quinta-feira, junho 04, 2009


Vestida com sol: recheio de trevas
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Como sempre, quando me sinto demasiado sozinha, procuro visitar a folha em branco, compor ideias, mexer nas gavetas secretas, sacudir a poeira das lembranças e arejar o coração. Quase nunca, sei sobre o que vou escrever. É verdade... É como se mirasse, no escuro, um alvo sobre o qual sei pouco (ou quase nada). Sei apenas de uma necessidade imediata de respirar.
É noite e há muitas em que demoro a pegar às mãos do sono. De dia, visto-me de Sol, rio, distraio-me, vou ao cinema, ouço vozes e a minha própria. Mas de madrugada só uma fica zunindo aos meus ouvidos: passado/futuro-incerto. Por dentro, recheio-me de inseguranças por visualizar pouco (bem pouco) a iminência das mudanças, e tudo me parece escuro, trevas... Saí um pouco para conter minhas marés, verter as águas agitadas de volta ao seu lugar, contudo não demora e sei que preciso ir pra cama, voltar a deixar a poeira contornar as memórias, as gavetas ficarem intocadas e as portas do coração impedirem a ventilação. Amanhã, tento escancará-las e sentir a brisa quem vem com as palavras. Não é assim que faço todos os dias? Abro as janelas de dentro para amenizar o cheiro do mofo e controlar a nebulosidade dos medos... Para, sobretudo, controlar este eterno vai e vem das ondas-lembranças...
Mi*

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