quinta-feira, maio 03, 2012


"Nada em mim foi covarde, nem mesmo desistir: desistir, ainda que não pareça, foi meu grande gesto de coragem."

Esbarrei-me com essa frase na atualização de uma amiga no Facebook. Ela é meio azedinha, coitada, mas de vez em qdo posta bons "materiais para reflexão" (como costumo dizer). E foi refletindo sobre a tal frase que me dei conta do quão corajosa fui. Corajosa por encarar a situação: enfrentar as distâncias, sabendo de todos os riscos. Brava por retomar a mesma história de onde havia parado. E foram tantos, mas tantos anos assim. Na verdade, não sabia (nunca soube bem) de onde tirava tanta força pra superar os dissabores, as vicissitudes, deparar-me com os inconvenientes, desafetos, desagradáveis. Nossa! Já fui dormir tantas vezes mal demais. Coração doendo. Sedenta por esquecer, por odiar. No outro dia, só havia vestígios de rancor. Meu maior problema tenha sido esse talvez: não guardar mágoas. Nisso errei mais. É preciso considerar as decepções. Agirão como referências, experiências, parâmetros...
Enfim! Fui corajosa, tanto por retomar quanto por recuar. E apesar de tudo, sei... nada, nem eu mesma, vou apagar as coisas boas que houve. Sim, houve... E me marcaram como tatuagem virada para dentro. Agora, resta esperar por mais tempo. Que venha ele com sua borracha mágica... de novo. E já veio. Só não posso dizer que, em nada, valeu a pena.




Estágio probatório
(Já não me escondo mais)


Êii, Presente, chegou ao fim o prazo do seu estágio probatório. Conquistou seu lugar. As terras do meu coração estavam inóspitas a estranhos. As portas fechadas, nem por frestas conseguia enxergar qualquer possível habitante. Mas eis que, do nada, emergindo Deus sabe lá de onde (Destino? Mãos divinas?),  apareceu. O momento não poderia ser melhor. Profissão de herói, atitudes nem tanto, mas chegou, enfim. Estendeu a mão. As mãos. As duas. Veio inteiro. Sem passado. Página em branco, como fui um dia.
As portas da minha vida, de repente, se puseram semi-abertas. A decepção abriu-as de par em par. E, hoje, deixei-te pôr os pés no meu mundo. Colocar a cada dia um novo tijolinho nessa construção que, espero eu, se erga ao mais alto dos céus, ao mais largo dos horizontes. Deixei-te fazer pouco a pouco um novo ponto no bordado... Respondi aos gestos de "vem".
Convenço-me de que deve ser você.  Quero que seja. Tem regado aquela plantinha e a primavera se aproxima... Vejo-a assim quando chega perto de mim. E o que estava opaco, sem brilho, em preto e branco, a cada momento observo ganhar mais cor, mais leveza, mais ares de realidade. Um eu e você desdobrando-se...
É, sim... Chegou ao fim o seu estágio probatório! O bordado ficou bonito. Já não me escondo mais.

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