quinta-feira, março 26, 2009



Crenças e liberdade


Outro dia, estava vindo no carro com uma colega. Nosso caminho é tão lindo que ela declarou sua crença na fé cristã e, naturalmente, a crença em um deus que houvesse criado toda aquela paisagem. Evangélica, mas daquelas que respeita a opnião alheia, ela defendia sua ideia que tanta propriedade. Eu, no entanto, usando meus olhos pagãos (termo emprestado da "Clepsiadra" de Pessanha), lembrei de ter lido Umberto Eco (Os 7 passeios pelos bosques da ficção) dizer sobre a necessidade que tem o homem em encontrar autores para tudo. Vivemos nossas vidas como se houvesse um autor narrando os acontecimentos e a isso geralmente se dá o nome "Destino", "mãos de Deus". Vejo pairar nos corações a noção de um deus que, após ter criado céus, mares e o universo inteiro, torna-se um verdadeiro articulador meticuloso.
Eu, todavia, assinalei a opção "continuar acreditando num deus que não possui face nem nome". Propagaram demasiado a noção do Deus cristão a ponto de sua imagem ter se desgastado nas minhas ideias. Se existe algo ou alguém manupulando as circustâncias, prefiro pensar que se trate de uma união perfeita entre Caso e Acaso. Um pouco de verdade absoluta misturada a um pouco de casualidade. Há tanta beleza na casualidade... Não sei pq as pessoas não a levam em conta e se deixam conduzir pela suposta "exatidão" das regras inquestionáveis!...



O meu deus não tem nome. É uma energia. Alguém com quem sei que lido todos os dias dentro de mim. A diferença, talvez, esteja que, este tipo de deus, não é muito útil ao capitalismo que adora fisgar imagens para vendê-las. O tipo de deus em que creio não é eficaz na educação de pessoas que precisam se humanizar para não continuarem tão animalescas. Meu deus é como o "Meu menino Jesus", do texto de Fernando Pessoa.
Vive dentro de mim e na natureza, em tudo que é bom e bonito. Na consciência de nossos erros... na certeza de que nunca é tarde para nos tornarmos pessoas melhores a partir desta consciência, mesmo que, às vezes, isso possa não servir para nada além de nos enxergarmos como pessoas capazes de fazer bobagens e coisas boas ao mesmo tempo. Voltei pra casa mais feliz porque minha amiga foi como espelho que devolveu pra mim uma imagem livre da pessoa em que me tornei.
Livre, livre, livre... Feliz por ser livre.
Mi*

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