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Morro de São Paulo
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Quem mora na Bahia, sobretudo, ouve muito falar em Morro de São Paulo.
Sempre há uma amiga que foi e se encantou. Nunca ouvi ninguém falar mal de Morro. A ressalva é: tudo é demasiado caro! Por um momento, chegamos a pensar que iriam nos cobrar (em dinheiro) mesmo pelo ar que estávamos respirando, apesar da baixíssima temporada, como esta da Primavera. Mas valeu tanto a pena... Sentia-me, por vezes, como dentro de um sonho, ao lado de duas amigas da adolescência que amo com todo carinho, vendo o Sol, sentindo a Lua e tudo num clima caribenho (um pouco nebuloso, mas paradisíaco).
A lua e o sol lá pareciam maiores, mais vivazes, mais presentes (Ou era eu que estava em estado de graça?).
Penso que todo o encanto de Morro reside na sua beleza selvagem, quase intocada, ruas e vielas toscas, já que são de areia da praia, com ares de poesias de Neruda. É verdade!... Lembrei-me daquela "Teu riso", quando ele diz "Ri-te das ruas tortas da Ilha. Ri-te deste singelo rapaz que te ama".
O filme "O carteiro e o poeta" mostrou paisagens naturais da ilha italiana onde ele esteve exilado. Estar em Morro, portanto, me levou a viver, alguns dias, dentro das linhas, do poema "Teu riso".
Enfim... mesmo com a greve dos bancos que nos levou a ficar apenas com o dinheiro que tínhamos levado, tudo deu certo, o Sol chegou e nossa viagem se cumpriu. Ou melhor! Nossa felicidade, naquele momento, se cumpriu. E quanto a mim... espero entrar na sua paisagem novamente, Morro, para dizer-te, ao meu modo, que adorei conhecê-lo...
Mi*
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Outro mar
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Abro as portas pra vida
Abro as portas pra vida
Pra ser vivida
Abro os meus braços pro mundo
Tô livre sem rumo
Fecho meu corpo pra dor
Porque ainda é cedo pra viver um novo amor
E quando essa hora chegar
E quando essa hora chegar
Impossível não saber
Sou um rio correndo pro mar
Para alto-mar
Para outro mar.
Abri as portas da vida, louca vida...
Abri as portas da vida, louca vida...
Abri meus braços pro mundo
Não tô mais sem rumo
Livrei meu corpo da dor
Porque chegou a hora de viver um novo amor!...
Novo amor...
Luiza Possi.
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Ruínas
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Se é sempre Outono o rir das Primaveras,
Castelos, um a um, deixa-os cair...
Que a vida é um constante derruir
De palácios do Reino das Quimeras!
E deixa sobre as ruínas crescer heras,
Deixa-as beijar as pedras e florir!
Que a vida é um contínuo destruir
De palácios do Reino das Quimeras!
Deixa tombar meus rútilos castelos!
Tenho ainda mais sonhos para erguê-los
Mais alto do que as águias pelo ar!
Sonhos que tombam! Derrocada louca!
São como os beijos duma linda boca!
Sonhos!... Deixa-os tombar... Deixa-os tombar.
Florbela Espanca, In. "Livro de Sóror Saudade"
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