terça-feira, setembro 29, 2009

Ruínas na costa baiana
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O escapismo dos românticos
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Em 2002, quando comecei a estudar o Romantismo na faculdade de Letras, no Rio, não entendia bem o porquê da referência ao "escapismo". Falava-se em prosa alienada, já que havia muita idealização nos personagens, na descrição das paisagens. Agora vejo que esses ares de alienação foram a forma que os românticos conseguiram para proteger a literatura de seus próprios mecenas, já que os patrocinadores eram também os propagadores do capitalismo, os culpados pelo recuo da natureza em prol do avanço da cidade e das máquinas.
Daí, a maneira sutil de denunciar essa nova classe que ascendia, e o faziam mediante alusões à natureza, ao ufanismo nacionalista quando valorizavam as paisagens bucólicas e o Brasil em suas origens mais naturais e menos barulhentas. Escapavam da realidade sonhando com um lugar e um tempo pretéritos.
Depois de conhecer Morro de São Paulo, agora, percebo a proposta do românticos que foi, em certa medida, defendida pelo Arcadismo também. Morro é tão bucólico e paradisíaco... Subindo aquelas trilhas rumo ao farol, pensei nos índios do Brasil, caminhando por trás da mata atlântica, vivendo debaixo daquele sol que projeta no mar cores variadas do mesmo céu.
Lá é bem diferente de tudo o que vi, pq não há nenhum centro desenvolvido. Os restaurantes e lojinhas foram construídos sobre o morro, pela dunas, e se não são dunas, não sei explicar a areia da praia por toda a parte. O fato é que visualizei, pela primeira vez, uma paisagem pouco tocada pelo homem, o Brasil indígena, o Brasil do Romantismo. Os romances (Iracema, O guarani, Caramuru) é claro!... vieram logo à minha memória... E foi maravilhoso sentir na pele esse pensamento oitocentista dos românticos, através do meu próprio escapismo, fugindo um pouco desse urbanismo exarcebado em que todos vivemos mergulhados.
Mi.


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Novo começo
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Hoje, soube que faleceu uma colega de Pós-graduação. Na verdade, conversávamos pouco, mas levei um choque por saber que alguém ainda jovem faleceu repentinamente. A Luiza nos conseguiu algumas provas de semestres anteriores, o que nos auxiliou na hora dos estudos, pq pudemos conhecer o estilo das provas de dois professores... Sempre vou me lembrar dela pelo seu altruísmo... por ela nos consolar, dizendo que o deus grego da turma não era gay como alguém comentou. Bobagem essa... mas, ao todo, compõem lembranças agradáveis que temos dela, lembraças acompanhadas por sons de sorrisos e de satisfação. Acredito que ela continue sua caminhada, ainda que por outros espaços, cujas energias não podemos ver com esses olhos que usamos aqui na terra para escolher uma fruta no mercado, uma roupa na gaveta. Desejo a ela um novo começo cheio de prosperidade. Não sei mais o que dizer em relação a isso. É sempre doloroso quando alguém vai embora assim de repente.
Mi*

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