terça-feira, março 31, 2009

(Imagem: blog Simplesmente Marie)


Diary
...
A graduação é uma época tão corrida em nossas vidas. Provas e datas que nos sufocam. Mal temos tempo de visitar todos os livros que desejamos nem conhecer mais a fundo nomes que sabemos serem importantes para nossa formação acadêmica. Costumo ver os autores como amigos que, através das suas vozes narrativas, nos guiam pelos bosques textuais, ensinando-nos a ler a realidade da vida, da nossa sociedade, do mundo e dias atuais mediante metáforas e alegorias. Lamento não ter conhecido Cecília Meireles além dos poucos poemas seus com os quais mantive contanto pelo intermédio de pesquisas quase desgovernadas, em que tateio no escuro por autores, sem conhecer a fidedignidade dos textos que circulam na net. Enfim, publico mais estas palavras, como quem acende estrelas na própria escuridão.
Mi*

***
Minha vida começa num vergel colorido,
por onde as noites eram só de luas e estrelas.
Levai-me aonde quiserdes!
Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e
voltar sempre inteira.
Cecília Meireles.





Fadas, elfos e duendes: folclóre galês

Todos os dias, somos cobrados a tomar inúmeras e variadas decisões. Das mais singelas às mais importantes, nada parece espacapar da retina do Tempo. Ele urge, ruge e voa... E não podemos fugir de encarar nossos medos e responsabilidades,
por mais feias e assustadoras que possam parecer.
Mi*





O meu mundo não é como o dos outros;
quero demais, exijo demais;
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante que nem eu
mesma compreendo, pois estou longe
de ser uma pessimista; sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa, violenta,
atormentada, uma alma que não se
sente bem onde está,
que tem saudades...
sei lá de quê !

Florbela Espanca.

segunda-feira, março 30, 2009


Posto esta linda fada morena em homagem ao dia dos anos da minha amiga Eliane Fernandes que mora em Londres e me faz viajar pelas ruas seculares e encatadoras da Europa através de seus álbuns. Liu fada-amiga, meus Parabéns.
Que o pó mágico da felicidade seja soprado no seu coração. Fora isso, fico aqui me perguntando como posso passar um lindo fim de tarde destes aqui, trancada no apto., sentada frente ao laptop. Devo ser louca. A baía imponente lá fora, chama, convida... Parece um canto de sereia. As rochas das montanhas parecem ganhar um tom rosado com a saída do sol. E a Baía lá, imponente. Soberana. Ao sol ou à chuva! Lindo de ver. E eu agradeço à vida por poder ver tantas coisas bonitas no meu caminho, por me sentir, tantas vezes durante o dia, como se estivesse dentro de um livro como estes que leio...Livros em que as paisagens são descritas de forma tão semelhantes com as que vejo todos os dias quando acordo...




Homenagem ao último dia do mês mais feminino!

Gosto das mulheres que envelhecem,
com a pressa das suas rugas,
os cabelos caídos pelos ombros negros do vestido,
o olhar que se perde na tristeza dos reposteiros.
Essas mulheres sentam-se nos cantos das salas,
olham para fora, para o átrio que não vejo, de onde estou,
embora adivinhe aí a presença deoutras mulheres,
sentadas em bancos de madeira, folheando revistas baratas.
As mulheres que envelhecem sentem que as olho,
que admiro os seus gestos lentos,
que amo o trabalho subterraneo do
tempo nos seus seios.
Por isso esperam que o dia corra nesta sala sem luz,
evitam sair para a rua, e dizem baixo,
por vezes, essa elegia que só os seus lábios podem cantar.


Nuno Júdice.

sábado, março 28, 2009


Pido silencio
...
...
Yo sólo quiero cinco cosas, cinco raices preferidas.
Una es el amor sin fin.
Lo segundo es ver el otoño.
No puedo ser sin que las hojas vuelen y vuelvan a la tierra.
Lo tercero es el grave invierno, la lluvia que amé, la cariciadel fuego en el frío silvestre.
En cuarto lugar el verano, redondo como una sandía.
La quinta cosa son tus ojos, no quiero dormir sin tus ojos,
no quiero ser sin que me mires: yo cambio la primavera
por que tú me sigas mirando.
Amigos, eso es cuanto quiero.
Es casi nada y casi todo.
...
...
Pablo Neruda.

O corpo do diabo: entre cruz e a caldeirinha


Faz um ano que comprei este livro da Silvia Nunes e não consegui me entregar à leitura como desejava. É o tipo de livro que não consigo ler antes de dormir, porque simplesmente não consigo dormir após a leitura de um parágrafo sequer.
Dá-me taquicardia somada a uma profunda inquietação.
O livro é ótimo, um conteúdo com o qual me identifico sobremaneira, além de bem escrito. O triste (e é isso que me deixa com o coração acelerado) é o fato de ler sobre tantas atrocidades e enganos cometidos em detrimento da Mulher.
A autora mostra como a imagem feminina se constituiu ao longo dos três últimos séculos, com o propóstio de formar uma sociedade em que ela devesse adquirir determinado perfil. Num mundo machista, o jeito de nos controlar era, de fato, estabelecer modelos de mulheres ideais.
Logo na introdução, ela cita a frase de Nelson Rodrigues "Toda mulher gosta de apanhar", que se seguiu da ideia freudiana de que a mulher era tendenciosamente masoquista. Por fim, ela ressalta que esta noção, no entanto, já vinha sendo difundida e que tais nomes ilustres (NR e Freud) estavam apenas explicitando a forma como nos viam dentro da sociedade.
Na verdade, a visão da Mulher como sexo frágil foi propagada, mormente, a partir do século XVIII, quando supuseram a necessidade de repaginá-la, mas se baseando ("claro") em princípios preexistentes no criastianismo (vide Maria Madalena e Maria Virgem [importância abafadas]). É quando chovem, no mundo das artes, pedidos de imagens femininas (telas e esculturas) de santas, como protótipos, modelos de representação.



Imagem: Fillipo Lippi

Os médicos oitocentistas diziam comprovar que as mulheres eram fracas desde sua genética e estenderam esta noção para os aspectos moral, psicológico e espiritual.
Ou seja, a mulher além de fraca genéticamente falando, possuía natureza desequilibrada, degenerativa e cabia à igreja e à sociedade se moblilizarem para reeducar o sexo feminino (da maneira como lhes conviessem).
Um novo perfil de Mulher, surge, então. Maria Madalena ganha relativo destaque em algumas igrejas e a imagem da Virgem (madona) com o menino Jesus passa ser difundida, fazendo propaganda de como deveria ser uma Mulher: pura, bondosa, FÉRTIL e sem expressividade, além da que se referisse ao eixo doméstico, esposa e mãe).
Convém um parêntese em referência à Maria de Magdala, antagonista da versão perfeita de pureza representada pela Virgem Maria.
Foi necessária, pois, uma nova formulação, já que talvez prevessem o novo advento do posicionamento feminino (Subverssivas amazonas?!).
Como provoram a fragilidade anatômica da Mulher, quiseram (médicos) convencer a sociedade de que ela possuía uma sexualidade muito forte mas não era capaz de controlá-la, levando-a à prostituição e a auto-destruição.
Os homens tinham que fazer algo, uai! Domesticar-nos, antes que nós lêssemos muito e ficássemos muito "espertinhas" a ponto de retomarmos as concepções celtas matriarcais, talvez? Fala sério!... Alguém merece isso? Mas, como não é a proposta deste blog de me prolongar em questões políticas, registro aqui apenas meu grito de tristeza diante do assunto. Enfim o que vale é dizer ainda que o livro traz uma proposta fantástica. Vou tentar lê-lo sem levantar da cama demasiado, movida por uma indignação inquietante que, certamente, fervilha em mim desde tempos remotos (outras vidas, talvez. Se é que existem).

Mi.

P.S. O que eu sei é quase nada, mas desconfio de tudo - Grande Sertão: veredas.

sexta-feira, março 27, 2009


EU QUERIA TRAZER-TE UNS VERSOS MUITO LINDOS


Eu queria trazer-te uns versos muito lindos colhidos
no mais íntimo de mim...
Suas palavras seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz
as iluminaria que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão
escritas do lado de fora do papel...
Não sei, eu nunca soube o que dizer-te e este poema vai
morrendo, ardente e puro, ao ventoda
Poesia... como uma pobre lanterna que incendiou!
Mario Quintana.



O Poema


Um poema como um gole dágua bebido no escuro.
Como um pobre animal palpitando ferido.
Como pequenina moeda de prata perdida para sempre
na floresta noturna.
Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema. Triste.
Solitário. Único. Ferido de mortal beleza.


Mário Quintana.







"When you really want something,
sometimes you have to swim a little deeper...
You can't give up just because things don't come easy...

You have to overcome the obstacles and face your fears...
But in the end, it's all worth while!

Life is full of up and downs, but if you believe
in yourself you will always come through
with flying colors, value friendship, love and faith.
Never underestimate yourself.
Believe in yourself.
Have a good life".





O filme


Hoje revi partes de um filme dentro de mim. As imagens estavam amareladas, um tanto desfocadas. Dei pause seguida de stop e nem quis saber que movimento viria depois.
Sinto um pavor imenso diante destas marés do Passado, com meus navios afundados e lixos boiando. Respirei fundo e achei ar. Sou a única sobrevivente dos meus próprios naufrágios.

Michelle Rolim*









O curioso caso de Benjamin Button



Como não sou escritora de romances nem sei fazer nada melhor além de escrever sobre o que sinto e vejo, quis falar sobre este filme ao qual assisti já lá vão dois meses.
É muito diferente de tudo que li em livros e vi no cinema. Não é propaganda hahaha!
A grande questão que gravita em torno da história é o sonho de algumas pessoas, em poder fazer voltar o tempo. O filme mostra as consequência se isso ocorresse. A primeira é qdo um pai faz um grande relógio em homenagem ao filho morto na guerra. Na verdade, o relógio é alegoria da sua vontade em fazer o tempo voltar para reaver o filho perdido. No decorrer do filme, outros acontecimentos vão se desenrolando mas sempre sob a perspectiva do tempo em sentido contrário. Fez-me pensar sobre o que faria se pudesse voltar no Tempo. Algumas coisas me vêm à cabeça... Bem, mas é isso, então. Embora, longo e escuro, o filme é especial.


Mi*

quinta-feira, março 26, 2009


Fico calada, porque o silêncio que mora em mim me compõe e me parte em mil versos.
Sussurra, taciturno, teu nome em meu nome.
Qualquer argumento que eu use é em vão.
Todas as canetas em cada mão combinam palavras que queria dizer-te.
Por toda a parte, em teclados quietos se dedilham os carinhos que faria em ti.
Penso em dizer, mas me calo, pois é este silêncio que te trouxe em mais estes versos...
Mi*
Às vezes
Não é preciso dizer nada...
Os olhares cúmplices
E as mãos entrelaçadas
Dizem tanto
Tanto...
Que as bocas
Permanecem caladas
Para que não se gastem
Os verbos importantes
Que mais tarde
Poderão fazer falta
Noutras conversas
Noutros instantes
Onde o silêncio
Por si só
Não bastará
Para dizer
A verdade
Do sentimento
Que se esconde
Envergonhado...





Crenças e liberdade


Outro dia, estava vindo no carro com uma colega. Nosso caminho é tão lindo que ela declarou sua crença na fé cristã e, naturalmente, a crença em um deus que houvesse criado toda aquela paisagem. Evangélica, mas daquelas que respeita a opnião alheia, ela defendia sua ideia que tanta propriedade. Eu, no entanto, usando meus olhos pagãos (termo emprestado da "Clepsiadra" de Pessanha), lembrei de ter lido Umberto Eco (Os 7 passeios pelos bosques da ficção) dizer sobre a necessidade que tem o homem em encontrar autores para tudo. Vivemos nossas vidas como se houvesse um autor narrando os acontecimentos e a isso geralmente se dá o nome "Destino", "mãos de Deus". Vejo pairar nos corações a noção de um deus que, após ter criado céus, mares e o universo inteiro, torna-se um verdadeiro articulador meticuloso.
Eu, todavia, assinalei a opção "continuar acreditando num deus que não possui face nem nome". Propagaram demasiado a noção do Deus cristão a ponto de sua imagem ter se desgastado nas minhas ideias. Se existe algo ou alguém manupulando as circustâncias, prefiro pensar que se trate de uma união perfeita entre Caso e Acaso. Um pouco de verdade absoluta misturada a um pouco de casualidade. Há tanta beleza na casualidade... Não sei pq as pessoas não a levam em conta e se deixam conduzir pela suposta "exatidão" das regras inquestionáveis!...



O meu deus não tem nome. É uma energia. Alguém com quem sei que lido todos os dias dentro de mim. A diferença, talvez, esteja que, este tipo de deus, não é muito útil ao capitalismo que adora fisgar imagens para vendê-las. O tipo de deus em que creio não é eficaz na educação de pessoas que precisam se humanizar para não continuarem tão animalescas. Meu deus é como o "Meu menino Jesus", do texto de Fernando Pessoa.
Vive dentro de mim e na natureza, em tudo que é bom e bonito. Na consciência de nossos erros... na certeza de que nunca é tarde para nos tornarmos pessoas melhores a partir desta consciência, mesmo que, às vezes, isso possa não servir para nada além de nos enxergarmos como pessoas capazes de fazer bobagens e coisas boas ao mesmo tempo. Voltei pra casa mais feliz porque minha amiga foi como espelho que devolveu pra mim uma imagem livre da pessoa em que me tornei.
Livre, livre, livre... Feliz por ser livre.
Mi*

quarta-feira, março 25, 2009



Elegia



Nem os dias longos me separam da tua imagem. Abro-a no espelho de um céu monótono, ou deixo que a tarde a prolongue no tédio dos horizontes. O perfil cinzento da montanha, para norte, e a linha azul do mar, a sul, dão-lhe a moldura cujo centro se esvazia quando, ao dizer o teu nome, a realidade do som apaga a ilusão de um rosto. Então, desejo o silêncio para que dele possas renascer, sombra, e dessa presença possa abstrair atua memória.
Nuno Judice



Vanidade


Há dias em que tudo o que planejamos parece-nos que pega outro curso, cheio de independência em relação ao que queríamos. Hoje está sendo mais ou menos (completamente) assim.
Acabei ficando em casa, peguei um livro sobre morofologia para estudar, mas acabei apenas "catando milho", folheando sem muito rumo as páginas, marcando alguns rabiscos mais para preencher o tempo vazio do que por vontade. Escrevo, como diz Clarice, para compor meus silêncios, para olhar para trás no final do dia e pensar que ele não foi de todo em vão. E nunca o é.
Mi*
*****

Poema:

Sonhei contigo embora nenhum sonho possa ter habitantes
Tu, a quem chamo Amor, cada ano pudesse trazer
um pouco mais de convicção a esta palavra.
É verdade... o sonho poderá ter feito com que, nesta rarefacção de ambos,
a tua presença se impusesse - como se cada gesto do poema te restituísse um corpo que sinto ao dizer o teu nome, confundindo os teus lábios com o rebordo desta chávena de café já frio.
Então, bebo-o de um trago o mesmo se pode fazer ao amor, quando entre mim e ti
se instalou todo este espaço -terra, água, nuvens, rios e o lago obscuro do tempo
que o inverno rouba à transparência das fontes.
É isto, porém, que faz com que a solidão não seja mais do que um lugar comum... saber que existes, aí, e estar contigo mesmo que só o silêncio me responda quando, uma vez mais te chamo.
Nuno Júdice.






A estátua do Corcovado é a imagem mais bonita que
fizeram do Cristo: um deus de braços abertos e não
com feições de dor pregado na cruz.





Um a mais

...

Sonhei contigo esta noite, foi bom voltar a ver-te. Estavas sentado, enviando-me pelo laptop canções que nunca ouvi, cheguei de mansinho e balbiciei qualquer frase para poder penetrar o teu silêncio sem assustá-lo. Teus gestos não me pareciam muito ávidos, estavas calmo, com uma leve sombra nos olhos. Mesmo assim, abraçou-me com paixão. Beijamo-nos diversas vezes, colhemos carinhos nas pontinhas dos dedos um do outro, caminhamos um pouco e tudo o que tínhamos à frente era o longo caminho de uma rua nua, sem asfalto nem calçamento. Apenas a terra seca e a íngreme estrada. Como sempre, foi ma visão tão e demasiamente real que ainda posso te sentir nos meus braços, como um menino perdido farejando abrigo. Despedimo-nos entre outros milhões de beijos e carícias. Não vi quando tu te foste ou como fui tola em ter saído da tua presença. Mesmo num sonho, não deveria tê-lo deixado sozinho. Nem por um minuto. Acordei sorrindo. Havia muito tempo que não o via em sonhos assim. Continuei a dormir, desejando que tivéssemos chegado até o topo daquela vista juntos. Inseparáveis... Sonhei contigo esta noite e foi muito bom voltar a ver-te.

segunda-feira, março 23, 2009


...
Carpe diem
Fogem-te, por entre os dedos,
os instantes; e nos lábios dessa que amaste
morre um fim de frase, deixando a dúvida
definitiva. Um nome inútil persegue a tua memória,
para que o roubes ao sono dos sentidos. Porém,
nenhum rosto lhe dá a forma que desejarias;
e abraças a própria figura do vazio. Então,
por que esperas para sair ao encontro da vida,
do sopro quente da primavera, das margens
visíveis do humano? "Não", dizes, "nada me obrigará
à renúncia de mim próprio --- nem esse olhar
que me oferece o leito profundo da sua imagem!"
Louco, ignora que o destino, por vezes,
se confunde com a brevidade do verso.”

Nuno Júdice


P.S. Colhida do blog:
http://mar_praia.blog.pt/





“Caminho pela praia, areal imenso.
Ao longo do verde e do azul
Exala um perfume a maresia.
Junto ao mar sento-me tristemente:
Sinto uma serenidade nostálgica,
Olho o horizonte e falo com o mar.
Confio-lhe os meus pensamentos,
Falando em ti.
De cada uma das tuas palavras
Que agitam a minha alma.
Na beleza do silêncio compreendo
Que preciso criar uma aura dourada
De felicidade e encantamento
De amar e ser amada
E saber que sempre é tempo de ser feliz.”
De: Aura Dourada – Isa.
****************
Segunda-feira, 23 de março de 2009.
Há dias, ando às voltas com o livro do Mia, com a escrita da dissertação cheia de arestas a ser aparadas... Preparativos para a viagem a fazer saltar-me o coração com tantos pensamentos, algumas espectativas (não demasiadas). Tenho escrito mais. Embora tenha guardado nas gavetas dos desejos a escrita a punho, até que venho mantido uma boa relação com o laptop e, consequentemente, com este blog.
Venho escrito alguns textos, resgatado outros tantos que, por um motivo qq, me vieram à cabeça e os publiquei por cá... Tenho procurado produzir mais. Não deixar que os problemas esmaguem minha vontade de projetar sentimentos, opiniões.
Não sei pintar quadros, não sei escrever romances, tudo o que sei é falar sobre o que sinto, sobre o que penso... Sobre o que penso da vida, dos meus atos, dos livros que leio, dos filmes que vejo, das paisagens que me sacodem e me chama à Vida. Se é esta a minha missão, já me vieram algumas confirmações e, por isso, a abraço com toda minha nova devoção que é: praticar apaixonadamento o verbo "Viver".
Chega de arrastar correntes e maldições. É tempo de povoar desertos interiores!
Mi*



domingo, março 22, 2009


Minhas meninas...

Costumo dizer que as imagens de fadas que publico são "minhas meninas".
Amiúde, lembram-me amigas queridas, minha mãe... Imagens femininas por quem sinto respeito e apreço. Lembro de umas duas amigas de quem me afastei, mas que serão sempre "my grils", fadas madrinhas. Afastei-me de uma dela sobretudo. Cometi erros. Não tenho coragem de procurá-la.
Sei o quanto vivia magoada com a Vida, maldizendo as pessoas que lhe tinham machucado. Sei que faço parte, agora, de sua lista negra. Já vinha ouvindo tantos agouros. Por isso, me calei depois dos desentendimentos. Não bati à sua porta, insistentemente, pedindo desculpas, já que sabia bem tudo o que iria ouvir e, de qualquer maneira, não sei se, de fato, o nosso tempo não já passou.
Aqui dentro não. Coração parece ser como a Terra do Nunca onde vive eternamente Peter Pan. O tempo não passa como se passa do lado de fora. É meio doido isso. Mas de fato é assim... a cronologia do coração é especial. E nestas terras, estamos juntas, jamais nos separamos. Jamais errei. Jamais ela leu palavras rudes que lhe disse obliquamente... Sinto saudades dela. Da melancia picadinha que me leva à cama antes do "Boa noite". Comia-as lendo um livro. Foi uma irmã. A história de nossa amizade foi um encanto e, por certo, as estrelas não leem iguais à nossa todos os dias.
Enfim, deixo esta nostalgia de lado um pouco. Queria dizer e já o disse. Minhas meninas representam para mim espasmos de recordações, respeito, apreço e carinho por perfis femininos que, de alguma forma, me deram à mão em alguma altura da minha vida.
Mi*

P.S. Outro texto que colhi de "céus alheios" num destes voos que faço à procura de néctar.
...
CEGO EM PARIS

Dizem que havia um cego na calçada em Paris, com um boné a seus pés e um pedaço de madeira que, escrito com giz branco, dizia: "Por favor, ajude-me, sou cego".
Um publicitário, da área de criação, que passava em frente a ele, parou e viu umas poucas moedas no boné. Sem pedir licença, pegou o cartaz, virou-o, pegou o giz e escreveu outro anúncio. Voltou a colocar o pedaço de madeira aos pés do cego e foi embora. Pela tarde o publicitário voltou a passar em frente ao cego que pedia esmola. Agora, o seu boné estava cheio de notas e moedas. O cego reconheceu as pisadas e perguntou-lhe se havia sido ele quem reescreveu o seu cartaz, sobretudo querendo saber o que havia escrito ali. O publicitário respondeu: "Nada que não esteja de acordo com o seu anúncio, mas com outras palavras."
Sorriu e continuou seu caminho. O cartaz dizia: "Hoje é primavera em Paris e eu não posso vê-la.”


P.S. 2: O fato é que há sempre milhões de maneiras de dizermos uma só idéia. Embora, às vezes, todas as palavras nos calem, silenciem-se e voem para céus distantes como aves tangidas por forte vento...





Niterói - RJ






Em meus voos por céus alheios nesta noite,
colhi umas "flores" e as quero deixar aqui, para enfeitar meu diário.
Visitei um blog novo. Uma voz muito sensível se autobiografava por trás das palavras. Achei bonito o poema abaixo. Há anos não experimento, não saboreio o espírito de palavras assim. Palavras que nos arrancam páginas por dentro, e se escrevem por cima de outras, impondo a presença avassaladora de sua alma.
Bem, é isso, então. As flores nos enfeitam na janela que se segue...

******

Diário da tua ausência
...
"Sei que um dia voltarás a caminhar ao meu lado pelas
mesmas ruas de sempre, onde há portas de casas mais
baixas que nós e a luz amarela dos candeeiros antigos
protege os amantes e os seus sonhos
ainda e sempre por realizar.
O teu feitio tranquilo e conciliador vai encontrar
uma forma subtil de apoximação (...)
e sei que não te vou resistir...
Sei que vou sentir-te outra vez como se nunca me
tivesses saído do sangue, mas espero já ter
aprendido a viver com isso.
Há amores que nunca morrem, não há?
Por isso, até conseguir alcançar esse estado de sabedoria
e despredimento, preciso de paz e de silêncio,
para que o meu luto não seja em vão. Infelizmente não posso usar a minha segunda visão
para tentar adivinhar como te sentes, se estás feliz na
tua cidade, se te apaixonaste por outra mulher
ou vives os dias como eu, afogado em trabalho,
e quando te deitas à noite, a tua cama é tão
vazia como a minha e se enche de saudades minhas,
enquanto choro com saudades tuas. (...)
de Margarida Rebelo Pinto*

***




Linda a fotografia, não?

"Roubei" do álbum de uma amiga que vive em outro país. Aliás, é uma das amigas mais divertidas que conheci pela internet. Distraio-me vendo seus passeios, lendo as legendas...
É um dos raros álbuns que visito, pq não não vejo mesmo muitos.
De um ano para cá, então... quase não visito mais perfis em Orkut, a não ser uns quantos já pré-selecionados, nos quais faço questão de deixar rastro e comentários.
Passei o dia inteiro estudando espanhol. A Gabi me passou o endereço de um site com ótimas aulas de línguas. Parei o de inglês, pq o espanhol está mais urgente, batendo à porta.
Olhei meu Lattes, e conclui que as atividades estão mal distribuídas... Tenho de rever isso, saber quais congressos publicaram resumos meus. Haverá ABRAPLIP neste ano, em Salvador.
Queiram os deuses que possa ir. Estava com ideias sobre o livro do moçambicano Mia Couto e Saramago, ainda aguardo a USP aprovar meu artigo. Bem... O dia friozinho hj me deixou feliz.
Sexta foi um dia de decisões importantes, sobretudo, pro meu coração.
Está perto de eu escrever o texto sobre a Libertação. No caso, a minha libertação tardia. Afinal, sinto que estou desfazendo laços antigos definitivamente, e daqui sinto o cheiro doce de canela com açúcar da liberdade.
Boa noite a mim, a quem me ler... (Eu no futuro).


**********

quinta-feira, março 19, 2009

Metamorfoses irresistíveis e indispensáveis!


Decisões

Hoje, foi um dia daqueles em que as tomadas de decisões foram mais exigentes, mais urgentes, mais difíceis. Ainda estou com uma leve dor de cabeça, diante de tanta titubeação minha.
Mas, acredito que tenha tomado a decisão correta.
Submeti o artigo para a revista da USP. Agora é só aguardar um Sim, ou um Não.
Estou no finalzinho da leitura de "Terra sonâmbula", do moçambicano Mia Couto.
Fiquei tão envolvida pela leitura que não demorou e já estava chegando ao término.
Envolvente, diferente de tudo que li.
Talvez, haja alguma semelhança com "Grande sertão: veredas" só devido ao fato de haver um grande número de palavras regionais.
Vou tentar relaxar. Recusei o convite de passear à noite, na praia, pq preciso ficar quietinha. Tantas mudanças me deixam tonta...
Até!... (a mim mesma).
Mi*

"You cannot find peace by avoiding life"- Virginia Woolf.

segunda-feira, março 16, 2009

Solar do Jambeiro - Niterói/ Rio.



A primeira vez que estive neste antigo casarão foi num passeio realizado pela faculdade, na época de graduação. Foi uma tarde deliciosa. Alguns anos depois, vi uma peça itinerária sobre a vida de Machado de Assis. Nunca esqueço de nós acompanhando os personagens, sentandos à mesa com eles, tornamo-nos parte das cenas e voltamos ao século passado num ambiente mágico!... Pena a peça não ter recebido os méritos que mereciam... No mais é isso. Deixo esta imagem de mais um prédio de nosso imenso país e me ausento diante de tamanha falta de inspiração.
Mi*










PROMESSA

És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante.




Shopia de Mello Breyner Andresen.


P.S. I took this photo from Shaliesh's album (Orkut). My dear friend*.

A última rosa

Disseram-me sobre um túmulo de palavras.
Será que é este aqui? (pensei).
Uma voz me disse: É preciso deixar a última rosa para sentir se é verdade.

Mas, antes de deixá-la, quis me demorar um pouco mais com ela ali, inteira nas mãos. Lembrei-me da primeira vez que o vi. Resplandecia tu... Nascia eu.
Tudo gravitou em torno de ti e, por isso, deixei-me a sós, me pus à espera de um novo tempo. Este tempo não veio, embora me tivesse deixado a porta entreaberta e aquelas brechas me dessem esperanças, falsas expectativas que me enfeitavam a vida enquanto a morte não chegava.
Fui até às palavras deixar-te esta última rosa, não há mais outra em meu coração.
Dei-te todas e todas se despetalaram, ressecaram-se, cobriram o chão do meu passado de um cheiro fétido de desilusão. Contudo, havia nos restado ainda esta. Tinha a guardado para enfeitar este túmulo de palavras. Foi o que sobrou.

A morte foi lenta, milimetricamente lenta, contada... O tempo me disse É hora de dizer Adeus. Eu me preparei. Enfeitei os cabelo com a última rosa, guardei a ilusão debaixo da terra, sacudi a tristeza, enrolei o Passado com fios das minhas lágrimas, levantei para estender nestas palavras inteira a rosa: seus espinhos, cabos e pétalas que se desfarão e apodrecerão, como o meu amor.

domingo, março 15, 2009


Tu me chamas

Em momentos de delícia,
Extática, embevecida,
Numa voz, toda carícia,
Tu me chamas: "Minha vida!"
Sentira, à frase tão doce,
Exultar-me o coração,
Se a nossa existência fosse
De perpétua duração.
Levam-nos esses momentos
Ao fim comum dos mortais.
Ou não saiam tais acentos
Dos lábios teus nunca mais,
Ou, mudando a frase terna,
"Minha alma", podes dizer.
Pois a alma não morre; eterna
Qual meu amor, há de ser.

Lord Byron*


ELA CAMINHA EM FORMOSURA... noite que anda num céu sem nuvens e de estrelas palpitantes, e o que há de bom em treva ou resplendor se encontra em seu olhar e em seu semblante: ela amadureceu à luz tão branda que o céu denega ao dia em seu fulgor. Uma sombra de mais, em raio que faltasse, teriam diminuído a graça indefinível que em suas tranças cor de corvo ondeiam ou meigamente lhe iluminam a face: e nesse rosto mostra, qualquer doce idéia, como é puro seu lar, como é aprazível. Nessas feições tão cheias de serenidade, nesses traços tão calmos e eloqüentes, o sorriso que vence e a tez que se enrubesce dizem apenas de um passado de bondade: de uma alma cuja paz com todos transparece, de um coração de amores inocentes.
Lord Byron*


*******

SHE WALKS IN BEAUTY like the night
Of cloudless climes and starry skies; And all that's best of dark and bright
Meet in her aspect and her eyes: Thus mellow'd to that tender light
Which heaven to gaudy day denies.
One shade the more, one ray the less,
Had half impair'd the nameless grace
Which waves in every raven tress,
Or softly lightens o'er her face; Where thoughts serenely sweet express
How pure, how dear their dwelling-place. And on that cheek, and o'er that brow,
So soft, so calm, yet eloquent, The smiles that win, the tints that glow,
But tell of days in goodness spent, A mind at peace with all below,
A heart whose love is innocent!
by: Lord Byron.

GESTO


Eu em tudo
Te vi amanhecer
Mas nenhuma presença
Te cumpriu,
Só me ficou o gesto que subiu
Às mais longínquas fontes do meu ser.

Sophia de M. B. Andresen.

P.S. I took this photo from Shaliesh's album (Orkut). My dear friend*.

RECONHECI-TE


Reconheci-te logo-destruída

Sem te poder olhar porque tu eras

O próprio coração da minha vida

E eu esperei-te em todas as esperas.

Conheci-te e vivi-te em cada deus

E do teu peso em mim é que eu fui triste

Sempre. Tu depois só me destruíste

Com os teus passos mais reais que os meus.

Sophia de Mello Breyner Andresen.

sexta-feira, março 13, 2009


"Cada segundo que passa é como uma porta que se abre para deixar entrar o que ainda não sucedeu, isso a que demos nome de futuro, porém, desafiando a contradição com o que acabou de ser dito, talvez a ideia correcta seja a de que o futuro é somente um imenso vazio, a de o que futuro não é mais que o tempo de que o eterno presente se alimenta”


José Saramago, In: "O homem duplicado".

NOITE


Noite de folha em folha murmurada,
Branca de mil silêncios, negra de astros,
Com desertos de sombra e luar, dança
Imperceptível em gestos quietos.

Sophia de Mello Breyner Andresen.


A palavra-chave
...

Sabias... eras tu a palavra chave.
O amuleto da sorte.
Aquilo que chamava meu, porque sentia por dentro.
Por fora, o bater das asas resplandecia no meu jeito de olhar, nas mãos geladas, no coração acelerado. Eram as asas de dentro voando pelo céu do meu corpo.
Mas, suas mãos suadas e ávidas, por explorar terras, não as sentia.
Nos meus textos, seu nome era a marca recorrente.
A imagem que amúde aparecia, alegorizando vulcões, pontas de icebergs, razões sem as menores razões de o tempo fechar ou se abrir com seu pouso.
Seus voos o fizeram parar (para sempre) noutros galhos.
O mundo é tão grande, e há tantas e demasiadas partes de céus, do mesmo céu que somos todos.
Quando os Quatro Ventos visitam-me, lhes peço que pouse em seus lábios as lembranças dos beijos que bebemos, para que, em meio às tantas paragens, carimbem eles em seu coração os instantes em que voamos juntos.
...
"How to pull it close and make it stay?"

Diary

É... já há algum tempo que não tenho mais diário, já postei aqui o quanto acho impessoal este tipo de autobiografia na tela do computador; por isso, talvez, tento personalizar ao máximo o blog, deixá-lo com um toque mais fiel a mim.
As letras cor de chocolate, as perosnagens míticas de mulheres aladas, livres... as borboletas insinuando as metamorfoses... Talvez, tragam um rosto autoral mais definido. Se bem que, num mundo de duplicados (diria Saramago), parece difícil traçar um perfil só nosso.
No início desta semana, deixei-me levar pelas sugestões do blog, e fui trazendo alguns recursos novos, enquanto ouvia canções de que gosto.
Quem inventou a máxima de "quem canta os males espanta" estava coberto e recheado de razões. Faz tão bem ouvir, cantar... (embora eu seja uma exímia "descantora").
Minha aulas começaram esta semana. Sinto-me animada!
Não sei, não sei... mas estou me sentindo feliz hoje, e por nada aparente, aliás... é pq estou viva e me sinto assim. That's all.
Na esteira do tema sobre diário, lembrei de Lejeune. Acho que nunca conheci um texto que desse, à escrita memoralística, tanta atenção.
E nem estes diários modernos (blogs, flogs, etc.) ficaram de fora de suas avaliações.
A vida é muito sábia...
Quando pensamos que estamos no caminho errado, ela nos apruma e nos faz ver "era isso que vc deveria aprender!".
Entrei no mestrado com o projeto sobre as personagens míticas em Saramago, e eis-me falando sobre sujeito na sua escrita. Logo eu que sempre escrevi diários (desde os nove anos) estava entrando em contato com textos que me explicavam pq as pessoas escrevem em auto-referência, e, aos poucos, fui entendendo a minha vontade nata de escrever. Ou aceitando-a...
Agradeço à Vida, homenageio-a e peço desculpas pelas tantas vezes que pequei (do meu jeito) contra ela. Seja magoando pessoas amadas, seja magoando a mim mesma.

"I get wings to fly. I'm alive!"...
"... I am alive!"
Celine Dion.

segunda-feira, março 09, 2009


"Quando penso que não tenho mais palavras,
a sua inspiração me arrebata e enche meus olhos de poesia....”

...
Meu amigo Rafa Adelino mandou-me estes dias uns livros de Sophia, atachados no e-mail. Não tive tempo de olhá-los, mas quando pude ler fiquei encatada com as poesias que, há um ano, tinha lido. Agora, sem o peso de datas para entregas de trabalho, pude deliciar-me com as letras sophianas e ler assim sem compromisso é ler com mel nos olhos.
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PROMESSA
....


És tu a Primavera que eu esperava,
A vida multiplicada e brilhante,
Em que é pleno e perfeito cada instante.


S.M.B.A.

Seres de papel

Ontem estava arrumando meus livros nas prateleiras, e, abrindo alguns,
reli dedicatórias que me deixaram os amigos... Sem querer, quando abri o perfil do Orkut tb me chamaram a atençãoos testimonials postados. Pensei sobre aquelas palavras, ditas, escritas, sentidas no instante da escrita. Cada vez, me certifico do quanto me é fecundo estudar literatura... Tornamo-nos íntimos das letras e, sobretudo, mais próximos de compreender os seres de linguagem, seres de papel, ou sujeito literário, como o chamo. O fato é que, no ato da escrita, um novo ser surge ali.
Já não somos nós exatamente (cartesianamente falando).
Abrimos espaço, quase incosciente, a uma figura que nasce durante a escrita e que, por vezes, escreve coisas que pouco têm a ver com a intenção inicial de quando começamos a escrever.
Um ser que se deixa arrastar pelo "ludismo verbal" (Saramago) e, nasce nas palavras, ganha o nome que lhe quisermos dar... Inspiração, intenção em ato, mas sempre seres novos... Deixando-nos pegadas de que, algum dia, viveram para nós, só por nós.
O Eu se apaga, acendendo a luz da escrita. Só ela se projeta e se insinua!
As palavras lidas nas dedicatórias me fizeram pensar que, talvez, aquele ser de papel
que as escreveu tenha existido apenas ali, naquele momento da caligrafia, quando os contornos das letras se desenhavam e se manifestavam em minha direção.
E que importa se não vivem mais exatamente como foram? Eles existiram, isso basta.
Pousei um beijinho invisível nas palavras dos meus amigos e amigas.
Tb eu já escrevi diversas dedicatórias, em livros e em correspondências.
Os sentimentos que me orientaram enquanto escrevia, talvez tenham me deixado, como um pássaro que pousa no galho da árvore, fica ali por instantes (durante a escrita) e depois parte levando a Inspiração para outros lugares, outras partes de nós, outras gentes... E talvez ele esteja voando aqui entre meus dedos, enquanto escrevo sobre estas lembranças, enquanto tento refazer os caminhos percorridos por aquelas letras.
M.*i.*c.*h.*e.*l.*l.*e.*

domingo, março 08, 2009


"Eu sou a faca e o talho atroz!
Eu sou o rosto e a bofetada!
Eu sou a roda e a mão crispada,
Eu sou a vítima e o algoz!"

Baudelaire.

segunda-feira, março 02, 2009



Paisagens

...

Passaram-se os dias que, desde o século XI, foi incorporado ao cristianismo...
Trata-se de uma festa pagã, de quando o povo agradecia à mãe-Natureza pela boa
colheita. Hoje, o termo, em intaliano, carne vale, ou adeus à carne, é a festa dos
que aproveitam os dias que antecedem a quaresma, qdo acredita-se que ninguém
comerá carne alguma... Ledo engano...
Passei os dias na praia. Eu que pouco gosto de me torrar no sol, sempre acabo na praia.
Caminhei todos os dias... Havia águas mansas... Convidativas.
Gosto de praia, "é um bom lugar pra ler um livro", afinal de contas!...
Por falar em livros...
Acabei a leitura de "O homem duplicado" (surreal! adorei-o), fiz as alterações na dissertação que a orientadora sugeriu. E a paisagem aqui dentro?
Não sei dizer bem...
Discuti com uma amiga pelo MSN. Fiquei nervosa. Um pouco.
A Gabi é uma velha amiga e mto querida, mas peca, um pouco, com "sincericídios".
E eu não aguento mais ouvir nada que me desagrade, sem falar uma coisinha de leve
que seja... Mas, devo admitir que, sempre, o melhor é ficar quieta, levantar a bandeira da paz. Sempre, sempre. Não levo nada de bom pra casa me desentendendo assim.
Ela postou uma frase rabugenta no MSN, e eu não a cumprimentei.
Depois, ela falou comigo, e lhe disse pq fiquei quieta.
Acabamos discutindo. Depois, pra distrair, lhe contei uma história do Réveillon, e ela
surgiu novamente em ponto de bala. Outra vez, nos desentendemos.
Nunca discutimos, em 12 anos de amizade, mas há sempre a primeira vez.
Escrevo para descobrir como está a paisagem aqui dentro. A escrita me devolve esta imagem de mim: estou chateada por não ter me mantindo em silêncio.
Enfim, é isso!
Mi*