Poema
.
Esta manhã, encontrei o teu nome
nos meus sonhos.
E o teu perfume a transpirar na minha pele.
E o corpo doeu-me onde antes os teus
dedos foram aves de verão.
E a tua boca deixou um rasto de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento
na minha camisola;
e eu despi-a para ti,
A dar-te um coração que era o resto da vida
Nem mesmo à despedida foram os
gestos contundentes: tudo o
que vem de ti é um poema.
Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo
Era de novo um trilho abandonado
na paisagem.
Sentei-me na cama e repeti
devagar o teu nome
♥
O nome dos meus sonhos;
Mas as sílabas caíam
no fim das palavras,
A dor esgota as forças.
São frios os batentes nas
portas da manhã.
Maria do Rosário Pedreira*
Just a dream
.
Vivi um sonho lindo. Estava dentro de um quadro à tinta. Havia toda sorte de cores. Vibrantes... Por todos os lados, brilhavam demasiado. Tu estavas também. Meus olhos embaçavam-se de sono. Mas pude ver-te. Percebi, claro. Tratava-se de um daqueles sonhos cônscios. Estava consciente. A vontade de te encontrar me pôs dentro da paisagem, onde as tintas grudavam em nossos pés. Quase flutuávamos enquanto tua imagem era a única nítida. Inebriantemente cristalina. Éramos fruto de letargia. Da minha. Contudo, perdi-me de mim, de ti... Sugada pelo inconsciente. No instante seguinte, ao invés de tu e eu, éramos somente a cama, eu e a luminária.
Além de uma presença discreta, mas amiúde, persistente: tu.
...
P.S. Rio de Janeiro, 2007.
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