quinta-feira, maio 14, 2009

Pedras em círculo, ao estilo celta
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Enfim, pude eleger um momento textual que muito me emocionou, se bem que sei o quanto é difícil o fazer, já que todo o livro é uma mina emocional. São ínumeros os excertos do livro que quase me sufocaram com extraordinária beleza, a ponto de eu ter de levantar a vista para respirar. Posto aqui para, quem sabe mais tarde, eu mesma relembrar um momento textual forte e que aprecio demasiado, de quando Morgana está profundamente morta por dentro, e um turbilhão de vozes e sensações a acordam, chamando-a à Vida!
Luz a todos!
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Moragana em transe, diante da canção do bardo Merlim:
"Cantava o vento de Avalon, com o cheiro dos botões de flores das macieiras e o cheiro das maçãs maduras na sua estação; trouxe-me o doce frescor da bruma do Lago, e os sons do veado correndo na floresta onde o povo pequeno ainda vivia, e trouxe-me o verão impregnado de sol, quando eu me deitava juntos às pedras, com os braços de Lancelote à minha volta e o sangue da vida correndo como seiva em minhas veias pela primeira vez. Então senti de novo em meus braços a pesada suavidade de meu filhinho, seu cabelo macio contra meu rosto, seu hálito de leite doce e perfumado... ou era Artur em meu colo, agarrando-se a mim, suas mãozinhas afagando minhas faces? De novo as mãos de Viviane tocaram minha testa numa bênção, e senti-me como uma ponte entre a terra e o céu, ao estender minhas mãos numa evocação... ventos sopravam através das grutas em que eu dormia com o jovem gamo na escuridão do eclipse, e a voz de Acalon chamou meu nome... E agora não apenas a harpa mas as vozes dos mortos e dos vivos chamando-me: 'Volta, volta, a vida chama com todos os seus prazeres e dores... e então uma nova nota chegou à voz da harpa'".

(BREDLY, 1985, p. 132-3).Livro IV "O Gamo-Rei".




Para respirar

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Chego à metade de "As brumas". Ontem mesmo, já estive nuns sebos, à procura de outros livros da Bredly. O próximo da lista, penso, será "A queda de Atlântida", que narra a história de um povo primitivo antes dos celtas. Mas, na verdade, não foi para listar minhas próxima pretensão de leitura que vim aqui. Vim refletir do cimo das palavras... Respirar. Era preciso. Acordei cedo, peguei o livro na minha cabeceira e recomecei a leitura, como se toda história de dentro estivesse suspensa, aguardando meus olhos para continuarem vivendo, lutando, fazendo magias!... Dizem mesmo que há uma galáxia pulsante dentro de um livro. Quanto à Morgana, eu a vejo derrotada. Por momentos, do alto da minha leitura, como uma deusa observando os acontecimentos na "terra", senti vontade de lhe dizer que estava ficando semelhante aos padres que ela repudiava. Estava matando em nome das suas crenças, derramando sangue. Morgana, no final da sua "vida", encontra-se obcecada por não deixar Avalon desaparecer nas brumas.
Contudo, procuro ver o lado da personagem e a imagino como quem estivesse em casa, e visse um ladrão saqueá-la. Deve ser mais ou menos isso que move Morgana a defender desta maneira o lugar de Avalon no mundo cristão que ragava qualquer outra possibilidade de crença.

Mas ela, realmente, tornou-se obcecada. Por isso, penso eu, adoração não é legal! Não é mesmo. Vivo minha vida colhendo grãos, flores, dissabores... Mas sempre filtrando tudo para que não fique totalmente louca num mundo onde vivemos com tantas negações ao que desejamos.


Mi*

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