sexta-feira, abril 16, 2010




Por quais vias chegaste ao meu coração?

Seria engano meu dizer que já não freqüentas minhas memórias diariamente, que seu sorriso não vem se meter entre mim e a realidade mesmo quando não estou sozinha. Mas até aonde sei, por cá, aqui dentro, esse sentimento não me parece nada disposto a esvair-se. Antes, longe de espirar, entrou pela minha vida adiante, transpondo a linha que tracei a mim mesma. Mesmo agora, depois de dias ausentes, quando já começo a te ver através do nimbo da saudade, seu nome ainda vem cair aqui no bico da caneta. Mas o tempo ajusta os contrastes. Eu vou te esquecer... e hei de acordar límpida amanhã, como a aurora sem nuvens. Mas, enquanto isso, pergunto-me ainda... por quais vias conseguiste chegar ao meu coração?

Texto extraído do fundo do poço de anos atrás.

quarta-feira, abril 07, 2010



O país dos gerúndios

Os gerúndios (tadinhos) há muito são mal vistos. Dizem que enfeiam a frase. Eu, brasileiramente, adoro usar os gerúndios, quando fazem-se necessários, claro. O que me irrita é o fato de nossos governantes adorarem se valer dos "presentes continuados" para se esquivarem de suas decisões e informações precisas sobre os problemas do Brasil.
Em vez de optarem por verbos definitivos, como os  do Passado "Já fiz" ou uma "simples" "já resolvi!", eles preferem "Nós estamos resolvendo isso" ou... "Nós estamos providenciando melhorias"...
É esse tipo de gerundismo que ridiculariza a atuação dos nossos verbos. Essas tempestades cariocas são caóticas, todos sabem!... Dede pequena, via nos noticiários as imagens de horror provocadas pelas fortes chuvas e enchentes. O que há de se fazer? Se o Chile, o Japão, a Indonésia (por exemplo) conseguem conviver com seus problemas de terremotos, maremotos e Tsunamis, por que não há como o Rio aprender, desenvolver (sei lá...) uma forma de se preparar um pouco mais para enfrentar o seu próprio (e, diga-se de passagem) antiquíssimo problema das tempestades?
Acho que ficaremos sem esta resposta por um bom tempo.
E, assim, a Mãe-Natureza se impõe aos homens e se manifesta com força e ímpeto, a fim de nos mostrar que, na história da humanidade, também ela é personagem principal, determinando os Acasos e contornando os Destinos.
Mi.

domingo, abril 04, 2010


Só Amor

Se é amor o que faz sentar
à beira do precipício

e esperar, como pescador,

sem saber como, nem quando,
nem donde virá teu sorriso;

então, é amor

(só amor)
o que sinto.
 
(por Filipe Couto).



O dom de sonhar

A esperança engana.
Mente o sonho.
Eu sei.

Que mentiras lindas
eu mesma inventei
e contei pra mim ...

Helena Kolody
in ‘Caixinha de Música’.


P.S. Nunca é demais dizer que as portas do meu coração
estarão sempre abertas para você, meu amor.

 


O vento do meu espírito
Soprou sobre a vida.
E tudo que era efêmero
Se desfez.
E ficaste só tu, que és eterno...

Cecília Meireles.


Inspiração arrancada do vazio

Outro dia, estava assistindo ao programa de Talk show da Oprah. Confesso que gosto, porque me distrai e alguns diálogos me fazem refletir sobre minha vida, além de observar os dilemas alheios...
Não me lembro quem disse que cada escolha que fazemos corresponde diretamente ao que acreditamos merecer da vida. Refleti sobre essa ideia, já que não me lembro bem quais foram as palavras usadas pela convidada. 
Pensei em minhas últimas decisões "Será que elas são mesmo fruto do que acredito merecer da vida? Será que elas dizem tudo o que penso sobre mim?". A resposta foi um titubeio que perdura até agora.
Em busca de respostas, afirmo e reafirmo a mim mesma o quanto ainda preciso refletir sobre isso.
Enfim... de um vazio, consegui arrancar inspiração pra escrever algo e, com isso, materializar uma companhia nas palavras.
Mi.

sábado, abril 03, 2010


Desapego

Ciúme, sensação de posse, dor, choros e lamentações.
É natural que, em nossos tenros anos, nos deixemos levar por sentimentos assim, diria... pouco nobres, nada plausíveis. 
Mas a verdade (a grande verdade) é que conseguir nos libertar desse turbilhão de sentimentos e contrastes que, por algum tempo, viram inquilinos dos nossos corações, parece uma tarefa hercúlica, homérica, dantesca... Mesmo para quem já atingiu a idade adulta. É uma eterna guerra subterrânea.
Hoje, um vento de melancolia atravessou minha noite, justamente porque me vejo ainda degladiando interiormente com alguns desses sentimentos. Isso só me revela o quanto ainda preciso crescer, embora precise conhecer os inúmeros degraus já subidos, os tantos sentimentos ruins que consegui riscar da minha lista negra. 
Porém, não vou me culpar a noite inteira, quero que esse vento ruim sopre longe de mim, em outras direções, espero que desertas. Sei que ainda preciso amadurecer muito e aprender a conviver com minhas próprias intempéries.
Machado diria "Todos os contrastes estão no homem". Saramago, a seu turno, diria "Só o homem consegue sentir tudo de uma só vez". Sinto meu tudo e meus nadas também. Aflição, vento ruim...
Vou me equilibrando entre me sentir sozinha e em companhias. Travando e destravando lutas interiores, às quais sinto dadas as tréguas, enquanto, aqui dentro, saiba que a guerra ainda não acabou. Talvez, passe muitos anos em diálogos e discussões comigo mesma, até encontrar um sentido, um equilíbrio real para as coisas.
Vim respirar nas palavras... Tentar sentir outros ventos.
O meu livro "Iaiá Garcia" (Machado) acabou. Talvez, isso tenha contribuido também pra eu me sentir sozinha. Preciso de leitura. Compulsivamente. 
Já devorei sites sobre a Guerra dos Farrapos, a Guerra do Paraguai, seguidas de pesquisas sobre as fases da literatura machadiana. 
Lembrei muito das aulas da Ceila, no mestrado. Reclamava um pouco, pq achava cansativo analisar as diversas edições de um mesmo livro e suas problemáticas. Mas havia o lado bom... ficar sabendo de fofoquinhas literárias acerca da vida de Eça e de Machado foi tão legal. As colegas tb...  Queridas! As idas ao café nos intervalos das aulas, as conversas, as preocupações com o trabalho final...
Bem...
Vim escrever para praticar o desapego do meu espírito ao dele. E, como sempre, as palavras me deram as mãos, me conduziram a lembranças distrativas e sopraram, em meu coração, um pouco da paz que o murmúrio  doce e fresco dos versos sempre traz.
Agora, só penso no lindo domingo de Páscoa que desejo a todos!...
Mi.