sábado, agosto 09, 2008




Filhos de tempo
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Lembrei-me, agora, daquela conhecida, e já quase clichê, frase de Ricardo Reis "queiramos ou não, passamos como um rio". São dia dos meus anos e este pensamento é uma boa visita. Estava a folhear páginas antigas do meu diário. Apraz-me ver que, há bastante tempo, venho buscando trazer um pouco de conhecimentos literários para a intimidade. Misturo-os a acontecimentos cotidianos e o resultado são: páginas-retrato do meu passado, um mapeamento interior e silecioso.
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"Passamos como o rio, o rio passa como nós..." E não me adianta fugir do deus Cronos. Cedo ou tarde, ele nos engolirá a todos, porque somos filhos do Tempo. O diário já acabou há alguns meses e tenho mantido uma relação íntima com o laptop, que tem se tornado um grande amigo. Contudo, acho, nada substitui a delícia que
É o contato com a esferográfica e o papel. Escrevendo a punho, sinto as palavras e as toco de uma Maneira como se mostrassem mais vivas. Como quando passeamos de automóvel nalgum lugar, e tudo parece cômodo, bom..., mas pisar a terra nos faz
estabalecer maior contato com o alma do ambiente. A experiência parece ser de mais intimidade. A mim, me parece ao menos!... Achei, por fim, um cantinho (dois cantinhos), em páginas distantes. Coincidiu que estão em branco, porque grampeei folhas qualquer na frente Fiz anotaçoes companheiras. É sempre uma data linda a de nossos anos. É a Vida nos dando provas de que ela venceu mais uma Batalha! Enfrentou o vento frio de mais um inverno, o calor, dos verões... Passou por cima dos resfriados que não se agravaram, da volta das festas em que se chega em paz. A Vida venceu... É isso que me vem dizer a data de agora. Adoro completar idade nova, portanto! Há sempre um frescor novo a trespassar por dento do peito. Esperanças renovam-se... Sem querer, uma doçura nova Invade o coração e tudo ganha um sentido bom. No turismo dentro das palavras vividas no diário, pousei rapidamente os olhos numa foto em que estou com a família C. no Porção de Ipanema. Passaram-se exatos cinco anos. Nem parece... É isso que nos acontece quando nos tornamos amigos do Tempo, Habituamo-nos com sua presença passando pra lá e para cá e logo nem nos damos conta de que passamos também com ele, em sua companhia. E, no final, talvez, iremos fazer parte do próprio Tempo, adentrando sua existência, sua eternidade... É dia dos meus anos, e a frase de Reis me faz cia.
Bahia, 08.08.08.

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