segunda-feira, agosto 10, 2009

A cor do vento
...
No alto da montanha, ouço o som das curvas do vento. Chego à janela para tentar vê-lo, mas a ventania é invisível, impalpável. Corre de um canto a outro como uma criança levada, e somente reconheço aqueles movimentos no seu encontro com os galhos esvoaçantes das árvores, nos cabelos cumpridos e nos vestidos de pano leve que voam alto; nas roupas no varal que a dona de casa se apressa em apanhar. É assim que vejo o vento: através de outros corpos, como mensageiro alado anunciando a chegada da chuva; como um senhor apressado que bate à porta, querendo invadir nossa casa, sacudindo as janelas e os vidros a ponto de parti-los em milhões de pedaços.
É esta a cor do vento: a invisibilidade, é o incolor que se soma aos outros tons do arco-íris, que ninguém vê, mas está ali.
Hoje reconheci em mim o próprio o vento.
E o bom de ser invisível foi poder voar como ele, com ele...
Dançar em sua companhia, como aquela folha leve e seca esquecida no chão.
Mi*


No dia do aniversário
A gente às vezes tem vontade
De se esconder dentro do armário
Mas aí vem um com um beijo
Outro realizando um desejo
E aquele que está sempre atrasado
Chega super animado
Estourando um champanhe
Mesmo que eu estranhe
E não entenda muito bem
Por que tantos parabéns
Fico feliz com os presentes
Agüento melhor os parentes
E não me pergunto na hora
O que há de mentirinha
Nessa anual história
Quem me dera tanto afeto
Duas vezes por semana
Pra derreter a couraça
Pra amenizar minha gana
Congelaria se possível
Muitos pedaços do bolo
Pra durante o ano carente
Come-los como consolo.
Dias Batista.




O segredo é não olhar para trás
...
Quando era criança, adorava filmes de terror. Os anos oitenta foram mesmo o boom para estes filmes que não somam nada de bom para nossa psiquê. A sequência "A hora do pesadelo", então!... parecia o mais interessante, já que ocorria efetivamente em sonhos, o que é algo que vivemos todos os dias. Verossimilhanças e ficção à parte, o primeiro filme tem um final intrigante. No momento em que a mocinha Nancy finalmente reune forças para dar as costas para Fredy Kruger ele, simplesmente, enfraquece e some. Em vários momentos da minha adolescência, pensei naquela cena em que ela dá de ombros ao seu maior medo e, de repente, tudo fica bem, como num passe de mágicas.
Desejar que nossos mais profundos medos se desfaçam em um segundo é fantasia demais. Contudo ainda acredito na simbologia daquela cena. Para mim, o segredo é mesmo não olhar para trás. Nem para medos nem para as mágoas que nos causaram ou que causamos. De outra forma, estaríamos fadados aos pesadelos, condenados a conviver com nossos próprios Fredy Kruger's interiores, desdenhando de nós, nos perseguindo pro resto de nossas vidas, e além destas se chances houver.
Mi*

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