Tentativas vãs de descrever o que me calou
Me roubou palavras e chão e ar
Me roubou de mim
E a dor some no vazio que o seu beijo preencheu
Da flor somem os espinhos
É assim o mundo que você me deu...
Não há
Sensação melhor
Não há
Sinto estar
Perdida e salva
Tentativas vãs de libertar
O sentido maior que as palavras prenderam
Quando eu disse: amo você
Em lugar de mil palavras, deixa o instinto se exercer
Deixa o íntimo silêncio percorrer só.
Apesar de ser tão claro eu não consigo entender
E apesar de ser tão imenso cabe em mim
O mundo que você me deu
Não há
Sensação melhor, não há
Sinto estar: perdida e salva
***
Porta-vozes do não dito
É natural reconhercemos fragmentos de nós dispersos em letras de canções, excertos de poemas... Parece que emprestaram os deuses a alguns seres humanos o doce dom de dizer por aqueles que se silenciam, como porta-vozes do não dito. Essa letra da Sandy, por exemplo, me descreve tb.
Eis que vivo na corda bamba de uma paradoxo: perdida e salva. E o pior... não sei como coube em mim o mundo incoerente que me deu... E vivo assim: na dor some todo o vazio que sua beijo preencheu... na flor somem os espinhos.
E a corda? Bamba... e firme como as linhas retas de uma folha de caderno. Eu não caio. E ninguém me pergunte o porquê pois os meus porque's já se esgotaram (Tantos os das perguntas quanto os das possíveis respostas). Os meus motivos pra suportar essa disparidade consomem-se e renascem de si mesmos como Fênix. Drummond, para consolo dos inquietos, diria: Existem mil motivos para se odiar uma pessoa, e uma só para amá-la. Pois... escrevo, porque as letras sao meu corrimão (=apoio, ponto de um fragil equilíbrio).
Mi-com sono e sem mais para o "doce" momento.
"Podia ser só amizade, paixão, carinho, admiração,
respeito, ternura, tesão.
Com tantos sentimentos arrumados cuidadosamente
na prateleira de cima,
tinha de ser justo amor, meu Deus?"
Caio Fernando Abreu.