quarta-feira, agosto 12, 2009


Direito à palavra
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Quando vi hoje no noticiário o "Certificado assinado por Jesus Cristo", juro, quase caí para trás. A primeira sensação foi a de voltar às leituras feitas sobre a Idade Média. Eis que me vi num cenário medieval, com padres prometendo fatias do Paraíso, lotes de terrenos celestes ao lado do Criador. Fogueiras acesas, Autos de Fé, mulheres queimadas pelos seus conhecimentos medicinais. Isso tudo num breve espaço da matéria na TV.
Sugada pela realidade do século XXI, confesso o espasmo inicial seguido por um pensamento cômodo de aceitação. É triste, mas a maioria esmagadora da nossa sociedade é mesmo acomodada. A ideia de Pacifismo talvez seja uma forma de escapismo, porque "brigar" dá trabalho. Trabalho cansa. Falar, fazer são verbos que exigem demasiada ação.
Já, já, vou dormir, me enfiar debaixo de um endredom bem burguês e, no meu ostracismo, dormir o sono daqueles que nada (ou pouco) fazem para mudar o mundo. A começar pelo meu próprio... Ao menos tenho o direito à palavra e à me consolar achando que, escrevendo, estou fazendo alguma coisa.
Michelle-Blimunda.




Mãos de mistério
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Em cada texto que escrevo, reconheço vozes distintas que, por vezes, me desviam daquilo que, inicialmente, pretendi dizer. São vozes que vêm sei lá de onde e me fazem caminhar num nevoeiro. Não reconheço suas origens. Fazem dos meus passos incertos e labirínticos, de onde não consigo sair até que a escrita abandone minhas mãos e tenha cumprido seu caminho, errantemente certo. Depois de materializado este corpo para além do meu que acena para mim nas palavras, reconheço a presença da escrita em seu eterno fingimento de tentar retratar o real, sem que o possa representar propriamente.
Reconheço sua natureza imaterial, mas ao mesmo tempo visível que vem de zonas obscuras, desconhecidas, misteriosas, do mesmo lugar de onde vim e para onde certamente voltarei um dia. Psicografia? Não... Inspiração? Por vezes, poucas vezes. É a experiência da escrita promovendo mistérios que gravitam em torno das mãos.
Mi*

***

Suas crenças se tornam seus pensamentos
Seus pensamentos se tornam suas palavras
Suas palavras se tornam suas ações
Suas ações se tornam seus hábitos
Seus hábitos se tornam seus valores
Seus valores se tornam o seu destino.
('A Biologia da Crença', de Bruce H. Lipton).

Um comentário:

  1. É realmente irônico o nome de Jesus Cristo ser manchado por muitos que se dizem "seguidores" Dele. Todavia, muito mais importante que a sua opção religiosa, é no que você acredita. Existem centenas de segmentos da Religião Católica! Nem se começarmos agora chegaremos à uma conclusão...
    espero ter colaborado!

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