Não passou
Passou?
Minúsculas eternidades deglutidas por mínimos
relógios ressoam na mente cavernosa.
Não, ninguém morreu,
ninguém foi infeliz.
A mão- a tua mão, nossas mãos-rugosas,
têm o antigo calor de quando éramos vivos.
Éramos?
Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta,
passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.
Drummond*
Aprendamos, amor, com esses montes
Que, tão longe do mar, sabem o jeito
De banhar no azul dos horizontes.
Façamos o que é certo e de direito:
Dos desejos ocultos outras fontes
E desçamos ao mar do nosso leito.
José Samarago,
em poemas possíveis*
Nenhum comentário:
Postar um comentário