segunda-feira, março 24, 2008
"Borboleta parece flor
que o vento tirou para dançar.
Flor parece a gente
pois somos sementes do que ainda virá."
Fernando Anitelli
A Via Láctea
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz...
Mas não me diga isso...
Hoje a tristeza
Não é passageira
Hoje fiquei com febre
A tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela
Parecerá uma lágrima...
Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza
Das coisas com humor...
Mas não me diga isso...
É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa.
Amanhã é um outro dia
Não é?...
Eu nem sei porque
Me sinto assim
Vem de repente um anjo
Triste perto de mim...
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado
Por pensar em mim...
Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser
Quem eu sou...
Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado
Por pensar em mim...
"...Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo. Receba em teus braços o meu pecado de pensar".
Clarice Lispector*
Ou o sei eu?
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Clarice Lispector*
domingo, março 23, 2008
*Just walking inside me...
"Há horas me esqueci dentro das palavaras. Sempre que entro aqui, as palavras me arrastam e eu desço, cadente, fundo, bem fundo. Caio dentro delas como gotas de orvalho, dardos certeiros. Com um ar de abandonada em mim, percebo pistas que me levam a crer que estaramos sempre na fronteira entre o real e o imaginário. Bem no meio do centro do mundo... na ponte que liga o mundo visível ao invisível... Já são horas que me esqueci dentro destas palavras... e o deus do Tempo, por acaso, deu-me mais tempo para ficar aqui".
Diário*
"Vou esquecer de mim, agora, na cama. Dentro de uma camisola confortável e simples, com um livro que deixo interrompido na cabeceira. Vou esquecer de mim, reticente... porque é bom não andar sempre com os pés no chão, porque é maravilhoso sonhar...".
"Vôo devagar até ali... Até 'ali aonde nossos corações batem mais próximos um do outro.'"
Mi*
"Será que ainda relampejo nos teus pensamentos? Que surjo, do nada, quando uma palavra nova que conhecestes por mim te levas até a minha imagem? Será que ainda pensas no que eu falaria se estivesse contigo? Será que ainda te lembras de mim?...".
"Como é bom respirar daqui de cima... Pousada, aguardo com o diário entre os joelhos, a hora de ir trabalhar. O dia está cinza e fresquinho. Já, já, vou me mover para entupir a bolsa destes objetos femininos que, sem eles, os lares ficam despovoados e vazios. O dia me espera. O mundo me aguarda e ele não é tão mau assim. E é tão bom respirar, voar, voar. Mesmo quebrando as asas... é bom voar! Respirar o cheiro do mar baiano que, daqui, aponta ao longe. É agradável não ver engarrafamentos na Paralela, encontrar rostos desconhecidos que se reconhecem. E é melhor ainda... sentir-me invisível, atenta, espectadora. Sinto-me sozinha aqui. Sem amor, sem carinho, mas tudo parece docemente suportável, porque eu posso respirar, voar... O vento da liberdade em nossas asas é o mais carinhoso e leve que há... entre todos os quatro ventos".
Diário*
sábado, março 22, 2008
*Freedom
♥♥ "Desfruta deste privilégio que é viver, ao mesmo tempo, a mocidade e a liberdade".
D. Afonso da Maia.
***
Para tantas circusntâncias (banais ou não) lembro-me de alguma fala dos Maias...
Este livro entrou em minha vida e suas palavras, às vezes, confundem-se com meus pensamentos.
Na verdade, fui eu quem entrei no livro.
Por tantos anos, mantive-me fechada por trás das letras, dos prólogos e capas de livros empoeirados.
No meio dessa poeira toda, cresci.
Sinto-me, mais ou menos, como as borboletas da imagem: livre e transmutada.
Mi*