terça-feira, março 16, 2010


Chuva e fim de tarde
..
Se há uma coisa que me apraz fazer é tomar café em qualquer dessas xícaras branquinhas que tenho aqui em casa, enquanto observo a chuva cair. Do alto então... a visão pode ser encantadora.
Ainda há pouco, caiu uma chuva daquelas que as águas, ao cairem, parecem grossas cordas descendo do céu. Era uma chuva bonita de se ver.  Vinha levemente inclinada e constante. Parecia um balé de pingos compridos e bem definidos os quais a gravidade atraía até beijarem o solo num ritmo frenético de quem quer muito dizer algo e diz sem descansar um segundo, sem respirar. Nem um sinal de vento a inclinava para outra direção. Ela caía límpida e certinha, lavando as ruas, os telhados dos prédios mais baixos, tocando o chão, deitando-se nele...
Tudo lá fora, agora, parece ter ganho um sopro novo de vida. O perfume das árvores mais doce... o hálito do chão mais fresco...
É o encontro da chuva e o fim de tarde. E o meu com o gosto bom do café na xícara de louça unindo as pontas que ligam os sonhos às fantasias...
Mi*





Every time I see you all the rays of the sun are
Streaming through the waves in your hair
And every star in the sky is taking aim at your eyes
Like a spotlight.
Air Supply.


"Ride do riso, mas ride!"

Retirei esta frase de "O nome da rosa". Enquanto lia o livro, ano passado (2009), me sentia um pouco entediada por vezes, curiosa noutras... Há toda uma aura escura, de mistério em volta do texto... Quem estaria assassinando os monges no mosteiro que abrigava a maior biblioteca na Itália (uma das mais completas do mundo medieval)??
Escrito em primeira pessoa então... parecia instigante, mas é claro... toda leitura, chegando a um momento, fica (sei lá...) enfadonha. Talvez para valorizarmos mais os ápices! Anyway!...
No final do livro, claro que descobrimos quem é o monge culpado de colocar o veneno nas páginas dos livros, a fim de eliminar todos os transgressores que, invadindo a biblioteca, se atravessem a ler outros livros às escondidas.
A todos só eram permitido ler as sagradas escrituras... Enfim...
O livro misterioso, escrito em grego, que gera as mortes, pq os envolvidos querem demasiado ler, é um de Aristóteles sobre a comédia. A Igreja não podia suportar que o povo aprendesse a rir. Precisava mantê-lo temeroso e sombrio como a Idade das trevas! (trevas pq faltava acesso ao conhecimento e trevas tb devido à égide do medo sob a qual o povo era, de certa forma, obrigado a viver).
Hoje, graças ao passar dos anos e seu avanços, podemos escolher entre o copo "metade cheio" ou "metade vazio". Podemos escolher entre rir e chorar, podemos escolher tantas outras coisas que sou levada a chamar nossa época de "A idade das luzes". Não esquecendo de que... luz demais cega!
Portanto... conhecimento demais deve cegar de alguma maneira... Alienação demais idem. E como encontrar esse equilíbrio entre a luz e a escuridão?
Talvez, tenhamos que agir como ensina aquele conto do Rei de Salém: "Contemplar as maravilhas do mundo, sem esquecermos das duas gotas de oléo na colher".
No mais, fica a deixa: "Ride do riso, mas ride!".
Mi-envaidecida por se sentir, hoje, leitora de Eco.

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