quinta-feira, março 25, 2010

Soneto

Não chame o meu amor de Idolatria
Nem de Ídolo realce a quem eu amo,
Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo.
É hoje e sempre o meu amor galante,
Inalterável, em grande excelência;
Por isso a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença.
'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo;
'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento;
E em tal mudança está tudo o que primo,
Em um, três temas, de amplo movimento.
'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora;
Num mesmo ser vivem juntos agora.  

sábado, março 20, 2010



Alegria de viver
...
Volta e meia, ouço a música "I'm yours" no rádio ou nesses programas de TV em que passam clipes. 
A melodia alegrinha me levou (como de costume) a procurar detalhes da letra, porque, infelizmente, não consigo compreender toda ela sem ler. 
Fiquei encanta pela energia que as palavras transmitem: alegria de viver!... 
O clipe traz imagens ensolaradas, cheias de pessoas felizes simplesmente vivendo... Parei pra pensar nos pronomes possessivos. 
Afinal, por que nossa felicidade parece estar, constantemente, condicionada ao verbo "ter". 
"Tenho um carro, logo sou feliz".
"Tenho um marido, logo existo" etc. 
Mas por que, às vezes, parece tão difícil ver que a felicidade está em nós "só" pelo fato de existirmos? (e melhor! com saúde e tantos lindos etcéteras que certamente podemos listar).
Ouvindo essa musiquinha, me enchi de boas vibrações e lembrei dos momentos lindos que já vivi. Senti-me feliz com eles novamente. Sorri!... 
Nós somos da vida. 
Somos e tudo aquilo que nos compõe, aspectos sem os quais seria impossível nossa existência: do céu, do sol que nos permite viver sob a terra, somos do ar, da água e do Amor... 
Então, pra que se preocupar tanto com aquele concurso que ainda não publicou o edital? Ou com o outro realizado, mas sem as demais convocações previstas? 
Pertencemos à Vida, à Terra. Isso nunca vai mudar. Talvez a forma como existimos mude, mas sempre existiremos e logo... podemos ser felizes.
"There's no need to complicate... Look into your heart and you'll find that the sky is yours".
Mi*

terça-feira, março 16, 2010


Chuva e fim de tarde
..
Se há uma coisa que me apraz fazer é tomar café em qualquer dessas xícaras branquinhas que tenho aqui em casa, enquanto observo a chuva cair. Do alto então... a visão pode ser encantadora.
Ainda há pouco, caiu uma chuva daquelas que as águas, ao cairem, parecem grossas cordas descendo do céu. Era uma chuva bonita de se ver.  Vinha levemente inclinada e constante. Parecia um balé de pingos compridos e bem definidos os quais a gravidade atraía até beijarem o solo num ritmo frenético de quem quer muito dizer algo e diz sem descansar um segundo, sem respirar. Nem um sinal de vento a inclinava para outra direção. Ela caía límpida e certinha, lavando as ruas, os telhados dos prédios mais baixos, tocando o chão, deitando-se nele...
Tudo lá fora, agora, parece ter ganho um sopro novo de vida. O perfume das árvores mais doce... o hálito do chão mais fresco...
É o encontro da chuva e o fim de tarde. E o meu com o gosto bom do café na xícara de louça unindo as pontas que ligam os sonhos às fantasias...
Mi*





Every time I see you all the rays of the sun are
Streaming through the waves in your hair
And every star in the sky is taking aim at your eyes
Like a spotlight.
Air Supply.


"Ride do riso, mas ride!"

Retirei esta frase de "O nome da rosa". Enquanto lia o livro, ano passado (2009), me sentia um pouco entediada por vezes, curiosa noutras... Há toda uma aura escura, de mistério em volta do texto... Quem estaria assassinando os monges no mosteiro que abrigava a maior biblioteca na Itália (uma das mais completas do mundo medieval)??
Escrito em primeira pessoa então... parecia instigante, mas é claro... toda leitura, chegando a um momento, fica (sei lá...) enfadonha. Talvez para valorizarmos mais os ápices! Anyway!...
No final do livro, claro que descobrimos quem é o monge culpado de colocar o veneno nas páginas dos livros, a fim de eliminar todos os transgressores que, invadindo a biblioteca, se atravessem a ler outros livros às escondidas.
A todos só eram permitido ler as sagradas escrituras... Enfim...
O livro misterioso, escrito em grego, que gera as mortes, pq os envolvidos querem demasiado ler, é um de Aristóteles sobre a comédia. A Igreja não podia suportar que o povo aprendesse a rir. Precisava mantê-lo temeroso e sombrio como a Idade das trevas! (trevas pq faltava acesso ao conhecimento e trevas tb devido à égide do medo sob a qual o povo era, de certa forma, obrigado a viver).
Hoje, graças ao passar dos anos e seu avanços, podemos escolher entre o copo "metade cheio" ou "metade vazio". Podemos escolher entre rir e chorar, podemos escolher tantas outras coisas que sou levada a chamar nossa época de "A idade das luzes". Não esquecendo de que... luz demais cega!
Portanto... conhecimento demais deve cegar de alguma maneira... Alienação demais idem. E como encontrar esse equilíbrio entre a luz e a escuridão?
Talvez, tenhamos que agir como ensina aquele conto do Rei de Salém: "Contemplar as maravilhas do mundo, sem esquecermos das duas gotas de oléo na colher".
No mais, fica a deixa: "Ride do riso, mas ride!".
Mi-envaidecida por se sentir, hoje, leitora de Eco.

quinta-feira, março 11, 2010



Que me venha esse homem
..
Que me venha esse homem
depois de alguma chuva
que me prenda de tarde
em sua teia de veludo
que me fira com os olhos
e me penetre em tudo.
Que me venha esse homem
de músculos exatos
com um desejo agreste 

com um cheiro de mato
que me prenda de noite
em sua rede de braços
que me perca em seus fios
de algas e sargaços.
Que me venha com força
com gosto de desbravar
que me faça de mata
pra percorrer devagar
que me faça de rio
pra se deixar naufragar.
Que me salve esse homem
com sua febre de fogo
que me prenda no espaço
de seu passo mais louco.
Bruna Lombardi.

Semana da Mulher
...
Li, há pouco, esse texto da Bruna Lombardi e me surpreendi (adoro este tipo de surpresa!). É bom ver uma linda mulher ser tb inteligente além de sensível...
Na semana da Mulher, quis escrever sobre como me sinto feliz em ser mulher em 2010. Listar o que já conquistamos, sobretudo depois dos anos 60 com os movimentos feministas, seria clichê demais. Todo mundo sabe. Mas não posso me esquecer de que ser mulher, mesmo no século XXI, ainda não é fácil pra todas. As mais humildes, certamente, ainda se veem em situações medievais de se casarem como único destino a cumprir. Ou tantas matnêm casamentos de  fachada, porque não sabem como sobreviver fora do abrigo "santo" do matrimônio. Tantas privações devem viver que não seria errôneo se a confudíssemos com alguma dos séculos a. C.
Na verdade, isso ficou mais claro hoje, quando vi as meninas, do "Saia justa", refletirem sobre essa questão de ser mulher hoje.
Ademais, dentre nossas conquistas, a do conhecimento é a libertadora! Visualizei muito isso hoje vendo o filme "O nome da rosa". Li o romance ano passado, mas ver o filme foi enriquecedor (sempre o é!). O livro mostra bem o monopólio do conhecimento por parte da Igreja católica que deteinha  textos, valiosos longe da massa, a fim de que o povo não tivesse outro entendimento de leitura senão o da Bíblia (quanta alienação desencadeando séculos de atraso...). Se mesmo os homens não podiam acessar aos textos, imagine a mulher que era vista como um ser inferior, ruim, diabólico, que apenas servia para gerar filhos e orientar os "perfeitos" homens ao abismo dos pecados carnais... Aiii! como odeio essas teorias. Imaginar que até Rousseau compartilhava desse pensamento. Mas, quem sabe um dia, encontre ele e mais alguns machistas no Céu, no Limbo, ou no inferno, só para eu lhes dizer umas verdades... (hihi).
Enfim... a todas nós mulheres: meus parabéns! A uma especial... minha mainha: quase um touro de tão forte; quase uma palhaça de tão bem humorada! Quase uma menina de tão doce...
That's all.
Mi.

quarta-feira, março 10, 2010


Outra metade
..
Há uns dias, postei a foto em que apareço pela metade. Brincadeira copiada da minha amiga Liu. Acho-a super criativa pra brincar com fotografias. Costumo dizer que ela me inspira. Mas o que ia dizendo... é que postei e uma prima comentou: "E sua outra metade, cadê?". Naturalmente, havia um questioamento que pendia pro lado afetivo. Não disse nada. Apenas sorri. Aprendi a falar menos sobre vida pessoal, sobretudo plublicamente. Mas em silêncio, meu coração disse um nome. Daí, lembrei (sempre lembro) do que uma amiga disse ter ouvido de alguém "Todo mundo tem um dono". No início, achei meio machista, afinal... que ideia achar que alguém pode ter nossa escritura de vida, como se fôssemos loteamentos de terra. Hoje, contudo, entendo que não foi "dono" no sentido de proprietário. É mais sutil. 
No fundo, sabemos que nossos corações batem mais forte por determinadas pessoas. Por vezes, isso sequer tem muita lógica. Parte de nós é como um terreno fértil onde qualquer demonstração de afeto e amizade de alguém  especial podem fazer florescer arrepios, batidas mais fortes no coração, desejos...
Pensando sobre a pergunta da prima, lembrei também de uma passagem de "O Alquimista", quando Santiago (acho) diz:

É fácil entender que sempre existe no mundo uma pessoa que espera a outra, seja no meio de um deserto, seja no meio de grandes cidades. E quando estas pessoas se cruzam, e seus olhos se encontram, todo o passado e todo o futuro perdem qualquer importância, e só existe aquele momento, e aquela certeza incrível de que todas as coisas debaixo do sol foram escritas pela mesma Mão. A Mão que desperta o Amor, e que fez uma alma gêmea para cada pessoa que trabalha, descansa e busca tesouros ebaixo do sol. Porque sem isto não haveria qualquer sentido para os sonhos da raça humana.
(Paulo Coelho) O Alquimista.

Olha quantas ideias frequentam nossas mentes ao passar de uma simples pergunta?...  Mas, como acho que "O que eu ganho e o que perco ninguém precisa saber" (Lulu Santos), vou seguindo com a resposta implícita. Não sei se acredito muito em "Almas gêmeas", mas tenho observado algumas pessoas se entenderem de uma maneira tão especial (com suas desavenças provavelmene) que, por vezes, sou obrigada a admitir que, se a lenda "metade da maçã" não existe, há algo sutil à nossa volta, uma sintonia, uma vibração unindo casais... criando laços bem atados, fazendo cair por terra certas teorias rabujentas de que isso não existe de maneira alguma.
Por mim, cá com meus botões (ou teclados do laptop), prefiro ser menos radical e menos romântica tb. Não acredito em "Príncipes encantados", mas tb não acho que "Todos os homens são sapos". 
Acredito no Amor (Aliás, é um dos poucas coisas em que acredito). E a energia do amor faz milagres, inclusive o de levar casais a vencerem diferenças e serem felizes, mesmo com milhões de adversativas. 
Tenho visto milagres do amor na minha própria vida. Por isso... penso, na verdade, que somos inteiros qdo amamos. Então, não tenho metade, porque metade seria se não praticasse o verbo "Amar". Isso sim seria anulação da própria existência.
É isso, então!...
Mi*

segunda-feira, março 08, 2010


Pós Chapada Diamantina


Nunca pensei que fosse gostar de trilhas ou mesmo aderir ao estilo esportista... Na adolescência sobretudo, costumava ser bem preguiçosa, admito. Confesso ter me encantado com a experiência. Subir e descer montanhas em busca de cachoeiras incríveis foi uma atividade nova, diferente. Refletir acerca das cavernas e dos morros que, um dia, foram fundo ocenânico me fez lembrar um livro velhinho que li ano retrasado. As folhas já estão até amareladas, mas foi lá que obtive a informação de que, um dia, a Terra foi atingida por um imenso asteroide alterando o seu eixo. Isso teria resultado numa reviravolta que tornou desertos em oceanos e onde era mar esvaziado. Pessoas que já foram ao deserto do Saara dizem ter se deparado com conchas pelo caminho, prova de que essa teoria do meu livro amarelado é mesmo correta.
Na maior gruta da Chapada, vimos conchas grudadas nas "paredes", tb comprovando que ali, um dia, foi mar. "Que doideira!", pensei. Ademais... Tb eu deixei algo impresso naquele paisagem. Deixei espalhado, na escuridão da caverna, o meu respeito por aquele lugar. Não ficará registrado como as conchas, mas, de alguma maneira, pelo menos em mim, as imagens de lá ficarão pra sempre na memória.
Mi.

sexta-feira, março 05, 2010



Sobre rosas
..
Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzidas,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.
 

Cecília Meireles.

Sobre "crowl"

Na postagem anterior, colei a letra da música nova do Chris Brown, aquele mesmo que espancou a cantora norteamericana Rihanna. Senti um pouco de aversão ao trabalho dele depois dos noticiários, mas essa letra Crowl é interessante. O eu-lírico fala da necessidade da alma se rastejar como as borboletas que depois do estágio de larva podem ir longe...a lugares vários... Como as borboletas, nossa alma pode saltar, voar até aonde não houver nenhum vento que possibilite esse voo... 
E há um questionamento no meio da letra seguido de resposta que é, verdadeiramente, motivador. É isso, então... 

And where can love take us now?
We can still touch the sky!...
Mi.