quinta-feira, dezembro 01, 2011


Pelo Facebook

Durante este ano (2011), li vários textos e frases de um autor novo chamado Caio Fernando Abreu publicadas no Face. O que acho ótimo, porque mostra como a rapidez da internet é eficiente e cheia (cheia!) de aspectos positivos. Acho mesmo que tudo feito para purificar o nosso interior seja válido. Compartilho várias imagens legais, pensamentos, máximas... O que é bom deve ser passado adiante, em comunhão mesmo. De repente penso que os sites de relacionamentos têm, por vezes, este papel de unir as mãos das pessoas numa ciranda gigante, gentil (por vezes, não, claro. Nao sejamos alienados ou hipócritas). Mas, no geral, são propagadas mais o Bem que o Mal. Quanto mais não seja... por hoje é somente isso, pois estou muito fadigada.
By Mi*



A arte de ser feliz
(Cecilia Meireles)

Houve um tempo em que minha janela
se abria sobre uma cidade que parecia
ser feita de giz. Perto da janela havia um
pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra
esfarelada, e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre
com um balde e, em silêncio, ia atirando
com a mão umas gotas de água sobre
as plantas. Não era uma rega: era uma
espécie de aspersão ritual, para que o
jardim não morresse. E eu olhava para
as plantas, para o homem, para as gotas
de água que caíam de seus dedos
magros e meu coração ficava
completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o
jasmineiro em flor. Outras vezes
encontro nuvens espessas. Avisto
crinças que vão para a escola. Pardais
que pulam pelo muro. Gatos que abrem
e fecham os olhos, sonhando com
pardais. Borboletas brancas, duas a
duas, como refeletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem
personagens de Lope de Vega.
Às vezes um galo canta.
Às vezes um avião passa.
Tudo está certo, no seu
lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas
felicidades certas, que estão diante de
cada janela, uns dizem que essas coisas
não existem, outros que só existem
diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a
olhar, para poder vê-las assim.
****

Vi tamanha graciosidade neste poema...
Mi*



equilibra-se um planeta.
E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,
entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta.

Cecilia Meireles.



Nenhum comentário:

Postar um comentário