segunda-feira, abril 08, 2013




"Há momentos assim na vida: descobre-se, inesperadamente,
que a perfeição existe, que é também ela uma pequena esfera 
que viaja no tempo,  vazia, transparente, luminosa,
 e que às vezes (raras vezes) vem na nossa direção,
 rodeia-nos por breves instantes e 
continua para outras paragens e outras gentes."

(Saramago em "Manual de pintura e caligrafia").


***
Adoro esse excerto... Descobri-o nas leituras da época de mestrado na Uff, quando lia em demasia. Hoje tenho lido menos romances, mas guardo na minha caixinha mágica de saudades as leituras que fiz na época em que mais aprendi na minha vida, no Rio. Conheci pessoas inesquecíveis, amigas, professores, um cotidiano de paisagens exuberantes que enchiam meu coração de beleza... me sentia fazendo parte dela. Adorava passar pela Praça XV (era meu dia a dia) e ver a antiga morada da corte, sua igreja barroca, onde batizavam os seus e onde viam suas missas. Entrava em tooodas as igrejas do centro do Rio pra sentir a história diante de mim, através daqueles objetos e de toda aquela lembrança tão forte do que foi nossa sociedade até chegar aqui... Amo o Rio e sinto imenso sua falta.
Hoje, meu coração bate no ritmo baiano novamente por motivos de força maior, mas, hoje, quis "degustar" essas palavras lidas no livro de Saramago para me lembrar de mim e delas quando as li no cenário carioca, como quem prova o sabor de um doce adorado e saudoso, achado no meio de uma leitura árida e com pontuação difícil, achada de repente, como quem fazia uma trilha e se deparou com uma linda e exuberante cachoeira... Por que misturar Rio e Saramago? rsrs Lá o conheci pessoalmente e (o mais importante) conheci seus pensamentos... que mudaram minha visão egoísta de ver o mundo a partir apenas do meu umbigo...


Sinto saudades, do cheiro, da voz... de acordar pela
manhã com seu sorriso me dando "Bom dia"...
de não me querer soltar facilmente, de sentir
vontade de nada mais fazer senão ficar ao seu lado,
amando-te...

****
"No fim, tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar.
Um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas,
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...
Mário Quintana".


OBS: Eu redescorindo o Manuscrito da Sandy (Amooooooooo)

Ele e ela 
(Sandy Leah)

Ela via o mundo
Ele via o mundo
Viam sob a mesma luz
Isso é tudo e era tudo que havia entre os dois em comum
Se conheceram no inverno de 2002
No vento um prelúdio do que viria depois

Do frio
Desculpa se fez pra ele estender seu casaco nos ombros dela
O inverno então se desfez
Quando ela em troca lhe deu com o olhar um abraço

Ele era um aspirante a poeta
Ela era a inspiração
E pra ele qualquer coisa nela despertava uma canção

Ela que sempre buscava em tudo um porquê,
Com ele, bastava estar, sentir e viver...

O tempo
Voava pros dois
E nem todo tempo do mundo seria o bastante
Os dias, vividos a dois, provavam que a eternidade é só um instante...

Ela já quis ser de tudo e até sonhou em ser piloto de avião
Finalmente alcançou o céu no instante em que ele lhe pediu a mão

Três letras ela respondeu
Na mais linda música se transformou sua voz
Enfim não haveria mais qualquer fragmento de vida, vivido a só!...



Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=Wr4xni_Cb3k

Um comentário:

  1. Saramago, Quintana, Sandy: Três caminhos distintos, três visões dessemelhantes da vida, três expressões do prazer de viver e de conviver. Gostei do resultado dessa mistura.

    Um grande abraço.

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