sábado, maio 29, 2010



Monogamia versus Evolução
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Estava asssistindo a um daqueles programas na TV Escola sobre primatas e a forma como viviam em sociedade. Para cada macaco várias fêmeas. Sendo que a ciência afirma ser este uma artimanha da Mãe-Natureza, a fim de garantir a sobrevivência da espécie mantendo mais mulheres, reprodutoras em alto potencial.

Mas não apenas nossos ancestrais vivem em poligamia. Outros animais se comportam assim. O leão tb, se não me falha a memória.
Lembrei das sociedades árabes que, até em dias atuais, se relacionam desta forma. Há dias, vi as meninas do "Saia Justa" tb discutirem que, na África, as várias esposas são amigas umas das outras, já que cada nova mulher que chega ajuda nas tarefas domésticas e elas se revesam com determinados afazeres. As antigas passam a descansar mais.
A forma como vivem refletem os diversos níveis de atrasos: tecnológico, urbano, doméstico e, consequentemente, familiar também. As pobres mulheres até riram, espantadas, da nossa cultura monogâmica, em que apenas uma mulher assume sozinha as responsabilidades do lar (filhos, comida, arrumações). "É muita solidão" talvez tenham pensando elas.
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Claro... ver essa tal reportagem me violentou muito. Faço parte de um meio social que pensa e age diferente. Aquelas lindas mulheres negras, de semblantes cansados, mereciam uma sociedade mais avançada. É isso mesmo... vendo as coisas sob este ângulo, o Brasil é bem avançado! (Graças a todos os possíveis deuses que tenham incendiado a imaginação alheia!).
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Assistir a tal reportagem serviu pra eu refletir sobre nosso país e tb acerca da vida que vivo. Respiro fundo (suspiros de um doce alívio...) sou, afinal, uma mulher do século XXI: L.i.v.r.e.
As mulheres do meu tempo podem cobrar monogamia de seus homens. Nossa sociedade dispõe de muitos avanços tecnológicos e de vários conhecimentos. Podemos ler! Viajar, criar filhos sozinhas. Quando pequena, ainda peguei a época em que as mães solteiras eram mal vistas, as separadas também. Mas hoje não! Há mulheres guardando seus óvulos e educando seus filhotes, muitas vezes, sem ajuda de um macho (mas não acho que é preciso ser assim).
O fato é que nossa independência se expandiu demasiado e eu apenas observo isso com uma alegria profunda no coração. Sorrio por todas as mulheres que quiseram viver numa sociedade como a minha, mas que não puderam.
Se pudesse, eu as convidaria para reviverem todas em mim ("Todas as mulheres são Evas", diz Saramago) e sentirem em mim esta satisfação de ser livre. Claro! Sei o qto somos livres para fazer nossas escolhas e, ao mesmo tempo, todos escravos das consequências.
E quanto à monogamia que me instigou à escrita...
Acredito mesmo que seja um avanço imenso homens e mulheres ocidentais poderem cobrar isso um dos outros, já que sabemos o quanto a poligamia traz complicações. Isso não pode funcionar mesmo, senão entre bichos primItivos. Não somos primatas. Somos homens sábios (homo sapiens) afinal!
Acima disso, abro parenteses para a certeza de que monogamia nem sempre será possível. É ingenuidade achar que será sempre em qualquer situação. Há muitas prisões ainda em que vivem mergulhadas as pessoas. Uma delas são as correntes dos sentimentos. Portanto, há ainda um ranço de hábitos antigos corroeando as vidas, mas o que se há de fazer? Seja no século I ou no XXI, biologicamente somos mesmo todos pré-históricos, embora culturalmente tenhamos progredido em nossos hábitos. No undo, porém, somos ainda apenas homens e mulheres em busca de si, do Outro e de ambos (ou mais que ambos), e, por vezes, é exatamente nesta ordem.
Mi-sem querer julgar ninguém {para não ser julgada também).


A neve e as tempestades destroem as flores,
mas nada podem contra as sementes!
(Khalil Gibran)



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Niterói, 29/05/2010

É sábado e, mais uma vez, me esbarro com o filme "Diários de uma paixão", no TNT. Novamente, me emociono. Muito. É um lindo filme. A direção, pra mim, é perfeita. É uma história de amor que encontra coerência na forma como é contada... A poesia se dilui com a fatalidade do mal de Alzheimer da protagonista. Justamente por isso o filme é tão bonito, porque conseguiu combinar realidades diferentes (boa e ruim/ fantasia e tristeza) na história de um casal. O que, de fato, é bastante comum. Lembro também da Elisa e sua querida vovozinha, com quem vi este filme no cinema há alguns anos. Saudades delas. Eternas saudades. Posto um poema do Walt Whitman, poeta que conheci através do filme.


A afeição ainda resolverá os
Problemas da Liberdade;
Aqueles que se amam
Se tornarão invencíveis.
(Walt Whitman).

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