domingo, dezembro 28, 2014




Era uma tarde quente
(dessas que o Rio nos reserva em dezembro)
e eu respirava mar, quando uma onda
se quebrou bem à minha frente.
Tentei escutá-la, entender
o que, em estrondo, ela dizia.
Nada.
Pedi ajuda a poetas dos mares: Camões,
Pessoa, Cecília, Vicente, Caymmi, Sophia.
Nada.
Tudo que a onda dizia me era inaudível
e afogava minha fantasia:
era um mundo todo novo que se abria,
um mundo tão perigoso que não me deixava alternativa: prendi-o.
Hoje ele agoniza com porta trancada, chave passada,
n'alguma cela escondida dentro de mim.
Eu, que só quero um mar sereno,
onde meu sonho possa nadar em silêncio
e paz.
(Filipe Couto)

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