terça-feira, junho 21, 2011


Borboletando pelos jardins alheios

Borboletando pelas páginas de blogues alheios, li um fragmento de Vinícius de Moraes que diz assim: "Nada melhor para a saúde que amar um amor correspondido". Lembrei daquele filme Mouling Rouge, visto no cinema, no Rio, há anos. Tb o vi na facul... Volta e meia os Telecines veiculavam tb. Adoro esse musical. O protagonista costuma dizer uma frase semelhante a do poeta brasileiro exímio em kit D. Juan. 
Um desfile de cenas mentais passam pela minha cabeça. Demonstrações dele de afeto, carinho, ternura, desejo... tudo isso desencadeia efeitos de um enorme bem-estar no coração. Relembro as músicas bem breguinhas românticas que ouvia na adolescência, as do Roupa (todas conhecidas do meu coração) surgem como estrofes de poemas que ainda recito de cor, e nem sabia... Por onde anda o RN que nem penso mais neles? Foram "amigos" queridos, e valiam a pena as filas enormes de camarim, as idas aos longíncuos hoteis para conversas bobas... Não sinto saudades, porém. Lá para trás ficaram.

Mas quanto ao bem-estar no coração...
De repente, as dificuldades tornam-se maleáveis, ganho um novo fôlego pra tudo. No rádio, toca aquela cançãozinha brega do Luan Santana Amar não é pecado, e se eu estiver errado que se dane o mundo eu só quero você.
Rio em solêncio...
E me apego ás palavras de Pessoa, como quem olha pros lados e tenta achar, no mundo adulto, alguém ilustre, com respaldo, que tenha se sentido ridículo como eu, e me diga que não estou sozinha em estado de graça assim. Eis que lembro do poeta português quando sabiamente diz Todas as cartas de amor são ridículas!
Pois, então... Se Pessoa pode, tb me atrevo à sensação ridiculamente poética, sob os efeitos entorpecentes do amor.
Mi*


***

Textinho da Caio Fernando Abreu. Vale a pena ler...

Posso não saber nada do coração das gentes, mas tenho a impressão, de que, de tudo, o pior é quando entra a segunda parte da letra de "atrás da porta", ali no quando "dei pra maldizer o nosso lar pra sujar teu nome, te humilhar". Chico Buarque é ótimo pra essas coisas. Billie Holiday é ótimo pra essas coisas. E Drummond quando ensina que "o amor, caro colega, esse não consola nunca de núncaras."

Aí você saca que toda música, toda letra, todo poema, todo filme, toda peça, todo papo, todo romance, tudo e todos o tempo todo, antes, agora e depois, falam disso. Que o que você sente é único e indivisível e é exatamente igual à dor coletiva, da Rocinha a Biarritz.

O coro de anjos de Antunes Filho levanta no ar, em triunfo, os corpos mortos de Romeu e Julieta enquanto os Beatles pedem um Litlle Help from my friends, e a plateia ainda aplaude e pede bis (O Gonzaguinha também é ótimo pra essas coisas). 

Se é patologia, invenção cristã-judaico-ocidental-capitalista, ou maya, ego, se é babaquice, piração, se mudou através-dos-tempos, puro sexo, carência, medo da morte: não interessa. Tenho certeza que já estive lá, naquele terreno. Ele existe. (...) O que quero dizer é justamente o que estou dizendo Não estou com pena de mim. Tá tudo bem. Tenho tomado banho, cortado as unhas, escovado os dentes, bebido leite. Meu coração continua batendo - taquicardiaco, como sempre. Dá licença, Bob Dylan: It´s all right man, I´m just bleeding. Tá limpo. Sem ironias. Sem engano.

Amanhã, depois, acontece de novo, não fecho nada, continuamos vivos e atrás da felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que desta, mais infernal também, pode ser, deixa pintar. Se tiver aprendido lições (amor é pedagógico?), até aproveito e não faço tanta besteira.

Mas acho que amor não é cursinho pré-vestibular. Ninguém encontra seu nome no listão dos aprovados. A gente só fica assim. Parado olhando a medida do Bonfim no pulso esquerdo, lado do coração e pensando, pois é, vejam só, não me valeu."

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