segunda-feira, outubro 05, 2009


Os Maias (Eça de Queirós)
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De todas as leituras feitas na minha vida, sempre me refiro a Os Maias como a mais completa. Não sei se foi porque assisti à minissérie num momento desses qualquer em que estamos demasiado fragilizados. O fato é que sempre penso nesse livro, na forma como Eça descreveu Portugal oitocentista, no amor qe se cumpriu na ficção dos personagens Carlos e Maria Eduarda da Maia. Volta e meia, coloco o DVD para assitir e salto para dentro das imagens de época, completamente arrastada pelo ludismo do linguajar, dos hábitos e da moda do século XVIII. Hoje em dia, após as leituras de outros livros queiroseanos, vejo que Maria Eduarda foi a única personagem feminina, verdadeiramente, levada a serio pelo autor, no sentido de que as outras tinham sempre perfis descritos como frágeis, fúteis como a Luiza, de Primo Basílio. Maria Eduarda, não. É forte, prendada, prudente, séria, responsável, mas que vive uma relação por necessidade financeira e, diante dos encantos e instências de Carlos, se rende ao adultério após muita resistência. A prima do promíscuo Basílio era aquela típica jovem romântica, inconsequente nas suas atitudes, a adúltera arrependida. Maria Eduarda não se arrepende de nada e assume suas atitudes. Além de ser a única personagem de Eça descrita como "Deusa".



Gosto mesmo de ver e rever as cenas. De ler e reler, de me ver, por vezes, fazendo uma atividade corriqueira e me pegar, distraída, repetindo passagens do livro, como quem degusta uma fruta doce "Queres conhecer o Ramalhete?". Acho bonito esse antigo hábito de batizarem as casas com nomes assim... A toca, Ramalhete...
Também penso que, naquela época, as mulheres de toda a parte eram muitos submissas, porque assim programou a sociedade. Hoje em dia, porém, temos maior liberdade para escolhermos quem levamos conosco a um cinema sem nos preocupar muito em contratos com o ideal "Até que a morte nos separe". Mas mesmo em épocas assim mais amenas, conheço mulheres que parecem ter saído de dentro de Os Maias, porque se encontram em situações de dependência, como uma personagem de papel dessas que conhecemos em livros do século retrasado.
Vim aqui escrever para me encontrar com as lembranças da linguagem de Eça, porque acredito, mais que nunca, na escrita como lugar que reune os tempos, que reconstrói os cmainhos de volta às lembranças, acendendo-as para nós. Mesmo que seja a lembrança de um leitura que, em rigor, deveria ter menos força do que as experiências diárias.
Mi.
***
P.S. Não gosto do Belo, mas acho essa musiquinha bonita. E tem um pouco a ver com meu momento hoje.
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Reiventar
Diz que já é tarde
Que não tem mais jeito
Mas eu não aceito a decisão
Do teu coração em partir
..
Sem tua metade
Sou tão imperfeito
Tudo tem um jeito, coração
Sei que a gente pode sorrir
Juro que vou me conter
Juro nunca mais errar
..
Como eu quero te mostrar
O milagre do amor
Você me fez mudar
Tão bom te amar
Te amar
..
Recomeçar
Sem me esconder
Atrás de um ditador
Existe um grande amor
Eu sempre fui apaixonado por você
Reinventar
Resplandecer o que não apagou
em mim nada mudou
eu sei que o sonho ainda pode acontecer...
(Belo)

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