Era uma tarde quente
(dessas que o Rio nos reserva em dezembro)
e eu respirava mar, quando uma onda
se quebrou bem à minha frente.
se quebrou bem à minha frente.
Tentei escutá-la, entender
o que, em estrondo, ela dizia.
o que, em estrondo, ela dizia.
Nada.
Pedi ajuda a poetas dos mares: Camões,
Pessoa, Cecília, Vicente, Caymmi, Sophia.
Pessoa, Cecília, Vicente, Caymmi, Sophia.
Nada.
Tudo que a onda dizia me era inaudível
e afogava minha fantasia:
e afogava minha fantasia:
era um mundo todo novo que se abria,
um mundo tão perigoso que não me deixava alternativa: prendi-o.
um mundo tão perigoso que não me deixava alternativa: prendi-o.
Hoje ele agoniza com porta trancada, chave passada,
n'alguma cela escondida dentro de mim.
n'alguma cela escondida dentro de mim.
Eu, que só quero um mar sereno,
onde meu sonho possa nadar em silêncio
onde meu sonho possa nadar em silêncio
e paz.
(Filipe Couto)
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