sábado, dezembro 17, 2011



Caminhos

Para quê, caminhos do mundo,
Me atraís? — Se eu sei bem já
Que voltarei donde parto,
Por qualquer lado que vá.

Pra quê? — Se a Terra é redonda;
E, sempre, tem de cumprir-se
A sina daquela onda
Que parece vai sumir-se,
Mas que volta, bem mais débil,
Ao meio do lago, onde
A mãe, gota d'água flébil,
Há muito tempo se esconde.

Pra quê? — Se a folha viçosa
Na Primavera, feliz,
Amanhã será, gostosa,
Alimento da raiz.

Pra quê, caminhos do mundo?
Pra quê, andanças sem Fim?
Se todo o sonho profundo
Deste Mundo e do Outro-Mundo,
Não 'stá neles, mas em mim.
Francisco Bugalho, in "Paisagem".

Tecendo divagações

Viajei, legal, nesta poesia...
O eu-lírico persononifica os caminhos da vida, dirigindo-se a eles, questionando a inutilidade de seus convites. E é verdade... Somos andarilhos (seja de pés fixos no chão ou flutuantes, sonhadores) que saem, como personagens aventureiros, em buscas e mais buscas de realizações. Como se os sonhos estivessem fora de nós, aquém, além... Quando estão assim.. latentes, taciturnos (sufocados, por vezes), mas sempre dentro de nós.
Mi* 

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