sexta-feira, dezembro 31, 2010



Último dia do ano


Estava pensando sobre o que escrever... Sobre meus 3 desejos? Hum... saudade de algum Réveillon em especial? Agradecimento? Mas optei por falar sobre minhas observações em relação ao forte apelo da mídia por toda a parte. Apelo de fuga, de “Saia de casa!” etc. Como se ficar em plena quietude e paz fosse pecado. Vejo e anoto, como alguém que parece estar de fora, distante, "contemplando o espetáculo do mundo", como diria Caeiro.
Na TV, rádio, entre os amigos, nesta época do ano a pergunta frequente é onde se vai passar a virada do ano. Sentimo-nos meio que "obrigados" a ir a alguma praia só para não passar em branco, para ter o que comentar com o pessoal. Há uma pressão.
Isso é evidente, de tal modo que, se não atendermos ao apelo do senso comum, é como se não estivéssimos vivendo, porque "viver é fazer o que todos fazem". Mesmo que, ás vezes, nem seja exatamente isso que se deseja verdadeiramente fazer?
Há pessoas, de fato, que preferem calmaria á agitação. Sou uma delas. Eu sempre fui meio introspectiva, hoje em dia então... mas gosto de passear entre amigas, claro. Longe de aglomerados de homo-sapiens, de preferência. Para mim, só faz sentido, se fizer aquilo que meu coração e natureza me pedem. Eis que ficarei em casa na companhia doce da minha mainha (forte como uma rocha!). E depois da ceia, vou conversar com ela até adormecermos...

Depois dos réveillons na Ilha de Itaparica, Salvador, Recife, em Copacabana (era sonho de adolescência), tudo o que quero, neste ano, é ficar longe de multidões e da hipocrisia que seria se viajasse sem vontade.
Lembrei das aulas de inglês, no cursinho... A prof. nesta altura, costuma pedir ao aluno que escreva sobre sua "New resolution". E é exatamente acerca disso que também quero falar... Meu novo alvo é um antigo... quero agir com muita sinceridade em relação a mim mesma (sondar sempre o que realmente diz meu coração); quero saúde pra continuar seguindo e muitos, mas muitos sorrisos! Acabei tocando nos 3 desejos ao "gênio da lâmpada".
Enfim!...
Feliz 2011 a todos!
Saúde, prosperidade e muito amor.

quarta-feira, dezembro 29, 2010






Meu amigo Rafa pediu pra eu escrever algo sobre nossa amizade para uma promoção num site. Foi uma alegria relembrar do nosso último encontro, no centro do Rio, ainda em 2007.
Quis postar aqui tb...
Mi.

Despedida entre áspas
(A.M.I.Z.A.D.E.)

Era uma linda tarde de verão carioca. O céu estava tipicamente limpo, cristalino até. Havia um leve brisa, costumeira em alguns pontos do centro do Rio de Janeiro. Eu e meu amigo Rafael Fortes marcamos nosso encontro antes de ele voltar a morar no Paraná. Marcamos no Liceu Literário Português (onde nos conhecemos numa aula de francês). A logística era boa, porque fica em frente á estação de metrô da Carioca. Fácil acesso para mim, vinda da Tijuca. Nesta tarde, resolvemos passear por algumas igrejas barrocas, pelo Real Gabinete Português (checamos abertura de cursos), nos extasiamos com a arquitetura e imensa biblioteca (como sempre).
A estátua de Camões em frente ao Real, como sentinela velando pelo patrimônio intelectual, é imperdível. Impossível não parar e contemplá-lo por alguns minutos. E, claro!, fomos tomar um café no restaurante do suntuoso Centro Cultural Banco do Brasil. O lugar é um charme. Com um lindo piano de cauda, preto, luz amarelada, mesas e cadeiras de uma madeira delicada e estofados confortáveis. (Até parece que foi um lanche caro descrevendo assim. Foi baratinho...).
A tarde foi linda. Conversamos sobre literatura, relacionamentos, planos de viagens, ensino, livros, Europa (nunca fomos! [Ainda]), fizemos lindas fotos que, ainda hoje, habitam nossos arquivos no Orkut (somos orkuteiros tb!). Ao entardecer, ele me levou até o ponto de ônibus ao lado da Candelária [ou foi no dia que me deixou na Lapa?). Ambos de volta á Zona Norte, mas para bairro diferentes. Abraçamo-nos como amigos cônscios de que o reencontro tardaria um pouco. Já lá se vão 3 anos...

Ele me deu um presente (aquele cordão comprido da moda, com um pingente grande prateado e cravejado de pedras em tom caramelo). O caminho para a casa foi longo, não pela distância, mas pelo trânsito àquela hora... Foi bom, porque tive tempo para refletir mais sobre como adorei ter conhecido meu amigo querido em 2006, em como sua amizade havia se tornado especial em minha vida... em como eu mesma devia ser especial por ter seu carinho e afeto verdadeiros, inocentes, como os de um irmão.
Bem... Essa é a singela história do nosso mais recente encontro, há três anos. Simples relato cheio de certeza de que aquela não foi a última vez que vi um dos meus grandes amigos. Amigo verdadeiro, daqueles que o tempo e distância com seus "Não's" não afastam de nossos vidas, tampouco de nossos corações... Há épocas que passamos tempos sem nos ligar, ou nos escrever, ou nos encontrar no MSN. Mas assiduidade nem sempre é sinônimo de carinho mútuo. No nosso caso, a ternura ultrapassa essas barreiras.
Com carinho,
Mi.
{Homegeando o Rafa Fortes}.

terça-feira, dezembro 28, 2010



Ciranda das emoções

Há alguns dias, li um textinho naquele site esotérico “Todos somos um”. Falava justamente sobre como confundimos nossas emoções com nossa identidade, como se cada sentimento representasse nós mesmos. Mas são apenas parte de nós. Eles existem á parte... de forma independente. Apropriam-se das nossas mentes e corações por questões psíquicas, fraquezas... é como se os alimentássemos.
Dezenas de pensamentos nos acometem ao longo do dia. Todos eles somados ás sensações que provocam fazem de nós uma verdadeira bomba ambulante de emoções concentradas, silenciosas (?).
Infelizmente, deixamo-nos levar muito pela enxurrada daquelas reflexões difíceis de controlar...

O mais legal é o trecho sobre nós, na verdade, sermos a consciência pulsante por trás das emoções. É difícil administrar nossos pensamentos, não deixá-los aflorar energias negativas, nada produtivas.
Meu amigo Lu diz "penso que, a todo instante, nossa consciência é turvada por um nevoeiro de sensações que nos tiram aos poucos do caminho...". Ele tem razão. Talvez seja essa neblina que nos torna cegos (saramaguianamente falando).
Por outro lado, em alguns casos, acho que essa neblina que nos rouba a lucidez, e consciência de tudo ao longo do dia, é a mesma que nos faz esquecer das coisas ruins ás vezes. Ou seja, tudo tem seu lado bom e ruim de fato.
A gente precisa dessa alienação pra não ser rancoroso... para poder seguir em frente sem mágoas dos dissabores da vida. Cantaria Seal "Nós nunca vamos sobreviver, se não perdermos um pouco a lucidez" (tradução "crazy" minha).

Meu questionamento é? Como equilibrar forças mentais (pensamentos) com bom senso? Como direcionar sentimentos se eles nos rodeiam como numa ciranda?
Como ser consciente 24 horas por dia se já percebi que a alienação exerce, concomitantemente, papel salvatório também?
Por isso, é bom escrever, conversar, pq a linguagem, qdo estimulada, põe na superfície tudo o que subjaz em nós. Pelo menos, é bom refletir sobre como refletir melhor... A única benesse que vejo daqui do olho do furacão. Ao menos, nos textos escritos visualizo as pontas dos icebergs em mim...
Ai, hoje estou down (a lot!).
Mi.

P.S. Foto: Morro de SP-Ba, na primavera de 2010.
P.S. Crase não localizada no teclado.



"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens".



Fernando Pessoa.

segunda-feira, dezembro 27, 2010



Pequenas coisas


Por que as coisas mais importantes, por vezes, passam despercebidas? Será que são demasiado pequeninas? Do tamanho de uma formiga? Invisível a olhos nus?
Nem sempre!, porque, constantemente, elas são bem grandes, gente de carne e osso, mas não as vemos...
Era sobre esse tipo de insensibilidade para perceber o necessário e a realidade gravitando ao nosso redor de que Saramago tanto falou no “Ensaio sobre a cegueira”.
Claro que o essencial pode vir mesmo invisível aos olhos, para vermos bem só com o coração (Exupéry), pode ser aquele fio conectando nosso computador, dando energia para ele brilhar e exercer todas as suas funções... pode ser aquela amizade verdadeira que, em algum momento das nossas vidas, não demos (não damos) muita importância. São tamanhas as possibilidades. Há camadas e camadas de coisas especiais em torno de nós e, ainda assim, desenvolvemos uma cegueira horrível, branca como no livro, de tão clara e evidente que é o Real.
Eu me pergunto por que tanta dificuldade em reparar? "Olhar" todo mundo pode olhar, mas reparar é mesmo diferente. Por que desvalorizar o importante, supervalorizando ilusões? Elas, amiúde, são puros insetos e lixo psíquicos!


Eu pratico o desconcerto do mundo (Camões) e a cegueira saramaguiana... já que comporto em mim contradições e vivo, em alguns aspectos, de olhos vendados. Minha cunhada psicóloga diria “é resistência insconsciente”.  Receio de olhar de frente o Minotauro e ser devorada por ele... (A realidade pode nos parecer um monstro mítico). E o resultado disso é o congestionamento de sonhos, aguardando o sinal verde das dificuldades para poderem seguir em frente. Sem se apoiarem no Real, os sonhos estagnam. E o que era uma "inocente" proteção torna-se patologia. Isso fabrica pessoa cegas... "Cegos que vendo, não veem" (Saramago).  
Apesar da confissão, observo o despertar da uma consciência, há muito, adormecida, rasgando, devagar e sempre, o véu de Maya...
Sinto-me pronta para encarar mais (cada vez mais) os fatos e nao me deixar arrastar pelo "canto da sereia". Até que, um belo dia ensolarado desses, os velhos medos não me assustem mais... podendo, enfim, dar mais (muito mais!) importância ao que verdadeiramente é bom, importante, anti-supérfluo.
Mi.

domingo, dezembro 26, 2010



                                  

Foto: Rackel (priminha) e Léo (meu mano)


Singelos escritos de Natal

A noite de Natal estava bonita, estrelada, sem aquele calorão insuportável do Rio, de Cabo Frio. Feira é mais fresca à noite. Caem, em média, 10 graus. Tirei meu irmão no amigo oculto. Meu Léo... falei ao fone com quem queria... Senti saudades da Elisa, tentei lhe escrever...
Lembrei de um textinho de Pessoa, que conheci na época de facul. Todo estudando de Letras se encanta mais por uns do que por outros escritores. Acabei me inclinando muito à literatura portuguesa, porque tive ótimos professores. Se não fosse a Chris Ramalho, penso, talvez nem tivesse me aproximado mais da Lit. brasileira.
Quando comecei a ler Pessoa, me esbarrava com frases e textos tão doidos, doídos... alguns lindos. Dos heterônimos ao homônimo mesmo, há sempre alguma identificação. A lit. é mesmo atemporal... Deixo essas palavras abaixo. Queria tê-las posto no meu convite de formatura, em 2004, mas já haviam se apropriado delas uma colega. A herança cultural das Letras pertence mesmo a todos. Fazer o quê?
Que venha a noite de Reveillon cheia de paz, longe de multidões. Foi o que escolhi pra mim.
"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens".
Fernando Pessoa.

quarta-feira, dezembro 22, 2010




De volta

Tanto tempo sem vir aqui. Mais de um mês? Certamente. Ficar sem escrever é um tormento. Compensei, claro, fazendo algumas anotações num diário que ganhei este ano (Há dois anos, desde que saí da Tijuca, não escrevia mais a punho). Como meu lap morreu (ressuscitou em terras longínquas, porém), fiquei este tempo de castigo. Mas sabe?... Foi tão positivo. Li tanto. Estudei vários textos, analisei-os sem aquela ansiedadezinha de checar os e-mails, ler notícias e outras bobagens. Há tempos não sabia o que era viver sem internet, sem computador em tempo integral. O lado positivo: passei mais tempo dando atenção a pessoas de carne e osso, conversando, todos os dias, com meu irmão Di por exemplo. Aproximamo-nos muito, já que ele sempre foi fechado. Não que não houvesse carinho e amor por ele; afinal, viemos dos mesmos pais. Mas meu Léo sempre foi mais próximo (meu anjo lindo da "mã"). E o Lipe. Bem... O Lipe virou uma pestinha, a quem repreendo demais. Será que tenho sido muito dura com ele? Minha relação com meu irmãozinho foi cortada qdo ele tinha dois anos. Então, meu pequeno mais próximo continuou sendo meu Léo mesmo.
Mas, por que estou falando nos meus três irmãos?  

Este é o fascínio da escrita... ela nos levar (arrastar, conduzir) pelos meandros das nossas mentes, lembranças, como verdadeiros labirintos. E são de fato. Quando menos espero, escrevendo acesso a palavras inconscientes e descubro mais sobre mim, sobre esse grande coro de vozes que tecem a existência interior de um ser humano. Sim, porque temos tantas vozes cá dentro, é de autorrepreensão, é de culpa, é de afeto, desafeto, saudades etc.
Fora isso, viajei muito... Vi lindas praias. Conversei muito com minha mãe, me distanciei um pouco das amigas por motivos de estudo. No geral, enfim, foi um período que deixa saldo positivo.
É semana de Natal e só quero me inspirar em coisas boas. Nada de pensamentos ruins: só prosperidade, saúde e amor.
Mi.