segunda-feira, junho 08, 2009


CREPUSCULAR
...
A incerteza cai com a tarde no limite da praia.
Um pássaro apanhou-a, como se fosse um peixe,
e sobrevoa as dunas levando-a no bico.
O seu desenho é nítido, sem as sombras da dúvida ou
as manchas indecisas da angústia.
Termina com a interrogação, os traços do fim,
o recorte branco de ondas na maré baixa.
Subo a estrofe até apanhar esse pássaro
com o verso, prendo-o à frase,
para que as suas asas deixem
de bater e o bico se abra.
Então, a incerteza cai-me na página, e
arrasta-se pelo poema, até me escorrer pelos
dedos para dentro da própria alma.
Nuno Júdice.
***
P.S. Acerca da imagem:
No final de semana, em minhas romarias pelos sites de notícias, vi esta fotografia de um castelo onde seria o local de casamento de uma atriz. Achei a foto tão boa, bem feita... Quis procurar um poema que combinasse com ela e eis que li vários do Nune Júdice até me esbarrar com o "Crepuscular".

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