terça-feira, janeiro 18, 2011




Amor é...


Fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É nunca contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor...


Luís de Camões


Sobre a postagem:


Lembrei de Camões hoje e de como Renato Russo, sabiamente, conseguiu musicalizar um dos seus mais lindos sonetos.
Imagino quantos corações quinhentista, seissentista... se indentificaram e continuam a se afinar com essas palavras de amor barroco, cheio de contradições e paradoxos.
Senti vontade de visualizar imagens do tempo. Mass, o que é o tempo?
Um relógio? Não...
Este aí apenas é um medidor, como fitas métricas medem tamanhos. Mas elas não são nossos tamanhos, não são nós.
O tempo não pode medir tanta coisa como pensamos. Nem apagar tudo em nós.
Vai nos apagar a todos algum dia, mas até lá... a briga dele com a Eternidade, que não quer ser medida, acontecerá em mim todos os dias.
Pois que... "O que a memória amou fica eterno", disse a Adélia Prado.
Nice midnight!
Mi.

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