quarta-feira, dezembro 21, 2016



Fim de ano

Chegou a época do descanso... 
De acordar tarde, de ir mais vezes à piscina,
De voltar a ver com mais frequência aquela amiga querida.

 Tempo de tirar da prateleira os livros 
que a poeira insiste em amarelar, 
os ler com a rapidez do pensamento e sem preocupação
com a hora de terminar.

Chegaram os dias ensolarados, temperados de 
chuvas refrescantes e cheirinho de terra molhada, 
rapidamente aquecida de novo. 
Tempo de pé descalço na areia daquela praia favorita.

É fim de ano.
Há pessoa apressadas tumultuando as ruas,
presentes nas mãos para o filho que nos recebe
com alegria e com o brilho das estrelas nos olhos.
É tempo de férias, de sorrisos ao lado das pessoas
que mais viveram nossa ausência durante o ano inteiro.

É tempo de viver e ser um pouco mais feliz. 
Afinal de contas, é hora de dar boas-vindas às 
Férias!

segunda-feira, abril 11, 2016



Choca-te?

Há anos a realidade de meninas e jovens em países muçulmanos tem sido esta vista na imagem. Choca-te. Choca-me. Choca-nos. Pois tirar de alguém o direito de viajar nos tapetes mágicos dos livros é cruel, é inadmissível. 

Temos alunos surdos-mudos e sempre reflito sobre a sua condição silenciosa, limitada. Como qualquer pessoa que ouve e fala normalmente, entre os surdos-mudos há uma certa hierarquia cognitiva (por motivos diversos [falta de oportunidades ou mesmo de interesse]). Alguns conseguem aprender a ler bem, outros jamais conseguem sequer expressar nada além de suas necessidades básicas. Infelizmente, seus mundos serão menores, encurtados, emparedados como em labirintos. Porque através da leitura seus universos interiores seriam bem menos silenciosos do que nos parece.

Poder ler, escrever, entender o que é dito em sua língua abre cortinas, janelas, portas que jamais serão fechadas. Ninguém pode arrancar de nós a reflexão garantida pela leitura de uma boa narrativa, por sua história envolvente. Mas tratar mulheres como deficientes mutila, desconfigura seus sonhos e acaba, de vez, com as chances de horizontes mais ampliados. 

Minimizar a capacidade delas de pensar e ver que há mais chão do que o árido onde pisam deixam sequelas e feridas que não serão curadas até que alguém acerte, com uma bala de prata (último recurso para acabar infalivelmente com o mal) bem no seio de sociedades machistas que nada somam, que nada de bom acrescentam ao mundo e à humanidade com seus hábitos excludentes. Cruéis.

Bom que moramos em país livre deste problema. Ao menos desse...
Mi*

quarta-feira, fevereiro 03, 2016




Afastamo-nos, porque é preciso...

A maioria das mulheres que optam por estudarem e alcançarem sua independência financeira, inicialmente, pode até achar um tanto entediante o papel daquelas que são "apenas" mãe e dona de casa. Mas, para algumas, a maternidade pode mudar totalmente certas linhas de pensamento.
Há um valor enorme por trás dessas grandes mulheres (como a minha mãe) que não sabem desempenhar outra função, porque fazem a sua muitíssimo bem. Há, enfim, um valor que não há como ser medido por trás desse papel diário e real de se doarem e cuidarem dos filhos e do seu lar por vontade, pela força doce do seu querer sincero e genuíno. Às vezes, os tais cuidados se estendem até lares dos filhos já adultos, ajudando-os sempre, para sempre.
Estando na função daquela mulher que desempenha outros personagens também fortemente reais, como o daquele que precisa sair de casa para voltar ao trabalho, sabemos esse regresso é digno, é necessário, mas dói. As outras profissões de Mãe e Dona de Casa já possuem, por suas vezes, uma carga de tarefas extensas. Pode parecer melodramático, mas, como todo drama, acumular mais tarefas ainda ao seu currículo diário (como o meu) é complicado e se afastar de quem se ama torna tudo um pouco (muito na verdade) mais complicado. 


Dói, porque não vamos ver nosso filho acordar (no caso das mães de bebês), por não presenciar uma infinidade de 1as vezes... No meu caso, particularmente, por não ver minha Yasmin dançar toda vez que suas canções favoritas se iniciam, por não vê-la procurar meu olhar para se certificar de que a estou observando e, feliz, rodopiar em volta de si mesma até cair sorrindo o sorriso puro dos anjos...
Mas, é como na canção do Beto Guedes "A abelha, fazendo o mel, vale o tempo que não voou", porque, sim!, as mães que saem para ganharem o pão de cada dia cobrem-se de motivos, mas tudo valerá a pena. Claro que sim. Parodiando Pessoa, no seu "Viajar é preciso", o fato é que afastamo-nos, porque nos é preciso... 
Venha mais outro ano letivo!
by Mi.