quarta-feira, fevereiro 18, 2009




Página deserta


...


Tento compor este espaço.
Voar no céu só de nuvens.
Mas, todos os verbos me falham,
Não se dizem, nem se deixam dizer.

Param, sem vida, diante desta folha deserta que sou.
Branco, página solta, areia, vento seco.
Pensamentos no escuro,
Eu paisagem sem verde...
E meus passos? Quem é que pode ouvi-los?
Não há ninguém para conjugar mais um verbo.

Nem mesma eu estou aqui.
Os ventos dormem na calçada.
A lua virou-se para outra direção.
O sol resfriou-se e todas estrelas com ele apagaram-se.
Eu opaca.
Asas caídas misturadas à areia fina.
Sou única "sobrevivente" de um cataclisma
Alma vacante, memória pesada.
Sou o vôo noturno que se quer abandonar.
Passos solitários que não querem se ouvir a si mesmos.
Sou flor seca dançando no ar sem movimento.
...

Mi*


segunda-feira, fevereiro 16, 2009




Foto: MASP




O elogio à loucura
...


Parece que Seal leu o livro de Erasmo, já que a letra de
uma de suas canções nos remete ao texto do escritor.
É verdade... nós nunca iremos sobreviver, se não ficarmos
um pouco loucos, anestesiados.
Quantas pessoas perdem pessoas queridas, ou se decepcionam,
e não conseguem "get a litlle crazy"?
Estas se entregam a dor, são corajosas.
Nós, do alto de nossa "lucidez", pensamos que elas são as insanas...
Na verdade, nós quem nos alienamos
para podermos seguir adiante.
Nós quem vamos aos cinemas, ao trabalho, à praia,
Para nos distrairmos, para esquecermos, para
ficarmos mais "crazy" e, com isso, esquecermos nossas dores.
Aqueles que não esquecem, os julgamos de disparatados,
quando somos nós estes mesmos!
Mas é um mal altamente necessário.
Uma loucura justificável.
É-nos preciso alienar um pouco, ficarmos um
Pouco mais insanos para
não vermos tudo com a nitidez que, verdadeiramente,
as coisas, a vida têm...
E assim, esquecemos até o mal que, outrora,
causamos aos corações alheios.






Não sei se o cantor elogiou a loucura, como fez o autor.
Sei que eu o faço agora. Viva à loucura!
Mi*


"But we never gonna survive, unless we've got a little crazy..."


São Paulo
...
Cada vez que vou a SP, volto mais apaixonada. Respira-se arte. As pessoas parecem mais elegantes... Mais uma vez, Saramago me trouxe aqui. Como não sei se a exposição sobre sua vida estará em outros locais do país, antes de continuar por países estrangeiros, fui até o ITO. Passei horas, lendo textos nas paredes, como legendas de fotos... Vendo vídeos inéditos, conhecendo mais sobre ele.
Vimos passaportes antigos, agendas, manuscritos, a medalha original do prêmio Nobel. Do único dado a um autor de língua portuguesa.
Vendo-o falar sobre seu lado "vermelho", senti orgulho por estar
estudando sua obra. Tudo o que estudava na adolescência eram as músicas do Roupa Nova, ou os passos do namorado da época.
Como fui obcecada pelo Roupa, pelo Dennis.
Hoje, não consigo nem ouvir uma música. Dá agonia. Sei lá...





Bebi esta ilusão até o último gole... Não quis me tornar aquelas mulheres velhas que vão até hj ao show, pq na verdade não têm, ou não sabem que há outras coisas a fazer. Lembro das filas para os camarins, daquele pessoal do fã-clube que se detesta à toa. Tantas meninas e mulheres que me pareciam perdidas, sozinhas, correndo atrás de um sonho que pertence a outras mulheres, atrás de pessoas que mal as vêem. Enfim, só toquei neste assunto, pq as cidadezinhas no caminho, até a capital, me fizeram lembrar dos shows onde as meninas iam, alguns tantos eu tb fui, pelo interior do Sul de Minas para vê-los tocar, conversar um pouco. E foram bons. Claro. Mas estãooo lááá atrás. Outro capítulo do meu texto. Mas não quero mais pensar nisso. Hoje, tenho minha própria vida. Vou aonde quiser e não quero mais hospedar ilusões tão fortes comigo. Escrevo para deixar aqui minha última rosa. Este pensamento é um túmulo, onde não derramo um lágrima sequer em cima...
Pq vivi tudo o que deu para viver, cada letra, cada música, cada amizade.
E foi tudo jeito que foi, e ponto final. Fecha-se a porta, termina-se o poema, acaba-se o filme, tampa-se o buraco, e encerra-se a leitura, acaba-se a canção.
Minha música hoje chama-se literatura, e sem nenhum fanatismo.

Mi*

sexta-feira, fevereiro 13, 2009


O último poema

Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais
simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem
os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

Manoel Bandeira






"Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões, não falaria em Deus nem no Pecado — muito menos no Anjo Rebelado e os encantos das suas seduções,
não citaria santos e profetas: nada das suas celestiais promessas ou das suas terríveis maldições... Se eu fosse um padre eu citaria os poetas, Rezaria seus versos, os mais belos, desses que desde a infância me embalaram e quem me dera que alguns fossem meus! Porque a poesia purifica a alma... e um belo poema — ainda que de Deus se aparte — um belo poema sempre leva a Deus!"
Mário Quintana

"Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo.
Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens,
além daquele que há em sua própria alma.
Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave.
Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo,
e isso é tudo."
Hermann Hesse

"No mistério do sem-fim, equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o sem-fim,a asa de uma borboleta."
Cecília Meireles

quarta-feira, fevereiro 11, 2009


Ontem, fez um calorão o dia inteiro!...
Hoje, acordei com a brisa fresquinha, vinda da Baía.
Pela casa, o vento sacode as cortinas de um lado pro outro.
Fazem barulhos pela casa os sininhos do lustre tocam.
A casa está viva!... Eu mais ainda, por ouvi-la.
Ainda estou às voltas com a conversa que tive ontem com a Maria Lúcia.
Falamos, durante duas horas, sobre autor implícito, com intenções por trás da
escrita. De narradores oniscientes, que se deixam arrastar pelo "ludismo verbal",
como diz Saramago.
Por falar nele, lhe falei da minha experiência com o escritor na ABL.
Ela disse sobre as suas experiências.
Saramago já esteve na Uff, na biblioteca...
Ela lhe falou da tese sobre a "Jangada de pedra", bem em frente à biblioteca do Gragoatá, ao ar livre. Ele, gentil, pediu uma cópia e leu realmente. Depois, escreveu uma carta. Quis ler esta carta, mas não quis, todavia, parecer deslumbrada e indiscreta.
Achei o máximo! Claro.
Sempre que vou conversar com ela, fico apreensiva, com receios de ter escrito bobagens.
Mas, acho que, se as tenho escrito, não parecem ser de todo ingênuas.
Talvez, esteja mais madura mesmo.
Estou sozinha, com a Michelle nada fútil.
Quando me sinto assim, vejo coisas demais.
Exercito meus dotes de Blimunda e percebo quantas vezes já agi com insensibilidade
na minha vida...
Preciso me perdoar mais, por não conseguir ser perfeita.
Mi*

terça-feira, fevereiro 10, 2009


Amiga Jack - Bahia.

"Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu morreria simbolicamente todos os dias".
(Clarice Lispector
)



Sempre digo que, há alguns anos, conheci um lugar e
o frequento com maior periodicidade na fase
adulta.
Saio de lá, às vezes, empoeirada pelo tempo,
chorosa, inquieta, feliz, apaixonada.
Mas nunca saio vazia...
Como naquel poema de Sophia em que diz:
"Apesar das ruínas e da morte, em que sempre
acaba cada ilusão, a força dos meus sonhos
são tão forte que, de tudo, renasce
a exaltação. E nunca minhas mãos ficam
vazias...".
É assim que me sinto.
A vida faz mais sentido depois que conheci
Saramago e todos os outros poetas e escitores
portugueses, brasileiros etc. dos quais me
tornei "amigas", frquentadora assídua de seus
territórios imaginários traduzidos em palavras.
Bem, foi assim que me senti hoje, qdo
acordei e vi a Baía, cheia de névoa, da minha
janela...
Cheia de vontade de ler.

Mi*

...


segunda-feira, fevereiro 09, 2009



....
"Cheirinho de bolo assando na cozinha inundando a casa...
Sujidade pela casa resolvida!...
Banho tomado, livro à mão".
...
E basta fechar os olhos que a vejo aqui.
Dia 05 de fevereiro, você fez 44 aninhos.
Adolescente impulsiva, casou-se demasiado cedo com outro jovem apaixonado.
Nasci eu... após um ano de casada. Em meio aos seus doces, ingênuos e irrevogáveis 14 anos.
Trouxe-te tantas dores de cabeça. Aquela gripe excessiva na madrugada, o choro impaciente de um Ego se formando e querendo tudo de repente.
Quem iria me batizar... (se pudesse ter escolhido, naturalmente, seria pagã!
Não acho certo escolherem pelas escolhas religiosas dos filhos).
Bem, mas cá estava eu a falar de vc, e meu lado "brumas de Avalon" resplandesce.
Sempre te peço desculpas pelas bobagens que falo...
Pelas vezes que viajei contra sua vontade.
Pelos namorados que cismava e, no final, vc tinha razão
(Já houve momentos que não tinha razão).
Vc foi uma "pãe" pra mim! No final, fomos só nós duas.
Uma pela outra. Vc mais por mim, decerto. Nunca me esqueço de quando se separou e vc, me tratando como adulta, contou-me tudo... os pq's de irmos embora pra Bahia.
Subi em cima do sofá, e te abracei. Vc tb sempre se lembra disso... Não era "gente grande", mas naquele momento me senti uma adulta, aos seis (6). E é por isso que hoje pensei tanto em vc, no quanto vou ser uma meleca bem grande se não a tiver por perto. Mas tenho minha memória.
Esta que nada apaga... que nos valoriza como seres humanos, que nos assegura a identidade. Tenho minhas recordações para te trazer pra casa, através do cheirinho de um bolo de milho, de uma canja que vc me ensinou a fazer.
Obrigada por tudo, mãezinha. Vc merece o melhor de mim.
E eu sei que deveria fazer mais para te ver sorrindo todos os dias.
Diary*

domingo, fevereiro 08, 2009



Sexta-feira, fomos a um barzinho na praia...
Devido ao calorão, ficamos do lado de fora e vinha
uma brisa gostosa da Baía.
Pedimos aquele prato bastante engordurado, mas que é uma delícia.
Depois, nos culpamos (como sempre) pelo excesso.
Para compensar...
Tomamos um milkshake no McDonald's! (:))
Voltamos bem magrinhos pra casa...
Minhas aulas na nova Pós ainda não começaram,
eu estou prestes a defender a dissertação,
contudo estou demasiadamente atrasada com a escrita do texto.
Não consigo estudar, por mais que programe meu dia.
Sinto-me cansada para fazer as leituras saramaguianas,
pq nos livros de JS sempre chego àquela altura
em que a leitura parece enfadonha. Excessiva!
São todos estes os sintomas de uma bela TPM, ou seja: eis-me no olho do meu próprio furacão.
Em meio a isso, entrei no shopping para namorar a coleção de
"As brumas de Avalon", na livraria. Uma edição bem bonita.
Capa cinza, meio azulada, acho e aquele cavaleiro segurando
a enorme espada (Excalibur) na mão direita. É a mesma imagem
da edição antiga com capa vermelha.
Passei alguns minutos, lendo o primeiro capítulo inteiro.
Embora conheça a história mediante o filme, é uma delícia ver a
fada Morgana narrando. Sem excessos...
Mas ainda preciso esperar um pouco até comprar esta obra.
Sei quem sou eu, me conheço...
Se a comprar, não lerei mais nada até acabar.
E eu preciso ler tantas outras coisas, "obrigatoriamente".
Mi*

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ

Futilidade

Ontem saí para passear com meu lado fútil.
E quer saber?
Que mal pode haver nisso?
Há anos, venho estado dentro de livros
empoeirados pelo tempo.
Conhecendo nomes de autores póstumos e
vivos... Tudo isso numa busca frenética
por lutar contra minha mediocridade.
Sim, claro.
Reconheço meus momentos de alienação.
Sinto isso quando assisto ao seriados
(enlatados americanos), como Friends,
Sex and the city e novelas de TV (adoro-os!).
Adoro-os, embora reconheça tb que há coisas
muito mais sérias para se passar pela cabeça de alguém.
Eu estudo por sobrevivência intelectual.
Mas acho uma delícia passar nas lojas
que gosto
(sobretudo em épocas de promoção)
e comprar os jeans, as camisetas, os tamancos...
Estes objetos que povoam o meu doce
e encantado universo feminino e
que, por vezes, promovem o bem-estar
de uma mulher.
Ontem levei ao shopping "a outra Michelle".
Hoje, para compensar, trouxe para os livros
de Saramago esta outra que preciso buscar e
constituir todos os dias... um pouco mais.
Diary Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ.



"Se passo as minhas lembranças ao papel, é mais para que não se
percam (em mim) minutos de ouro, horas que resplandecem como sóis
no céu tumultuário e imenso que é a memória. Coisas que são
também, com o mais, a minha vida".
José Saramago.
***************

terça-feira, fevereiro 03, 2009


"Saudamos tua chegada, meu amor, e, até o riozinho,
que abastece, de fresca água, as plantinhas, que plantamos, como
o amor de nossas mãos, vem apressadamente,
pelos seixos, dar-te as boas-vindas."

Jorge Humberto.

Meu xodó, meu pitéu, meu nenemzinho que vi nascer, ajudei a alimentar.
Que bati, chutei, mordi rssss (Sou má mesmo!).
Meu Léo, meu irmão, meu coração.
(Mi, Léo e Geisinha - Natal na Bahia).

segunda-feira, fevereiro 02, 2009


Primas:
Camila e Carol Rolim.
Porto de Galinhas - Pe
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Acabei de ler esta frase no livro de Saramago...
Claro que me identifiquei e quis postá-la aqui
no meu cantinho, minha "toca".
"Não se sabe tudo, nunca se saberá tudo, mas há horas em que somos capazes de acreditar que sim, talvez porque neste momento nada mais nos podia caber na alma, na consciência, na mente, naquilo que se queira chamar ao que nos vai fazendo mais ou menos humanos"- Saramago.
Isn't ironic?

Parece engraçado, mas com toda esta tecnologia da sociedade ultra moderna da qual faço parte, ainda sinto falta de escrever a punho. A impessoalidade da tela, a ausência da caligrafia que me identifique, tudo isso me provoca estranhamento, e em virtude disso, surge um certo desânimo de escrever...
Acho que, por isso, tenho escrito cada vez menos sobre minhas impressões de vida...
Ontem foi dia de Iemanjá. Minha prima Mille (esta loirinha que aparece comigo nas fotos), esteve na praia lhe fazendo oferendas. Iemanjá (Janaína, what ever!) é uma linda imagem feminina de Deus, da Deusa.
Uma versão... amostra de sua existência, pq estiluma a credibilidade das pessoas em algo além de seus próprios limites visíveis.
Fiquei pensando que, na adolescência, eu e Jack fomos até o Rio Vermelho lhe deixar umas flores brancas...
Naturalmente, meus olhos pagãos, hoje, alijou para longe qualquer comportamento de crendice, mas às vezes, tento encontrar aqueles antigo olhar que eu tinha...
Olhar entusiasmado, sempre à procura e mais crente...
O lado bom é que estou menos ansiosa, mais segura e mais certa de que o mundo é povoado de disparidades. Não há mal nenhum nisso.
Lembro que, aos dez anos, comecei a questionar acerca das verdades absolutas nas quais tentam nos enfiar guela abaixo, sobretudo qdo pequenos.
Hoje, questiono apenas o fato de, nas religiões, haver muita adoração.
E se houvesse um equilíbrio?
Uma balança que nos ajudasse a medir certas coisas?
Poderíamos aprender a adorar a nós, uns aos outros e a diversidade da vida.
Mas as religiões nos querem só para elas... Nos vêm com esta idéia de que “Deus é ciumento”. Deus (se ele há, e por certo existe de alguma forma) não deve ser ímã de sentimentos mesquinhos como o ciúme.
Quem já se viu?! Ciúmes...
Temos o direito de escolher nossos deuses.
Ele existe, decerto. Mas a forma de o sentirmos é diferente há milhares de anos.
A minha pena é ver que as pessoas ainda não compreendam isso, mesmo em dias atuais.
As religiões deveriam apenas nos religar a nossa interioridade. Esta é origem do verbo.
Gosto daquele velho cumprimento budista “Namastê” (O deus que há em mim saúda o deus que existe em você”.
Sempre achei coerente esta saudação, em que as mãos se unem e se abaixa a cabeça em sinal de respeito à “deusidade” do outro.
Inventaram tantas coisas desde a existência do primeiro homo-sapiens.
Uma infinitude de avanços tecnológicos...
Todavia, ainda nos falta quem invente a balança para medirmos nosso grau de bom-senso, ou o respeito pelas opções alheias.
Bem, mas se eu mesma não respeito esta minha vontade louca e obsoleta de escrever com esferográfica num reles papel? Não posso exigir nada da humanidade.
Ela (eu, nós) sempre foi assim...
Diary/ Mi*.