segunda-feira, setembro 28, 2009

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Morro de São Paulo
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Quem mora na Bahia, sobretudo, ouve muito falar em Morro de São Paulo.
Sempre há uma amiga que foi e se encantou. Nunca ouvi ninguém falar mal de Morro. A ressalva é: tudo é demasiado caro! Por um momento, chegamos a pensar que iriam nos cobrar (em dinheiro) mesmo pelo ar que estávamos respirando, apesar da baixíssima temporada, como esta da Primavera. Mas valeu tanto a pena... Sentia-me, por vezes, como dentro de um sonho, ao lado de duas amigas da adolescência que amo com todo carinho, vendo o Sol, sentindo a Lua e tudo num clima caribenho (um pouco nebuloso, mas paradisíaco).
A lua e o sol lá pareciam maiores, mais vivazes, mais presentes (Ou era eu que estava em estado de graça?).
Penso que todo o encanto de Morro reside na sua beleza selvagem, quase intocada, ruas e vielas toscas, já que são de areia da praia, com ares de poesias de Neruda. É verdade!... Lembrei-me daquela "Teu riso", quando ele diz "Ri-te das ruas tortas da Ilha. Ri-te deste singelo rapaz que te ama".
O filme "O carteiro e o poeta" mostrou paisagens naturais da ilha italiana onde ele esteve exilado. Estar em Morro, portanto, me levou a viver, alguns dias, dentro das linhas, do poema "Teu riso".
Enfim... mesmo com a greve dos bancos que nos levou a ficar apenas com o dinheiro que tínhamos levado, tudo deu certo, o Sol chegou e nossa viagem se cumpriu. Ou melhor! Nossa felicidade, naquele momento, se cumpriu. E quanto a mim... espero entrar na sua paisagem novamente, Morro, para dizer-te, ao meu modo, que adorei conhecê-lo...
Mi*

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Outro mar
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Abro as portas pra vida
Pra ser vivida
Abro os meus braços pro mundo
Tô livre sem rumo
Fecho meu corpo pra dor
Porque ainda é cedo pra viver um novo amor
E quando essa hora chegar
Impossível não saber
Sou um rio correndo pro mar
Para alto-mar
Para outro mar.
Abri as portas da vida,
louca vida...
Abri meus braços pro mundo
Não tô mais sem rumo
Livrei meu corpo da dor
Porque chegou a hora de viver um novo amor!...
Novo amor...
Luiza Possi.

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Ruínas
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Se é sempre Outono o rir das Primaveras,
Castelos, um a um, deixa-os cair...
Que a vida é um constante derruir
De palácios do Reino das Quimeras!

E deixa sobre as ruínas crescer heras,
Deixa-as beijar as pedras e florir!
Que a vida é um contínuo destruir
De palácios do Reino das Quimeras!

Deixa tombar meus rútilos castelos!
Tenho ainda mais sonhos para erguê-los
Mais alto do que as águias pelo ar!

Sonhos que tombam! Derrocada louca!
São como os beijos duma linda boca!
Sonhos!... Deixa-os tombar... Deixa-os tombar.
Florbela Espanca, In. "Livro de Sóror Saudade"

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