quarta-feira, junho 17, 2015


50 tons de cinza

Vivendo nos 50 tons de vida real, fica difícil, por vezes, fazermos diariamente as coisas de que gostamos. Correr ou caminhar pelo lugar preferido, reencontrar amigos, voltar a cidades onde morávamos, matar as saudades do mar e das vistas hipnotizantes das montanhas cariocas, por exemplo.
E mesmo para uma professora, o dia a dia com suas várias tonalidades de afazeres pode inibir a prática de um hábito que nos é tão comum a todos: ler livros.
Mas nunca é tarde para regressarmos a esses momentos silenciosos cheios de amadurecimento palpável que, muitas vezes, uma câmera não pode nos oferecer. Ainda que esse regresso seja veiculado por livros à margem da literatura consagrada. 

Os fenômenos paraliterários, às vezes, encontram pessoas resistentes a aderir a eles, seja por preconceito, seja por falta de tempo, ou de oportunidade mesmo. Seja por qual for o motivo que nos distancia da leitura, desse momento só nosso tão necessário e mágico, é preciso que trabalhemos um pouco a ideia de não desistir de ler, para que não percamos um exercício tão especial.



Para quem está aquém das leituras, sempre indico o recomeço por livros que contem histórias as quais realmente nos distraiam, deleitosas e que nos incitem a procurá-las, a querer lê-las ler por vontade. Não por obrigação. 

Livros assim... despretensiosos, sem a menor preocupação em ser um daqueles usados em análises acadêmicas. Daqueles que falam mais em uma linguagem pessoal, micro e que nos fazem suspirar, tirar os pés do chão, já muito fadigados de trilar caminhos tão reais e cheios de contas para pagar. 

Os "50 tons..." é uma leitura deliciosa por vários motivos. O narrador em 1a pessoa (amo!) como personagem do que se conta, a forma doce, erótica (sem ser vulgar), detalhada.. nos faz sair de nós e encarar o problema de um jovem casal apaixonado e pensar em quão doido alguém pode ser em relação a fetiches (cada uma maluquice que ainda choca). 




Totalmente oposto ao livro, (que será sempre [sempre!] insubstituível), o filme é quase um arremedo de réplica (de 5a), por projetar a história mal contada pela câmera, cujo silêncio sufoca a voz da narradora em descrições subjetivas e objetivas pueris e rasas (caiu na superficialidade facilmente). 

É pobre de descrição, de metáfora, o ator que faz o personagem de Grey (lindo) mas trabalha maaalll!, podia ter lido mais vezes o romance da inglesa fofinha, para tentar entrar no clima do enigmático protagonista. Contudo, como nem tudo foi perdido, há uma cena no final que remonta (pelo menos!) de forma aceitável o momento em que Anastasia experimenta um nível alto de prática sadomasoquista e se afasta do príncipe contemporâneo às avessas.

Desta forma, quanto mais não seja, vale a pena voltarmos ao mundo solitário das leituras sob qualquer perspectiva literária. A minha, em particular, está sendo essa, a dos "50 tons". E com certeza, será como a leitura de "As brumas de Avalon", da qual, quem a ler, jamais a vai esquecer. Super indico!
by Mi.

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