela que faz parte do patrimônio cultural á qual todos que sabemos ler e entender temos acesso, além de todo direito.
Os textos que falam de um "Nós" socialmente falando me tiraram do compromisso somente com meu Eu. Foi quando parei de procurar ajuda pra mim, entendendo que o mundo inteiro tá mal das pernas, aí, sim, comecei a me ajudar. Cansada da leitura sobre o Eu, encontrei o "Nós" e me localizei no meio deles...
Bem melhor, não!?...
Mi.


"Apesar dos nossos defeitos, precisamos enxergar que somos pérolas únicas no teatro da vida e entender que não existem pessoas de sucesso e pessoas fracassadas. O que existem são pessoas que lutam pelos seus sonhos ou desistem deles".
Augusto Cury.

sábado, janeiro 01, 2011



Ano Novo, vida nova?


Tanto se fala em vida nova com a chegada de um novo ano, mas muda tanta coisa assim? Não somos obrigados a nada, só porque se fala tanto em redefinir objetivos. Na minha cabecinha de "borboleta" só escuto: "Redefina-os, se necessários!".
Há anos não passava um Réveillon com minha família. Fiquei agarradinha com mainha, vi a Mara, a Bê... (tia, amiga de adolesc.) depois meus irmãos vieram aqui com as esposas. Eu estava (estou) em paz, apesar de problemas, dificuldades (sempre há!), da deprê nos últimos dias de 2010. Seja como for, quero reciclar todo o lixo psíquico que me ronda... ver o tudo no nada, no pouco, no mínimo... transformar o joio em trigo!

Quando adormeci, era muito tarde. Na TV, passava um filme antiiigo: Pretty woman. Nem queria assistir a ele, mas eu e mainha acabamos rindo das roupas, do jeitão da Julia Roberts (ótima!). Minha cunhada comentou que não a acha bonita. Bobagem. Eu gosto do tipo de beleza da atriz. Há muitas mulheres lindas, com aquela beleza óbvia que a gente olha e não há mais muito o que ser dito, porque sua perfeição é evidente demais. Gosto da beleza garimpada. Daquelas que a gente vai olhando daqui, dali e vai descobrindo um traço, um gesto... e, de repente, Boom!: a beleza particular desponta como um lindo sol iluminando tudo.

O filme desperta boas sensações: riso, conquista, amor... Quando terminou, pensei serem exatamente essas sensações que quero sentir durante o ano todo. Mas não foi o que desejei na virada de ano passada?
No fundo, todos queremos as mesmas coisas, viver dias iguais com horas diferentes... viver simplesmente.
This's it.
Mi.




Aprendendo a desaprender

Passamos a vida inteira ouvindo os sábios conselhos dos outros. Tens que aprender a ser mais flexível, tens que aprender a ser menos dramática, tens que aprender a ser mais discreta, tens que aprender... praticamente tudo.
Mesmo as coisas que a gente já sabe fazer, é preciso aprender a fazê-las melhor, mais rápido, mais vezes. Vida é constante aprendizado. A gente lê, a gente conversa, a gente faz terapia, a gente se puxa pra tirar nota dez no quesito "sabe-tudo". Pois é. E o que a gente faz com aquilo que a gente pensava que sabia?
As crianças têm facilidade para aprender porque estão com a cabeça virgem de informações, há muito espaço para ser preenchido, muitos dados a serem assimilados sem a necessidade de cruzá-los: tudo é bem-vindo na infância. Mas nós já temos arquivos demais no nosso  winchester cerebral.
Para aprender coisas novas, é preciso antes deletar arquivos antigos. E isso não se faz com o simples apertar de uma tecla. Antes de aprender, é preciso dominar a arte de desaprender.
Desaprender a ser tão sensível, para conseguir vencer mais facilmente as barreiras que encontramos no caminho. Desaprender a ser tão exigente consigo mesmo, para poder se divertir com os próprios erros. Desaprender a ser tão coerente, pois a vida é incoerente por natureza e a gente precisa saber lidar com o inusitado. Desaprender a esperar que os outros leiam nosso pensamento: em vez de acreditar em telepatia, é melhor acreditar no poder da nossa voz. Desaprender a autocomiseração: enquanto perdemos tempo tendo pena da gente mesmo, os demais seguiram em frente.

A solução é voltar ao marco zero. Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima.

Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar.

Martha Medeiros.